VI

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   "Haviam se passado cinco dias de festa. Durante esses cinco dias, aquele homem continuava a me achar em momentos que eu estava sozinho, mas Aquiles sempre aparecia para me ajudar. Não que eu não saiba me defender, mas acabei considerando isso uma perda de tempo, já que eu sei que Aquiles fará isso para mim.

   Estava quase de noite, ainda se podia ver o laranja vibrante do sol a nossa frente. De onde estavamos a vista era, particularmente, bonita. Na praia na frente do castelo, o loiro mais alto decidiu brincar com a água junto a mim antes que o dia acabe.

   Com o sol atrapalhando nossas visões, Aquiles e eu corremos de mãos dadas em direção ao mar, mesmo assim fazendo um tipo estranho de corrida para ver quem chega primeiro. Ao alcançar a água, para se gabar ele tenta me molhar e me puxar para imersão. Nosso resto de tarde acaba sendo isso. Brincadeiras, carícias e um bom clima.

   Estavamos sentados na areia, apoiados em uma rocha, um tanto eufóricos pelas brincadeiras. Naquele momento, com a lua iluminando os cabelos de Aquiles, seu tom não era quente, era brilhante e chamativo. Seu corpo molhado pela água, e quase nu, se arrepiava conforme o vento gélido soprava sobre nós. Seus olhos, antes atentos ao mar, estão fixados em mim.

   -Já está tarde, nós deveríamos voltar...-falei.

   -Ninguém vai sentir a minha falta.

   -Você é o aniversariante. Eu sentiria a sua falta sim.

   -Mesmo se eu fosse uma formiga, imagino que vc sentiria a minha falta. Eles estão bêbados, se quer sabem o porquê de estarem nessa festa.

   -Eu também não estou cem porcento sóbrio-eu bebi meia taça de vinho.

   Aquiles não respondeu mais nada, apenas continuou me encarando. Não me senti desconfortável com isso, na verdade a algo que me atraiu.

   Aos poucos ele se aproximava de mim, sempre buscando algum tipo de aprovação. Ele segurou minha mão, e me olhou de cima a baixo. Consegui escutar ele engolindo em seco. Não sei por quanto tempo ficamos olhando para a cara um do outro, e eu não sei se essa meia taça de vinho realmente tinha me embebedado, mas no momento em que ele veio em minha direção, eu aceitei os seus lábios de bom grado.

   Não sei beijar, e eu imaginava que ia ser desesperador, mas os lábios de Aquiles eram quentes contra os meus, e ao invadir minha boca com a sua língua, ele passou a ter o controle e me mostrar o que fazer. O mais alto usava sua outra mão para segurar o meu rosto e, me trazer para mais perto. Quase que automaticamente coloquei meus braços em seu pescoço, e deixei ele fazer o que queria. Sua mão saiu do meu rosto, passou pelo meu torso e terminou na minha cintura, era uma sensação diferente, não era ruim, mas foi como um formigamento estranho em meu ventre. Beijar é molhado e por mais que o loiro consiga comandar bem, ainda é desajeitado, inseguro. Com a falta de ar, nós dois nos separamos. E eu me senti gelar ao ver a cara de Aquiles.

   Ele estava em êxtase, mas conforme esse sentimento foi passando, seu rosto de tornou de uma mágoa profunda, um arrependimento.

   -Me desculpa, eu não deveria ter feito isso. Não me procure por um tempo-disse ele ao se soltar de mim e sair correndo. "

...

   Essas lembranças são simplesmente uma névoa, se passou tanto tempo que seu aniversário já acabou. Não vejo ele a 26 dias. Ainda estou deitado no quarto que originalmente era meu, já fui chamado para o desjejum, mas não tive a coragem de me levantar. Em breve começará os treinamentos matinais, e provavelmente serei punido por não aparecer.
   Passados alguns minutos, escuto um burburinho se fazer presente nos corredores, como os de um guarda conversando com outro. Me levanto da cama para escutar melhor, e não sei de consigo lidar com o que eu ouvi:

Aristos AchaionOnde histórias criam vida. Descubra agora