27. Can you feel?

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Desci as escadas, tentando disfarçar as bolsas de lágrimas em meus olhos, e encontrei os outros na sala, todos absortos em um filme na televisão. Zayn estava sentado no tapete, um raio de serenidade em meio ao caos emocional que me consumia. Silenciosamente, me aproximei e me sentei ao seu lado, buscando conforto em seus braços enquanto ignorava os olhares confusos que nos rodeavam. Ele estava ali para mim, como sempre esteve, sem questionar minhas decisões ou julgar minhas emoções. Zayn não precisava de palavras para entender, apenas me acolheu com um carinho silencioso enquanto o filme preenchia o ambiente com sua melodia reconfortante.

Adormeci em seus braços, deixando-me envolver pela narrativa do filme e pelo calor reconfortante de sua presença. Acordei e percebi que ele me colocava cuidadosamente na cama, preparando-se para deixar o quarto. Segurei seu braço instintivamente, não querendo que ele se afastasse.

"Zayn?"

Ele se virou para mim, com uma ternura nos olhos que aqueceu meu coração partido.

"Você dormiu e eu te trouxe." Sua voz era suave.

"Fica?" Pedi, suplicando.

Ele hesitou por um momento, preocupado com os julgamentos alheios, encarando a porta, mas acabou cedendo ao meu pedido. Afastei-me na cama, dando-lhe espaço para se aconchegar ao meu lado. Seus braços envolveram meu corpo enquanto eu me aninhava em seu peito, buscando um refúgio seguro em meio à tempestade de emoções que me assolava.

"Esse quarto é mais a sua cara", ele sussurrou, tentando desviar minha mente.

"Como assim?" Perguntei, curiosa por suas palavras inesperadas.

"Você é assim, descolada. Criativa. Diferente." Sua voz era calma e sincera, escolhendo cuidadosamente as palavras para me reconfortar.

"Obrigada", murmurei, tentando conter as lágrimas que ameaçavam transbordar a qualquer momento.

"Está tudo bem?" Ele perguntou, preocupado com minha hesitação.

"Estou com medo", admiti, sem forças.

"Do que tem medo?" Sua voz era um sussurro suave, carregado de compreensão e apoio.

"Eu não quero pensar nisso agora", respondi, desviando o olhar para evitar sua compaixão.

"Desculpe eu..."

"Tudo bem", interrompi, não querendo que ele se culpasse por minha dor.

"Eu posso te distrair", ele ofereceu, tentando trazer um pouco de leveza ao ambiente carregado.

"Eu aceito", respondi com um sorriso frágil, esperando por qualquer coisa que pudesse me fazer esquecer, mas o que veio foi ainda mais surpreendente. Uma canção lenta e melódica começou a ecoar baixinho em sua voz, enchendo o quarto com sua serenata improvisada. Naquele momento, cada nota era como um carinho para minha alma ferida, trazendo um momento de paz e beleza em meio à bagunça que era minha vida.

Me recostei em meus braços, perdida em contemplação por ele enquanto o observava entoar baixinho a canção no ambiente. Cada nota que escapava de seus lábios preenchia o espaço ao nosso redor, ecoando suavemente enquanto a luz da lava lamp banhava seu rosto com tons de roxo e azul. Era como se a própria atmosfera se curvasse à sua melodia, e eu não podia deixar de venerar a sensação avassaladora que ele despertava em mim. Em meio àquele momento, compreendi minha teimosia em enfrentar até o meu coração parado apenas para sentir essa sensação, para ter Zayn ao meu lado.  

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