Elis Cardoso é uma investigadora da polícia que viu sua vida mudar totalmente em apenas um ano com a morte de sua irmã mais velha.
Agora Elis tenta criar a sobrinha junto de sua irmã mais nova, e após uma mudança de prédio e uma ligação de madrugada...
"Socorro, eu ainda estou no restaurante Ainda estou sentada em um canto que passei a assombrar De pernas cruzadas na luz fraca Eles dizem: Que visão triste"
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Elis
Hoje é dia das mães, o dia mais melancólico do ano.
Marjo queria passar uma tarde comigo e com Rita, ela disse que queria ter um dia das mães com as mães que criam ela.
Então dessa vez fizemos diferente, mas algo estava tão errado.
Levar Marjorie no túmulo de sua mãe e o de sua vó sempre foi doloroso.
Angústia.
Acordei angustiada, algo pesado que comprimia o espaço entre meu crânio e meu cérebro sentindo minha pele queimar com aquilo, eu, Rita e Marjo fomos ao mercado de forma igual e ainda algo queimava sob a minha pele.
Peguei as frutas favoritas de nós três igual sempre fiz.
Peguei os doces e tudo o que eu precisei.
E ainda sentia aquela bombinha fazendo tic tac.
Sabe aquele chiado que a corda da dinamite faz antes de causar a explosão?
Nesse momento eu estou na janela observando o movimento, olho mais atentamente na rua e vejo alguém parado do outro lado da calçada, olhando diretamente pra mim.
Olho cada vez mais atentamente e sinto que conheço aqueles olhos.
Olhos de enigma.
Olhos de labirinto...
Respiro fundo e saio rapidamente do quarto.
Rita havia acabado de arrumar Majorie, estávamos prontas para ir ao cemitério, Marjo disse que o nosso dia começaria depois do cemitério, e nós concordamos.
Chegamos em dez minutos no cemitério, havia um bouquet de peônias em minhas mãos enquanto Marjo carregava as tulipas lilás que sua mãe tanto gostava.
Chegamos aos túmulos, ainda é doloroso, eu via uma mãe que foi arrancada brutalmente da chance de cuidar de seus filhos, ainda não decidi se isso era sobre minha mãe ou Gal.
Minha mãe foi brutalmente assassinada, e Gal foi perdendo o brilho aos poucos graças ao câncer.
E ambas haviam nos deixado cedo, Marjorie tinha um ano e sequer lembrava da risada de sua mãe, Rita tinha só 8 anos.
Gal era a síntese de todas as coisas boas e simples do mundo.
Ela nos criou depois da morte da nossa mãe, ela se quebrou em um milhão de pedaços pra conseguir ter o direito de pelo menos não ficar longe de nós.
