Saí da casa, sentindo o ar frio da noite envolver meus pensamentos confusos. Caminhei pela rua em direção à minha casa, tentando afastar o tumulto de emoções que se agitavam dentro de mim. Não queria fazer drama, mas não conseguia entender por que Harry estava tão confortável com aquela garota. A dor no peito era quase física, e eu lutei para manter o nó na garganta sob controle.
"Jude! Jude?" A voz rouca de Harry ecoou na rua. Não me virei, não diminui o passo. "Jude, espera!" Mordi o interior das bochechas, tentando segurar qualquer expressão de fraqueza. Ele me alcançou, segurando meu braço. "Jude, não é nada disso," disse, ofegante. Eu me virei lentamente, encarando-o em silêncio.
"Tira a mão de mim," falei com uma calma que não sentia. Harry, surpreso, soltou meu braço, mas o desconforto permaneceu no ar.
"Jude, eu não fiz nada," ele repetiu, visivelmente nervoso.
"Okay," respondi, forçando um sorriso. "Estou indo embora. Pode deixar minhas coisas lá depois?" tentei manter a voz firme, sem mostrar o quanto seu comportamento me irritava. Eu não era o tipo de garota que implorava por explicações.
"Não, eu vou te levar..."
"Não vai. Eu estou indo pra casa," cortei, firme.
"Posso pelo menos te deixar lá?"
"Não precisa se incomodar."
"Jude, olha, eu estava só conversando sobre o meu último ano na escola." Seus olhos imploravam por compreensão.
"Ah, tudo bem, Harry. Não é da minha conta," respondi com um sorriso forçado, tentando soar indiferente, enquanto o nó em minha garganta apertava cada vez mais.
"Deixa eu te levar em casa?" Ele insistiu, sua voz quase suplicante.
"Tá bem, espero aqui."
"Não sai daí," ele disse, visivelmente apreensivo, enquanto ia buscar o carro, olhando para trás várias vezes. Eu estava magoada, mas não deixaria que ele soubesse o quanto. Cruzei os braços, esperando. Quando ele parou o carro ao meu lado, entrei em silêncio, segurando a mochila no colo.
"Ela só estava me mostrando que pintou o cabelo desde a última vez que nos vimos," Harry tentou explicar, sua voz carregada de culpa.
"Legal, Harry."
"Você pode parar de agir assim?" ele pediu, impaciente.
"Assim como?"
"Como se não se importasse," ele respondeu, o nervosismo transparecendo. Eu deixei escapar um sorriso cínico, balançando a cabeça.
"Eu não me importo, Harry. Você me avisou que não era um bom garoto. Não foi você que mentiu para mim, eu menti." Minha voz era calma, quase serena, como o vento que entrava pela janela aberta.
"Não, Jude. Eu gosto de você. Quero ser melhor para você."
"Tudo bem, Harry. Mas não precisa se esforçar tanto... Não é como se meu coração batesse por você," menti, tentando me proteger. Ele parou o carro bruscamente, virando-se para mim com os olhos ardendo de frustração.
"MERDA, JUDE! O que você quer de mim, hein? O tempo todo você fala sobre como seu ex é perfeito, nobre, como você nunca o deixaria nem se a morte obrigasse. O que você quer que eu faça?" Ele gritava, sua voz carregada de desespero.
"Uaaau! Hoje está sendo um dia muito revelador, não é? Primeiro, você sente ciúmes de um garoto qualquer, depois flerta com a minha colega e sabe-se lá o que mais fez antes de eu chegar... Agora, grita comigo por causa do meu passado? O que vem a seguir, Harry? Vai querer me contar como ficou tão íntimo da Violet e por que não conseguiu evitá-la hoje? Sabe de uma coisa? Finalmente entendo por que Noel foi um idiota comigo... Ele aprendeu com o melhor." As palavras saíram rápidas, afiadas, enquanto a raiva que eu tentava suprimir transbordava.
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Get In
FanfictionEm meio ao encantador cenário dos anos 80, Jude Cooper se vê diante de uma trama misteriosa. As circunstancias a levam a uma nova cidade, onde ela precisa desvendar segredos ocultos do desaparecimento misterioso de seus pais e lidar com habilidades...