Seja Bem-Vinda, ao FAITH

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França - 1963

As primeiras semanas antes que eu arranjasse esse emprego, foram o que eu descreveria como... Complicadas.
Nem todos conseguem lidar bem com término, no meu caso eu sou esse tipo de pessoa que aceita com compreensão, mas quando eu soube o motivo, foi meio perturbador.

Duas semanas antes

- Eu quero terminar - Ele disse após largar sua bebida em cima da mesa central e me encarar.

- Espera, OQUE?!

- Olha, eu sei que pode ser estranho, mas...

- Eu nunca fiz nada para que você pensasse em terminar, o que fiz de errado, Bastien? Eu não te amei o suficiente? Aí merda! - Escondi o rosto com as mãos

- Esse é o motivo! - Ele me cortou, me deixando em choque e fazendo com que trocássemos olhares em silêncio

- O que você disse? - Eu tremia de ansiedade, as mãos a frente do rosto, enquanto ele respirava fundo antes de qualquer frase que fosse pronunciar.

- O motivo é que você, no geral, é uma pessoa boa demais para mim. Sempre coloca as necessidades dos outros acima das suas, sempre tenta provar que me ama, seja estando aqui, por cartas ou por presentes - Ele baixou a cabeça, seus olhos focados na toalha branca sobre a mesa - Sinto que não sou um porcento do que você sequer merece, quero terminar, e mesmo que isso acabe assim, vou continuar te amando, mas...

Ele se levantou antes de terminar a frase, e foi embora, deixando apenas o copo dele vazio, junto ao dinheiro para pagar por tudo aquilo.
Não sei o que me ocorreu naquele dia, mas parece que metade da minha motivação de vida se esvaiu após aquelas palavras.

De qualquer forma, isso tudo me levou a um restaurante, ia apenas beber e comer comida cara com alguns amigos, para preencher aquele vazio. Eu fiquei dias em claro tentando ligar para ele, às vezes ele atendia e implorava para que eu parasse, mas na maioria das vezes, deixava o telefone tocar.
Eu vi ele em uma das mesas, conversando calmamente com um garçom, e indo embora antes que eu tivesse uma reação. Então, após aquele dia, decidi que iria pedir um emprego naquele lugar, não diria que sou boa em cozinha, então decidi me apresentar na vaga de garçonete.

Eu consegui um trabalho curto de duas semanas, era algo simples, servir os clientes e eu podia até tocar a harpa do salão quando o estabelecimento estava semi-vazio, mas para minha infelicidade, na primeira semana ele não apareceu no restaurante, e eu ainda tinha tempo de trabalho para cumprir.

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Estava limpando uma das mesas, recolhendo os pratos e fechando o restaurante, a iluminação era mínima, conseguia no máximo ver a sombra de objetos ou até mesmo outros funcionários.

Ouvi passos indo em minha direção, sincronizados e calmos, como se o pé do mesmo afundasse ao chão a cada passo, olhei para trás, após colocar os pratos e talheres no balcão que é direcionado a cozinha.

Uma mão toca meu ombro esquerdo, e meu corpo parece se arrepiar por completo, e ao olhar mais para trás, vejo uma mulher, um pouco maior que eu, vestia uniforme branco que havia avental de mesma cor, junto a uma calça preta social, e havia um broche em sua camisa.
'Amelie Moreau, Chef'

Apetite MortoOnde histórias criam vida. Descubra agora