Brigas

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Ele acordou como se uma cidade inteira tivesse desabado em cima dele. Absolutamente tudo machucou Draco; os braços, as pernas, sua garganta doía por ter gritado, os olhos doíam de chorar, a cabeça por seu cansaço, seu peito era o epicentro do martírio e tinha dificuldade de respirar por causa dos curativos, embora preferisse não poder respirar bem que sentir que algo se quebrou dentro dele.

Ele se levantou com um grunhido e esticou todos os músculos ao se levantar do beliche. A dor o deixou de mau humor, Ginny não estava na cama dela, o que o fez franzir a testa.

Ao sair para o convés descobriu que se a ruiva já tinha se levantado era porque devia ser muito tarde. Na verdade, o sol já estava quase alto no céu. Quanto tempo ele dormiu?

— "O que faz aqui?"

Ele se virou para encontrar Potter olhando para ele como se ele tivesse enlouquecido.

— "Tenho que ajudar Neville na cozinha" – ele respondeu com evidência na voz.

— "O que você tem que fazer é descansar."

Draco estreitou os olhos. Alguns dias atrás, essa conversa teria sido o contrário.

— "Porque?" – ele perguntou desconfiado.

Se o moreno fosse falar o que ele pensava que iria dizer, eles teriam um problema.

— "Porque você está ferido."

Ele havia dito isso.

— "E?" – ele rosnou – "Todo mundo está trabalhando."

— "Mas eles não têm três costelas quebradas." – o capitão retrucou.

— "Não tenho nada quebrado" – ele corrigiu. – "Ron também está ferido, as mãos de Dean estão queimadas e ainda assim eles estão trabalhando".

— "Ron é meu primeiro oficial e Dean é o piloto. Eles são essenciais. Neville pode passar um dia sem você ajudá-lo a descascar batatas."

Draco virou os olhos para o horizonte. Algo naquela frase o machucou. Eles foram essenciais, porém ele não ocupou nenhuma função relevante ali. Bom, eles poderiam deixá-lo encalhado em qualquer porto e o Phoenix continuaria navegando. Ninguém sentiria falta dele. Potter não sentiria falta dele.

— "Acho que, capitão, descascar batatas não vai me matar" – ele murmurou com os dentes cerrados.– "Então irei trabalhar, mesmo que não seja essencial".

Algumas horas atrás, ele ficou feliz em vê-lo vivo e agora, em vez disso, só queria quebrar seu rosto. Ele ouviu o outro suspirar, mas não disse nada, então tomou seu silêncio como uma afirmação. Ele se virou, por muito tempo sem querer ver o rosto do moreno.

Ginny cruzou seu caminho até a cozinha. A garota tinha um sorriso brilhante no rosto, Draco a invejou por um momento. Ele gostaria que ele também estivesse tão feliz e não com raiva ou com dor.

— "Você teve uma noite ruim?" – ela perguntou, entendendo.

— "Tive dificuldade em acordar" – bufou.

— "Não se preocupe, atracaremos em breve. Em casa temos muitas coisas para dor" – disse a ruiva

—"Em casa?"

— "Sim. Estamos indo em direção a Ottery St. Catchpole." – ela afirmou.

Ele assentiu, olhando em volta para ver se havia uma atmosfera feliz no navio. Na verdade, se prestasse um pouco de atenção, poderia ouvir os gêmeos cantando uma música. Agora entendo porque todos estão tão radiantes.

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