Seis

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Eu não conseguia me lembrar da última vez que passei uma noite de sábado sozinho. Era como se toda a minha rotina tivesse sido quebrada, começando com minhas corridas matinais com Harry.
Algo havia mudado nos últimos dias e agora havia um peso invisível entre nós. Começou numa de nossas corridas, quando ele parecia quieto e distraído, e acabou se abaixando no chão quando sentiu cãibras. No café da manhã, ele claramente estava irritado, mas foi fácil entender: ele estava lutando contra alguma coisa. Estava irritado como eu, como se estivéssemos lutando contra a força de um imã que parecia nos puxar para um lugar diferente.

Um lugar fora da zona de amizade.

Meu celular vibrou na mesa de centro, e eu quase dei um pulo quando vi a foto de Harry na tela acesa. Tentei ignorar o quente zumbido que senti ao ver que era ele quem estava ligando.

– Oi, Hazz.

– Venha para uma festa comigo hoje – ele disse simplesmente, pulando qualquer cumprimento tradicional. Era o sinal clássico de seu nervosismo. Ele fez uma pausa e depois acrescentou num tom de voz baixo: – A não ser que… merda, hoje é sábado. A não ser que você esteja com uma das suas não namoradas.

Ignorei a segunda pergunta implícita e considerei apenas a primeira, imaginando uma festa numa sala de conferência no departamento de biologia da faculdade, com garrafas de refrigerante de dois litros, salgadinhos e docinhos.

– Que tipo de festa?

Ele ficou em silêncio por um instante do outro lado da linha.

– Uma festa de estreia de uma nova casa.

Eu sorri ao telefone, cada vez mais desconfiado.

– Casa de quem?

Do outro lado, ele soltou um gemido de rendição.

– Tá bom, certo. É uma festa numa república da faculdade. Um cara do meu departamento e seus amigos acabaram de se mudar para um apartamento. Tenho certeza de que é uma espelunca. Eu quero ir, mas quero que você vá comigo.

Rindo, eu perguntei:

– Então vai ser uma festa de república? Vai ter barril de cerveja e Baconzitos?

– Draco – ele suspirou. – Não seja tão esnobe.

– Não estou sendo esnobe – eu disse. – Estou apenas sendo um cara de trinta anos que já passou do tempo da faculdade e agora considera uma noite de farra quando consegue convencer o Viktor a gastar mais de mil dólares numa garrafa de uísque.

– Apenas vá comigo, prometo que você vai se divertir.

Suspirei, olhando para a garrafa de cerveja quase vazia na minha frente.

– Eu vou ser a pessoa mais velha nessa festa?

– Provavelmente – ele admitiu. – Mas tenho certeza de que também vai ser o mais gostosão.

Tive que rir, e depois considerei minha noite sem essa opção. Eu tinha cancelado com Pansy, mesmo sem saber exatamente por quê.

Isso é mentira. Eu sabia exatamente a razão. Eu me sentia estranho, como se talvez estivesse sendo injusto com Harry ficando com outra pessoa quando ele parecia estar se dedicando tanto a mim. Quando eu disse para Pansy que precisava desmarcar, eu sei que ela percebeu algo na minha voz. Ela não perguntou a razão, nem tentou remarcar para outro dia, como Astória faria. Suspeitei de que eu não dormiria mais com essa morena em particular.

– Draco?

Suspirando, eu me levantei e andei até onde tinha deixado meus sapatos, ao lado da porta da frente.

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⏰ Última atualização: Apr 19 ⏰

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