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0.6

𝐇𝐞𝐧𝐫𝐲

Me aproximei do moreno, que parecia nervoso com a proximidade.

- Quem você pensa que é hein? - Perguntei ele colocando o dedo sobre seu peito.

- Quem VOCÊ pensa que é para falar assim comigo? - ele disse tirando meu dedo de onde estava.

- Não sou eu que fico observando o novato por onde ele passa. - disse cruzando os braços.

- Eu não estava te observando. - ele disse com um tom de deboche cruzando os braços também.

- Fodasse. Mais porque você fez aquela brincadeira comigo ontem? - disse o encarando

- Ué, não gostou? Pensei que gostasse de homens, barbie. - ele disse com um sorriso sacana no rosto.

- Eu? Parece que é você quem está obcecado comigo, Ken. - disse me afastando dele.

- Eu não estou obcecado por você! E além do mais eu não sou que nem você, Barbie. Eu sou homem. - ele disse com os braços abertos quase gritando para que eu escutasse.

[...]

Minhas aulas já tinham acabado, e hoje era dia de futebol. Odeio minha vida. 

Segui em direção ao vestiário. Ouvindo a voz dele. O idiota. Exatamente, o Alex.

𝐀𝐥𝐞𝐱

Estava conversando com uns meninos quando Henry chegou.

- Olha só quem é? O novato. O que lhe concedo a honra?- disse ajoelhando no chão e fazendo saudação como se ele fosse um príncipe.

- Vai se fuder. - ele disse passando por mim e colocando sua mala no chão. Começando a tirar sua roupa.

- É melhor falar direito com o capitão. - disse me levantando com um tô de provocação na minha fala.

Henry virou para mim com fogo nos olhos.

- Ou se não o que? - Henry disse se aproximando.

De algum modo meu corpo gostou daquela aproximação, pedia mais contato com o loiro. 

- Olá gente! Prontos para o primeiro treino do ano? - o treinador disse animado 

- Me esperem lá fora que eu já vou - ele disse pegando o seu telefone que não parava de tocar.

Todos nós assentimento e fomos para o campo. Todos em silêncio, com um climão no time por causa da minha quase briga com o Henry.

Ficamos uma hora treinando. Até que o treinador disse para jogarmos um jogo. Só para brincar mesmo.

Fiquei no gol. Até que eu não estava indo mal. 

Henry estava com a bola, pois seu colega de equipe o passou.

Ele estava se aproximando então me preparei parar pegar.

O loiro chutou a bola com força, me fazendo me jogar para o lado. A peguei com facilidade.

- Aw, não foi desta vez né? Até que para uma barbie como você, você joga bem- disse me levantando e chutando a bola para meu colega de equipe.

Logo vi só a escuridão e cambaleei para trás. Henry havia me socado.

-Mas que porra é essa? - disse me segurando na barra do gol e com a mão no rosto. 

- Não meche comigo seu filho da puta. Você pode ser o bam bam bam do colégio mais eu não tenho medo de você. Você mereceu. - ele disse.

Percebi que seus olhos estavam marejados. Por mais que estava sentindo dor, também estava sentindo culpa. Não sei o porque tratei ele dessa forma. Mas como o trataria? O cara que eu imaginei chupando meu pau horas atrás? O que está na minha mente 24horas por dia? Ele havia me enfeitiçado. Eu sei que sou hetero. Mais esse garoto não sai da minha cabeça, está me deixando confuso por uma coisa que eu não deveria estar.

Era pra ser só uma brincadeira. 

𝐇𝐞𝐧𝐫𝐲

Eu menti. É óbvio que eu tenho medo dele. Tenho medo de que com suas provocações se espalhem, e que todo mundo me chamasse de afeminado. Eu sou. Mas eu não posso ser. Isso não poderia chegar nos ouvidos do meus pais. Eles nunca aceitariam. Eu não posso ser, nessa vida não. Ou, eu não tenho vida.

Corri para o vestiário com os olhos marejados. Finalmente poderia chorar.

Sai correndo para o último chuveiro do vestiário. Tirei meu uniforme e entrei. Liguei o chuveiro e sentei no chão. Comecei a chorar desesperadamente com o sentimento de que nunca poderia ser eu mesmo.

Ouvi um barulho de porta abrindo parando de chorar na mesma hora.

- Henry? Você tá aí? - Era a voz de Alex. Apenas continuei em silêncio.

Não poderia deixar me reibaxar por ele, ou assim perceberia que suas provocações me afetavam e faria o ver que estava certo em relação a isso. Faria certo. O provocaria de volta. Se ele acha que eu sou o único afeminado, irei provar que não. Ele vai sofrer com as consequências. Eu farei ele virar a barbie.