Capítulo 2

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A hora de entrar nos padlocks de nível chegou. Era o momento onde tudo iria começar, nosso momento de glória! Eu e meus colegas de equipe Mewtwo, Azulmarill, Decidueye e Lapras estávamos prontos para entrar. Aquela vitória era mais pessoal do que tudo para mim, seja pelos meus amigos, seja pelo desafio que aquela mulher me enviou, seja por estar à frente do mundo. Claro que, independente do resultado, ainda seríamos lembrados por todos como uma das equipes mais incríveis do jogo, mas ir tão longe e perder não parece certo para mim. Não, não é certo e nunca será! Nós precisamos vencer.

— Preparado? — Mewtwo, Sarah, chama minha atenção por meio de seus poderes psíquicos.

— Pode apostar que sim. — Penso com empolgação, sabendo que ela irá escutar. Para ver sua expressão, viro o rosto e a encaro de canto.

— Veremos se seus planos malucos para esta noite irão dar certo. — Ela me responde enquanto seu rosto forma um pequeno sorriso.

Sarah. As vezes eu sinto como se já tivesse ouvido esse nome muito antes de sequer conhecer essa mulher de pele roxa. Será que nossos passados já se cruzaram e eu apenas não sei? Ou será que tem mais segredos escondidos debaixo de todo esse mistério em forma de capa que ela veste? De toda forma, eu irei descobrir. Não desisto nunca.

— Jogadores, se preparem! — Uma voz ecoa pelo padlock.

Então era hora de lutar, hora de vencer. Nossos níveis são zerados e alguns de nós, incluindo a mim, voltamos a nossas evoluções primordiais, o que significa que eu volto a ser um eeev, mas ainda com meu corpo humano. Conto com cuidado os segundos; Não passam nem 15 segundos antes de as portas se abrirem e os jogos terem início. Meus colegas e eu saímos correndo a toda velocidade para dentro da arena, com exceção a Sarah que fica flutuando. Nossa, ainda consigo fazer piadas no meio do jogo. Que coisa incrível! Totalmente inútil, mas ainda incrível!

E o jogo tem início de verdade. Dois para cima, dois para baixo e um para o meio. A divisão perfeita. No meio do caminho existem pequenos robôs que simulam nossas antigas formas primitivas, robôs que temos que derrotar para receber pontos de experiência para evoluirmos.

Comigo está Sarah; sempre estamos juntos; eu ataco de perto e ela de longe, uma dupla perfeita. Nós atacamos os primeiros robôs e conseguimos chegar ao meio da parte baixa no nível 3 de 15 níveis. Preciso chegar ao nível 4 para evoluir. Do outro lado temos mais dois que também estão fazendo o mesmo que nós. E nossa batalha física começa, eu por baixo e Sarah por cima, me dando cobertura enquanto defende a nossa base. Ela é ótima em sua defesa, mesmo sendo uma atacante. Ironicamente, sou um defensor, mas faço bem meu papel de atacante quando a situação pede por um atacante.

E o jogo segue. São exatos 20 minutos de partida, mas uma equipe sempre pode dar o "forfeit", uma forma de desistir. Ninguém vai desistir a menos que a derrota seja certa, e ninguém vai aceitar uma derrota tão facilmente.

A luta estava equilibrada nos primeiros 5 minutos. Ninguém chegava à base de ninguém graças às grandes defesas, mas mesmo as melhores defesas podem ser quebradas, e a nossa foi quebrada por uma pessoa em especial: Moriah. Usando de suas técnicas fora do normal de ilusão, ela enganou nossos atacantes e fez seus primeiros pontos, 36 ao todo. Estávamos em desvantagem por 36 pontos, o telão alertou.

— Merda! Essa garota é boa. — Sarah exclama com dificuldades por estar em um combate.

— Mas nós somos mais! — Reforço antes de empurrar aquele que me segurava no chão e o jogar em frente a uma bola psíquica de Sarah. Foi um golpe perfeito, um golpe que o fez desmaiar.

Quando chegamos ao nosso limite, somos trazidos de volta para uma sala médica onde somos tratados de nossos ferimentos e voltamos para o combate segundos depois. Baseado em quanto dano recebemos e em quantas pokébolas de poder nós perdemos, essa demora pode ser maior ou menor. Sobre as pokébolas de poder, estas são medidas por uma pulseira em nossos braços direitos que nos permitem pontuar para destruir as bases deles.

Um deles estava apagado e o outro sozinho. Era nossa chance de atacar. Fomos para cima como loucos e o derrubamos, enviando-o para o centro médico. Enquanto se tratava, pontuamos 40 pontos cada um. Como o limite da base era de 80 pontos, a base quebrou na hora que terminamos. Estava tudo a nosso favor agora.

— Mas que coisa incrível! — Gritou o narrador. — Eles estão virando o jogo!

