Capítulo 4- Noite de Cólicas

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Capítulo 4: Noite de Cólicas

Quatro dias se passaram desde que o pequeno bebê caiu de paraquedas na vida de Evangeline, a noite caiu sobre a cidade mais uma vez, trazendo consigo uma escuridão densa e uma serenidade incomum. Evangeline estava exausta após um dia cheio de preparativos para a reunião com o advogado e os cuidados com a bebê. Ela ansiava por um momento de descanso, mas sabia que a noite reservava desafios ainda maiores.

Enquanto embalava a bebê nos braços, ela sentiu uma inquietação se formando em seu estômago. A bebê estava agitada, chorando e contorcendo-se de dor. Sabia que eram cólicas, um desafio comum para bebês tão pequenos, mas isso não diminuía sua preocupação.

Com cuidado,  levou a bebê para o quarto e a colocou no berço que havia comprado no dia anterior. Ela acendeu uma luz suave e começou a tentar acalmar a criança, fazendo movimentos suaves e murmurando palavras reconfortantes. No entanto, os soluços da bebê continuavam ecoando pelo quarto e aumentando a angústia de Evangeline.

A noite parecia se estender interminavelmente enquanto tentava de tudo para aliviar o desconforto da bebê. Ela a embalava, cantava canções de ninar, trocava sua fralda e até tentava massagear sua barriguinha delicadamente. Mas nada parecia trazer alívio à pequena.

Evangeline sentiu-se impotente diante do sofrimento da bebê. Ela desejava poder tirar a dor da criança, mas sabia que não havia nada que pudesse fazer além de estar lá, oferecendo conforto e apoio.

Enquanto a noite avançava, a preocupação aumentava. Ela se perguntava se deveria ligar para um médico ou ir ao pronto-socorro, mas hesitava com medo de parecer excessivamente alarmista, ou de tirarem a criança dela visto que ainda não tinha uma guarda provisória e a linda menina só estava com ela ainda pois o orfanato da cidade estava lotado e eles não tinham condições de receber um bebê tão pequeno. No entanto, à medida que os choros da bebê se intensificavam, ela sabia que precisava agir.

Com determinação, pegou o telefone e ligou para a linha de assistência médica 24 horas. Ela explicou a situação da bebê ao atendente, sentindo-se ansiosa enquanto aguardava por orientações.

Depois de uma longa conversa com o atendente, a ruiva recebeu algumas sugestões sobre como aliviar as cólicas da bebê. Ela seguiu as instruções à risca, administrando pequenas doses de medicamentos recomendados no atendimento, comprados em uma farmácia de plantão e entregues por um motoboy e aplicando calor suave na barriguinha da bebê.

Por um tempo, parecia que as medidas estavam surtindo efeito. A bebê começou a se acalmar, seus soluços diminuíram e finalmente ela se entregou ao sono. Evangeline suspirou aliviada, sentindo um peso sendo tirado de seus ombros.

No entanto, sua sensação de alívio foi interrompida por um pensamento inquietante. Enquanto observava a bebê dormir tranquilamente no berço, ela foi tomada por uma sensação de familiaridade.

Ela olhou para o rostinho sereno da bebê e foi como se visse uma sombra do passado refletida ali. Uma lembrança distante começou a emergir em sua mente, trazendo consigo um turbilhão de emoções e perguntas sem resposta.

Ela fechou os olhos por um momento, tentando se concentrar na sensação. Ela revirou as lembranças de sua infância, procurando por pistas que pudessem explicar a sensação de déjà vu que a consumia.

De repente, como um raio de luz atravessando as nuvens escuras, a verdade se revelou a Evangeline. Ela abriu os olhos com surpresa, incapaz de acreditar no que acabara de perceber.

A bebê nos braços dela não era apenas uma criança qualquer. Ela era um presente divino, para sua alma solitária, ela era muito parecida com ela, podendo ser um elo perdido que agora tinha sido encontrado. E, apesar de todas as incertezas e desafios que ainda estavam por vir, ela sabia que estava destinada a cuidar dessa criança com todo o amor e dedicação que uma mãe poderia oferecer.

O Vinculo inesperado: Entre Chuvas, Memórias e LaçosOnde histórias criam vida. Descubra agora