Algum tempo se passa, e então Gin desce do quarto com Kyoka. As duas garotas, uma de cabelos curtos e negros e a outra com longos fios escuros, vão até Ryunosuke, que estava concentrado no celular.
— Ni-san — Gin chama o irmão mais velho com um leve toque de impaciência na voz.
— O que você quer, pirralha? — Ryunosuke, o adolescente de feições sérias e cabelos escuros, responde sem tirar os olhos da tela do celular.
— Não fala comigo assim, seu chato! Vou dizer pro Dazai-ni depois que você ficou mexendo no celular o tempo todo! — Gin rebate, cruzando os braços de forma desafiadora.
Ryunosuke a olha com seriedade, mas sua expressão era de leve cansaço.
— O que você e sua amiguinha querem, Gin? — Ele pergunta, com uma ponta de irritação na voz.
— Eu quero mostrar para ela aquela foto no parque. A Kyoka quer ver o gatinho que nós achamos. — Gin explica, com uma leve impaciência infantil.
Kyoka, a pequena de olhos grandes e curiosos, olhava para o irmão de Gin, segurando seu coelhinho de pelúcia com firmeza.
— Por que vocês não vão fazer outra coisa? Por que querem o meu celular? A culpa é sua por ter esquecido o seu! — Ryunosuke resmunga, sem esconder o incômodo.
— Não foi você que pagou pelo celular! — Gin rebate, erguendo o queixo com firmeza. — Foi o Dazai-ni!
— Mas ele deu pra mim, então se vira! — Ryunosuke mostra a língua para a irmã, em uma provocação típica de irmãos mais novos.
— Gin, seu irmão não vai mostrar a foto? — Kyoka pergunta, a voz suave refletindo a expectativa de ver o gatinho.
— Não, porque ele é chato! — Gin responde, cruzando os braços e soltando um suspiro frustrado. — Vamos... — Ela começa a andar, balançando a cabeça em desaprovação.
Chuya, observando a interação dos dois irmãos, percebeu como Dazai parecia ser o centro de tudo na vida deles, o irmão mais velho que organizava e cuidava dos menores. Parecia que o pai deles estava ausente há bastante tempo. Até o momento, Chuya não tinha visto nenhum dos dois ficar bravo com Dazai; pelo contrário, eles pareciam nutrir um profundo carinho pelo irmão. A forma como se referiam a ele, quase como uma figura paterna, intrigava Chuya.
Ele se aproxima de Ryunosuke, agora mais consciente da dinâmica familiar.
— Oi, Ryunosuke. Posso me sentar? — O ruivo pergunta com um tom amigável, tentando não interromper o momento do jovem com seu celular.
— ...Sim... — Ryunosuke responde com uma leve hesitação, mas sem levantar os olhos da tela.
Chuya se senta ao lado do garoto, seus olhos azuis estudando as expressões do mais jovem.
— Então, há quanto tempo o pai de vocês está viajando a trabalho? — Chuya pergunta casualmente, mas seu tom é carregado de uma curiosidade genuína.
O garoto de expressão séria finalmente desvia os olhos do celular, encarando Chuya com surpresa.
— P-por que a pergunta? — Ryunosuke gagueja, visivelmente desconfortável com o assunto.
— Bem, eu só queria saber. Porque seu pai não parece muito presente. — Chuya responde com cuidado, tentando parecer mais como um amigo interessado do que alguém investigando.
— Ah... só há alguns meses... — Ryunosuke mente, desviando o olhar para evitar a expressão questionadora de Chuya. — Mas ele geralmente volta a cada trimestre, sempre manda dinheiro para nós. Às vezes ele passa algumas semanas em casa, mas ele não fica muito...
O jovem Akutagawa apertou os punhos, tentando suprimir a raiva e a tristeza que aquele assunto sempre trazia. Se seu pai não os tivesse abandonado após o incidente, Dazai não teria que trabalhar tanto e deixar os irmãos sob os cuidados de amigos. Ryunosuke odiava mentir, mas sabia que não podia sobrecarregar ainda mais o irmão. O medo de acabar em um orfanato também era uma preocupação constante. O pouco dinheiro que o pai enviava a cada semestre era a única prova de que ele ainda estava vivo e ciente de onde os filhos estavam.
— Então, é o Dazai que cuida mais de vocês? — Chuya pergunta, agora mais consciente da ausência paterna na vida dos Akutagawa.
Ryunosuke esboça um sorriso, como se as palavras de Chuya trouxessem uma memória reconfortante.
— Sim... Ele sempre cuida da gente, de mim e da Gin. Ele sempre foi um irmão incrível e aceitou a gente sem mais nem menos. Não sei o que seria de nós dois sem o Dazai-ni.
— Huh... O que você quer dizer com "aceitou vocês"? — Chuya pergunta, agora mais intrigado.
— Ah! É que nós não somos irmãos de sangue. — Ryunosuke solta, pegando Chuya de surpresa. — Quer dizer, eu e a Gin somos, mas o Dazai-ni é nosso irmão adotivo. Os pais dele nos adotaram. Naquela época, ele tinha 9 anos. Eu tinha 7, e a Gin 4.
Ryunosuke continua, sem perceber o choque nos olhos de Chuya:
— Quer dizer... Eu acho que foi mais fácil para ele nos aceitar porque ele também foi adotado antes. Ele nunca nos falou muito sobre isso, mas quando tinha 6 anos, foi adotado pelo nosso pai. Então, acho que era fácil para ele entender como nos sentíamos, já que o mesmo aconteceu com ele.
Chuya ficou pensando por alguns segundos, processando a nova informação. Ele não sabia nada sobre esse lado da vida de Dazai. Olhando para a forma como os irmãos Akutagawa falavam do irmão mais velho, Chuya ficou impressionado. A vida de Dazai não parecia ter sido fácil. Ele havia sido adotado por algum motivo, provavelmente por ter perdido os pais em uma idade muito jovem. E agora, sem o pai adotivo presente, que sempre estava viajando, Dazai assumia a responsabilidade de cuidar dos irmãos.
Chuya imaginava como Paul e Kouyou se sentiam naquela situação. Eles também cuidavam dele e de Kyoka. Apesar de Chuya ainda ter sua mãe viva, ele a odiava. O pai de Kyoka não era um homem bom. Mas, pelo menos, Paul e Kouyou eram figuras paternas para os dois, apesar de serem irmãos. Pelo menos um dava atenção e carinho ao outro, algo que parecia faltar na família Akutagawa.
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BSD - School AU
FanfictionDazai é um ator em ascensão que começa em uma nova escola junto com seus dois irmãos. Ele está animado, pois, depois de muito tempo, finalmente conseguiu matricular seus irmãos em uma boa escola, e sente que sua vida está finalmente melhorando.