O jogo estava apenas começando. Após nossa pontuação, a equipe adversária ficou apenas mais agressiva conosco, mas nós também não ficamos mais leves com eles. O jogo foi se intensificando. Era sangue e suor para todos os cantos. 7, 19, 78, 49, 24, os pontos se somavam em cada lado. Estávamos vencendo, mas apenas por 78 pontos. Eles já tinham perdido 4 bases, mas pontuar na última base era um pesadelo por esta ficar do lado do padlock de lançamento, ou seja, era fácil de sermos derrotados. Eu precisava de mais se eu quisesse fazer o que eu tanto queria com a Meowscarada.

— Sério isso?! No meio do jogo e você pensando em sexo?! — Sarah gritou para mim.

Ambos perdemos a atenção naquele momento, o nosso erro. Dos céus veio o ataque de um Dragonite, algo que derrubou nós dois com o impacto que causou ao bater contra o chão. Me recuperei rápido, mas Sarah não. Eu pude ver o momento em que ela foi eliminada pela primeira vez em todo o jogo. A aquela altura do jogo, não tinham mais ressurreições milagrosas; ela estava fora do jogo, por minha culpa. Minha culpa. Não, eu não podia perder e dar esse desgosto para ela.

O amor nos faz fazer coisas impossíveis, mas o ódio também te move de um modo inexplicável. Movido pelo ódio, me movi e derrubei os dois que estavam na minha frente, mesmo sendo quase impossível de o fazer. Agora eram apenas 4 contra 3, mas não seria fácil. Porém, ainda tinha mais uma coisa ao meu favor, a "Jogada final". Quando faltam exatos 4 minutos para o final do jogo, um grande robô em forma de Rayquaza aparece no meio do campo de batalha. Vencer esse robô dá vantagens, e quais são elas? As vantagens são que, além de um escudo protetor, ganhamos mais 100 pontos cada um, isso sem contar nos 200 pontos adicionados pelo próprio robô. Apenas nesse momento nós podemos segurar 100 pontos, sendo o nosso limite básico o de 50 pokébolas de poder. Nós nunca chegamos a precisar da jogada final para vencer um jogo, mas era a nossa chance, a minha chance de fazer dar certo.

Eu corri para o centro do campo e fiquei aguardando pelo momento ideal para poder sair do meu esconderijo e assim atacar. Sabia que os meus colegas iriam fazer o mesmo. Mas foi apenas quando me escondi que notei algo: tinha me livrado dos dois atacantes deles, ou seja, eram apenas dois defensores e Moriah. Agora eu precisava tirar Moriah do jogo se quiséssemos vencer. Vamos Draco, pense! Você estudou o modo de jogo de Moriah, você sabe como ela joga. E como ela joga? Usando a estratégia dos outros contra eles. Sim, a nossa estratégia para os a Jogada final é se esconder e atacar. Merda! Ela vai atacar quando tudo parecer limpo! Mas onde ela vai estar?

Enquanto pensava em como responder ao modo de jogo de Moriah, ouvi um barulho nos arbustos ao meu redor. Então parece que a nossa felina estava caçando, não? O medo de não saber por onde ela virá me deixa ansioso, olhando para todos os lados enquanto penso em como agir. Droga, o que devo fazer?! Enquanto ainda pensava em como agir, ouvi e vi os arbustos atrás de mim se moverem de um modo diferente, como o de quem se aproxima. Então era ela, mas um ataque direto? Óbvio demais, mas também uma boa estratégia se o objetivo dela for dar a impressão de ser óbvia demais. Pelas costas ou pela frente? Mas que decisão. Agora eu estava preso e sem ajuda. Mas eu não estou mais fazendo isso por mim apenas, estou fazendo por todos que dependem de mim. Eu não posso errar.

Eu joguei toda a minha confiança na hipótese que ela iria vir pela frente ao invés de pelas costas. Com meu punho fechado e toda a minha força depositada em um único golpe, eu joguei meu braço para frente a toda a velocidade na esperança de não acertar o vento. A próxima coisa que eu senti após o golpe foi a sensação quente do meu punho tocando em algo igualmente quente e duro, além de ouvir um grunhido alto de dor. Após o golpe, eu me levantei e me aproximei para ver o que tinha acertado. Era Moriah. Rapidamente eu a finalizei ali mesmo e deixei ela fora do jogo. Eram apenas dois agora.

Não teve outro jeito senão a nossa vitória. Quando os dois últimos chegaram para a Jogada Final, eu e meus colegas os deixamos sem saídas e os derrotamos ali mesmo. Com a derrota deles, corremos para o Rayquaza e o derrotamos para pegar os pontos. Com os pontos em nossa posse. Os pontuamos e conseguimos uma diferença de mais de 600 pontos. Mal dava para acreditar que nós realmente tínhamos chegado às finais e que as tínhamos conseguido vencer! Mas isso era apenas uma parte dos problemas. Agora eu precisava me reconciliar com a Sarah e ainda pegar meu outro prêmio, Moriah. Mas primeiro, Sarah. Ela é mais importante do que qualquer foda que eu possa dar.

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