Capítulo 4 - Artefato

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— Cheguei! — Toge apareceu lindamente na porta do quarto que Sukuna e Megumi dividiam. Franziu o cenho ao ver uma criança deitada em uma das camas. — Chefe, você não pode sequestrar crianças! — Entonou horrorizado.

Sukuna olhou para ele de forma indescritível, se perguntando o que diabos havia na cabeça daquele ser humano.

— Essa é a Emília, irmã mais nova da última vítima e uma espécie vidente. — Toge abriu a boca surpreso. — Aparentemente ela viu o que aconteceu. Já sabe o que fazer, né? — Arqueou uma sobrancelha.

— Deixa comigo. — articulou um "ok" com o indicador e o polegar.

"Os últimos dias tem sido emocionantes, anjos, demônios..."

Toge invadiu as memórias da criança, se sentiu horrorizado com cada detalhe. Ele estava de pé, em uma celebração fúnebre, ao seu lado estava uma pequena criança chorando compulsivamente, Emília ficou parada vendo o irmão de longe, parecia estar juntando coragem para se aproximar. Ouviu o respirar fundo e então ela foi até ele, um passo de cada vez.

 A pequena Emília tocou a mão fria do irmão, e de repente o cenário mudou, se viu com ela em uma casa velha e arrumada, viu o irmão de Emília sobre uma cama, se debatendo como se estivesse preso por cordas invisíveis. Então uma mulher se aproximou, um sorriso perverso nos lábios e olhos púrpura brilhantes.

Toge viu a pequena garotinha cobrir a boca em pânico, os olhos marejados de terror e seu coração se apertou por ela. Era tão pequena e foi obrigada a ver aquela cena tão forte. O platinado voltou a observar e anotar todos os pontos relevantes sobre aquela cena.

Quando a intrusão da menina ao passado terminou, ela caiu de joelhos no chão, chorando compulsivamente. Toge se retirou das memórias dela.

— Temos algo? — Sukuna indagou.

— Um local e um rosto. — Toge sorriu. — Primeiramente vamos visitar aquela casa velha por onde passamos enquanto vínhamos para essa vila.

— Muito bem, organize a equipe, vamos partir em uma hora. — Ordenou. Toge assentiu e saiu do quarto.

Megumi foi até a garotinha, segurou sua mão e continuou a transmitir conforto para ela. Sukuna se viu na obrigação de encarar aquela interação, era como se cada gesto daquele anjo tivesse o propósito de afastar o mal, a tristeza e a negatividade, como a encarnação do amor e do cuidado.

*

— Tem certeza que é aqui? — Maki franziu o cenho olhando para a construção decrépita e lamentável.

— Absoluta. — O platinado afirmou.

— Formação! — Sukuna cruzou os braços e esperou que cada agente tomasse seu lugar, fechando um círculo ao redor da pequena casa. — Consigo sentir o fedor de sangue... — Sussurrou para si mesmo. O rosado deu um passo para frente, seguidos de outros até que sua mão girou a maçaneta e empurrou a porta.

Adentrou o pequeno corredor, já conseguia sentir as irregularidades no ar. Maki e Megumi vieram logo atrás, Toge ficou do lado de fora para guiar os agentes. Um riso sinistro ecoou por todo o espaço preso entre as paredes finas.

— Faz tempo que não recebo visitas. — O tom malicioso de uma jovem mulher carregada de discórdia, estava no topo das escadas para o segundo andar, usando um vestido tradicional, olhos puxados e coloridos, lábios vermelhos, cabelos longos e sorriso cruel. — A última vez que me visitaram por vontade própria foi para esmagar o meu coração. — Riu.

Megumi estremeceu, como um ser puro, os sentimentos intensos dela estavam lhe afetando mais do que achou que afetariam.

— Tem nem um café para as visitas? — Sukuna debochou.

Penas de CristaisOnde histórias criam vida. Descubra agora