VII

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canônico –

·30 de outubro;
Daechi-dong, Seoul


  Depois que os capangas se foram, Yoongi voltou para o quarto, os mais velhos permaneceram por mais algum tempo no escritório discursando sobre algo que ele não tinha se quer curiosidade em saber, não se importou. De alguma forma, sabia que naquela noite, não estaria sozinho e isso lhe trazia um sentimento bom de acolhimento e segurança que chegava a lhe amedrontar, pois não era de bom feitio se apegar tão rapidamente a dois desconhecidos que possivelmente estariam lhe ceifando pensamentos, apenas por ser filho quem era. Apesar de tudo, do poder que possuía e da autoridade em relação ao seu clã, Toshihiro não era a figura mais bem quista no meio criminoso, e todos que possuíam seu sangue sabiam disso e as consequências que esse ódio pudesse lhes acarretar, e mesmo Yoongi não sendo de uma índole tão grossa quanto dos irmãos, ele também sabia que deveria ter cautela.

  Quando lhe foi dito que iria se casar, muitas coisas se passaram por sua mente e como já dito antes, ele se encheu de euforia pela notícia, mas não quer dizer que a princípio fosse esse o sentimento que lhe dominou. A verdade foi que ele ficou tão furioso, aponto de chorar de raiva e destruir metade dos móveis de seu quarto. Naquela manhã de domingo, ao findar das palavras de Toshihiro, ao lhe ouvir dizer que era o melhor a ser feito, como se não fosse ideia dele toda aquela merda, quando o pai lhe feriu tão duramente com aquelas palavras que sentiu seu coração se partir em incontáveis pedaços, apenas por ser ele uma das pessoas que mais amava no mundo, na manhã que ele se recordaria de ter ferido a face do mais velho acidentalmente, quando lhe jogou um pequeno abajur, e talvez nem mesmo ele soubesse a quantidade de palavrões que conhecia, mas naquele momento usou todos que lhe chegaram a língua, gritou, esperneou e sua raiva só crescia com o silêncio do pai, quando aquele que mais admirava o fez se sentir como uma boneca, tão semelhante a uma prostituta, uma vadia, vendido como uma mula pelo próprio pai, ele se quebrou inteiro e se afogou no turbilhão de lágrimas sangrentas que inflamaram sua pele pela dor de ser traído.

  Mas, bastaram algumas horas em meio a própria bagunça de raiva e vidros quebrados, sentindo os rastros físicos de duas semanas atrás queimando implacavelmente em suas emoções, indo além de seus ossos fraturados e os hematomas ainda tão vividos em sua pele, lhe manchando com imundície, depois de mandar Toshihiro embora e ter apenas Seokjin ali para lhe passar algum consolo, depois de aliviar a mente da pressão da idealização de estar sendo praticamente expulso de seu clã, porque o pai não conseguiria acatar suas próprias leis e dar f a tudo aquilo com uma única ordem, que ele pôde ver que aquilo não era algo realmente ruim.

  Iria para outro país, estaria longe da sua família, dos seus irmãos em especial, na companhia de dois homens poderosos, que tinha certeza que o  manteriam longe de toda a aristocracia de um clã, que não lhe forçariam a qualquer ato carnal decadente, já que aparentemente, o fato de está naquele matrimônio seria justamente, porque eles não queriam ter sexo um com um outro, mesmo que fosse cômico, pois Yoongi era um homem, e apesar de lembrar de que estaria indo para aquele país, apenas para abrir as pernas para dos desconhecidos, não lhe agradar muito, não haveria um medo real em estar na Coréia se no fim das contas, os héteros realmente não se importariam em foder com ele. Sua presença ali, era mais por medo do líder japonês do que por querer e de todo modo, ainda havia Seokjin para lhe proteger.

  Yoongi não se importaria de ser “traído” pelos maridos, não os amava, era apenas um contrato, desde que não lhe maltratassem ou fossem escrotos consigo. Ainda sim, ele era apenas um menino de vinte anos, sem conhecimentos extensos de relações sociais de qualquer tipo, que não possuía alguém mais próximo que Seokjin em toda sua vida e tão pouco saberia lidar sozinho com o mundo. Ele se apegou aos homens, não era amor, isso era certo, o sentimento se assemelhava a carência, talvez fosse por seu atado de fragilidade ainda em cadência. Apesar de saber que na maior parte das vezes, estavam encenando aquele carisma, em outras poucas ele sentia verdade, como quando Taehyung lhe fez companhia na sala de estar e até mesmo conversou consigo, tão interessado no que dizia que não podia ser falso, ou quando se fizeram muro na presença de Yamamada, como se para lhe proteger de um mal que não conheciam, mas que lhe deixava em guarda por instinto. Não podia evitar, era um traço seu se afeiçoar com tanta facilidade.

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