17. Old house

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Dei passos hesitantes, me aproximando da moça da recepção, com seu uniforme branco e um rosto amigável. Perguntei pelo Dr. Barton, mas minha esperança se murchou quando ela informou que ele estava em cirurgia.

"Sarah, não é?" Eu indaguei à moça lendo seu crachá, meus olhos encontrando os grandes olhos azuis dela. Um aceno de cabeça confirmou sua identidade. "Sarah, eu realmente preciso muito conversar com ele sobre o meu caso. Se puder, por favor, avise o Dr. Barton que Jude Campbell está aqui." Eu tentei meu melhor sorriso, disfarçando a ansiedade que corria por mim.

"Vou fazer o que estiver ao meu alcance." Depois de uma dolorosa espera de quase duas horas, a jovem retornou com sua gentileza. "Querida, pode me seguir?"

Lancei um olhar inquieto para Rudy e Mason, que permaneceram alertas. Adentrei um corredor longo e, em seguida, um consultório onde o Dr. Barton estava acomodado, suas pernas cruzadas com calma e as mãos apoiadas em um joelho.

"Com licença," a moça disse, deixando-nos a sós.

"Que surpresa, Jude. Onde esteve todos esses meses?" A pergunta do Dr. Barton me desconcertou, uma vez que eu presumi que ele estivesse em contato com o laboratório.

"Ahn, eu..." pensei por uns segundos "Como foi o meu acidente Dr.? Eu não me lembro de muita coisa". 

"Oh," o médico começou a falar, relembrando um pouco da minha condição na época, "me recordo que houve um probleminha de memória nos dias em que cuidei de você. Bem, Jude, nossa equipe foi chamada para socorrê-la no acidente. Encontramos você, como pode imaginar, sem vida devido ao afogamento pós-acidente. Lembro-me do garoto, seu namorado, que estava bastante insistente quanto à reanimação. Para ser sincero, naquele ponto, nossa equipe já não cogitava mais realizá-la, mas, para que o garoto não se sentisse impotente, seguimos adiante e, surpreendentemente, funcionou. Você deveria agradecer a ele."

"Sim Dr."

"Seus pais logo vieram até você e ficaram radiantes, apesar das limitações em sua memória," continuou o médico, refletindo sobre a dedicação dos seus pais à sua recuperação. "Eles se esforçaram muito, sempre trazendo suas bonecas, fotos e cartas. Optaram por levar você de volta para casa assim que sua condição melhorou."

"Seria possível ter acesso ao meu prontuário médico?" perguntei, esperançosa, embora tivesse minhas dúvidas sobre as respostas que poderia encontrar.

"Infelizmente, por questões burocráticas, não posso entregá-lo diretamente, mas se você pode olhar aqui no consultório e se precisar de um laudo ou informações mais detalhadas, podemos realizar alguns exames e eu ficaria feliz em fornecer," ofereceu o médico.

Peguei o prontuário por alguns segundos sem entender muito os exames e tomografias, todas aquelas descrições de escoriações, drenagem pulmonar, e episódios de desmaios. Havia um endereço do qual eu não me lembrava em um pequeno pedaço de papel, então distraí o Dr. enquanto discretamente deixei o papel cair e se perder no casaco que eu segurava no colo.

"Agradeço, Dr.," eu disse, me erguendo da cadeira com um suspiro. Sabia que as respostas não seriam tão fáceis de encontrar. "E, Dr., como eram meus pais naquela época?"

"Pergunta curiosa" ele sorriu "eram carinhosos, sorridentes, felizes pela sua recuperação, como pais comuns que amam os filhos".

"Obrigada Dr."

Caminhei como o vento até a recepção passando por Mason e Jude e indo direto para o carro. Minha memória de Zayn era clara e real. As lembranças nubladas com meus pais pareciam mais nítidas, eles me amavam e cuidavam de mim e provavelmente foram raptados por aqueles homens que me levaram.  

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