33. Wait

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Me olhei no espelho, avaliando o novo uniforme de líder de torcida. O moletom branco e grená contrastava perfeitamente com a saia... Mas nem ferrando que eu usaria saia nesse frio. Troquei a saia por uma calça jeans, o que me fez sentir bem melhor. Afinal, ter um uniforme significava não precisar escolher o que vestir todo dia, e isso era um alívio. Coloquei minha touca branca, me protegendo do frio, e desci para o café da manhã, que, como sempre, era uma bagunça. 


Mason me levou até a escola, falando sobre assuntos comuns que pareciam passar por um ouvido e sair pelo outro. Minha cabeça estava cheia de pensamentos sobre Harry: seu sorriso, seu cheiro, seus olhos que brilhavam de um jeito especial. 


O dia parecia se arrastar até o momento em que eu finalmente o via. E, quando finalmente estávamos juntos, o tempo voava como areia escorrendo entre meus dedos. Harry sempre me levava para casa depois do trabalho, mas era só isso. Ele não me beijava muito, e eu entendia — eu mesma me sentia como se estivesse bêbada toda vez que isso acontecia. Então, acabava me contentando com um beijo de boa noite, todos os dias.

Para completar, os garotos da escola começaram a me ver como um "alvo" depois que entrei para as líderes de torcida. Era como se meu novo status fosse um convite aberto para me chamar para sair. No início, tentei ser educada, mas depois de um tempo, minha paciência se esgotou. Harper e Noel morriam de rir sempre que eu revirava os olhos ao ver mais um estranho se aproximar, como se estivesse prestes a fazer o convite mais original do mundo.Os dias se passavam: um ciclo de dias longos e noites curtas, onde as aulas, os treinos de torcida  e o trabalho, eram apenas um intervalo entre os momentos que eu realmente esperava — aqueles passados com Harry.


...

Era sábado, e eu estava na lanchonete com uma Harper claramente mal-humorada, preparando os lanches de forma um pouco mais agressiva do que o normal.

"O que foi, H?" perguntei, tentando entender o que estava a incomodando tanto.

"Você acredita que o meu pai veio me perguntar sobre garotos?" ela respondeu, com uma mistura de incredulidade e frustração.

"Na verdade, acredito sim," respondi com um sorriso, tentando aliviar o clima. "Mas o que te irritou tanto nisso?"

"Jude, eu não estou nem aí para garotos," ela disse, ríspida, deixando claro que o assunto a estava incomodando mais do que ela queria admitir.

"Eu entendo, Harper. Mas não precisa ficar tão brava por causa disso..." tentei convencê-la, mesmo sabendo que ela não se acalmaria tão facilmente.

"J... Deixa isso pra lá," ela cortou, como se quisesse encerrar o assunto antes que eu dissesse algo que piorasse a situação.

"Eu queria poder te ajudar, como você sempre me ajuda," disse, sentindo que algo mais profundo estava acontecendo.

Harper parou por um instante, então se virou para mim, sua expressão séria. "Jude, desde que você pisou nessa cidade, você sempre esteve envolvida com algum garoto. Você realmente não entende," ela falou, suas palavras carregadas de ressentimento. Parecia mais um ataque do que uma conversa.

"Harper, desculpa, eu não..." comecei a falar, mas antes que pudesse terminar, ela se virou e saiu da cozinha, me deixando sozinha com uma sensação de culpa e preocupação. Fiquei ali, paralisada por alguns segundos, tentando entender o que diabos tinha acabado de acontecer. A dor de ter magoado minha melhor amiga me atingiu como um soco. Passei o resto da manhã com Harper me evitando, e o nó na minha garganta só piorava cada vez que tentava falar com ela.

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