VIII

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primeiro passo: incisão

·14 de julho;

Ilha de Ōsumi, Japão

 

  As Ilhas Ōsumi, são um conjunto de ilhas que fazem parte das ilhas Ryukyu no noroeste do Oceano Pacífico e que pertencem ao Japão, e lá era onde se localizava a Casa Kumo, posse do clã Min e residência de Min Yoongi há mais de quinze anos. Numa ilha pequena, onde uma construção primorosa no estilo Minka, variada em seus tons de azul e branco, tomava forma no véu do horizonte; simples e detalhista, envolta de vegetação verde, água salgada e escondida dos prováveis inimigos. Cercada por seguranças e longe de qualquer civilização humana, apesar de está também ser povoada, completamente isolada. Torna-se praticamente impossível entrar naquele lugar e passar despercebido pelas dezenas de homens armados dia e noite.

  Era ali, onde o caçula da Yakuza se mantinha afastado de todos os demais membros da família, onde Toshihiro o escondia do perigo que eram seus próprios irmãos e garantia que estivesse bem, mesmo longe de seus olhos.

  Foram poucas as vezes que Yoongi deixou aquele lugar, apenas quando foi realmente necessário, como em raras reuniões de família, tirando isso, ele não saia daquela ilha por nada. Convivia com professores e empregados, mas estes nunca lhe dirigiram mais que uma premissa de palavras, tal qual lhes fora ordenado. Eram amedrontados e nunca ficavam muito tempo, sempre estavam mudando, não tinha como se apegar a eles; a única figura carinhosa que possuía era Kim Seokjin, o homem que estava consigo a quase treze anos e fazia de tudo para lhe manter a par de tudo que acontecia mundo a fora, cuidando e zelando por sua segurança e sendo um bom amigo antes de tudo. O Kim era capaz de qualquer coisa por si, e ele sabia não ser apenas porque era seu trabalho, o guardião fazia por que realmente se importava.

  Ali, o garoto possuía tudo que poderia querer do mundo exterior, seu pai fazia questão de compensar toda aquele cárcere, e corriqueiramente algumas vezes por mês, recebia a visita do próprio. Comumente este estava na companhia de outras pessoas, que Yoongi nunca sabia os nomes, mas possuíam uma áurea semelhante a do seu progenitor, eram do mesmo mundo, partilhavam os mesmo interesses.

  Sendo pessoas de diversas nacionalidades e sotaques, indetalhavéis em aparência, porém, tão cheios de seguranças quanto seu pai. Não se estendiam em diálogos consigo, apenas sendo o mais cordial possível, como se o garoto fosse um lorde. E durante esses encontros soturnos e rápidos, na espreita, como um saqueador estudando seu plano de crime, o garoto frequentemente ouvia aquelas conversas secretas atrás da porta, Seokjin sempre ao seu encalço. Era um curioso e com tão pouco convívio com outras pessoas, era sempre um evento extraordinário vê-los passando pelos portões da propriedade Kumo. Com isso, eventualmente ele sabia de muitas coisas, sobre muitos lugares e muitas pessoas, que ele não conheceria a fisionomia, mas lembraria dos nomes, algumas vezes poderia ter até seu histórico em mente. Nenhuma vez foi pego. Mantinha tudo aquilo para si e o guardião.

  Naquela semana específica, Toshihiro adiou sua visita ao filho mais novo, não se estendeu nos motivos, apenas disse que era algo importante e que precisaria resolver alguns assuntos em outro país, mas que brevemente estaria de volta. Yoongi não estranhou, não seria a primeira vez que acontecia, mas diferente da outras vezes, daquela em especial ele se recordaria com amargor pelo resto da vida, pois foi naquela semana que tudo que tinha e não sabia que deveria ter zelo, se perdeu e ele se fadou a um casamento poligamico com dois desconhecidos, em um outro país, longe de tudo que conhecia.

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