Sem empate - KTH +JJK

PASSING SHOT - 1

O "passing shot" é uma jogada que desafia as expectativas e desmonta a estratégia de qualquer adversário. Não é uma habilidade que qualquer um domina facilmente. Essa jogada é executada geralmente quando o jogador adversário tenta se posicionar na rede para interceptar a bola e ganhar o ponto. Ela pode ser executada de três maneiras:

Primeiro, o retorno rápido, que como o próprio nome sugere, consiste em devolver a bola tão rapidamente que o adversário mal tem tempo de reagir. Segundo, a rebatida angular, que envolve tentar direcionar a bola para fora do alcance do oponente, criando um ângulo amplo e difícil de alcançar. E por último, a menos utilizada, mas a favorita de Jeongguk: O blefe.

O blefe é a variação mais complexa e exige uma dose significativa de astúcia. O jogador simula uma jogada em uma direção, levando o adversário a se posicionar de acordo. No último momento, o jogador rebate a bola na direção oposta, pegando o adversário desprevenido.

Este exato momento foi capturado na cena que se repetia na televisão de Jimin, enquanto um frustrado Taehyung descansava os pés sobre suas coxas, soltando uma série de reclamações em um tom de voz cada vez mais chateado. As palavras que fluíam de sua boca finalmente cessaram por alguns minutos, à medida que o canal esportivo, após alguns protestos por parte de Taehyung para que Jimin tirasse do canal de fofocas de celebridades, reprisava mais uma vez aquele instante crucial do jogo.

Apesar de sua frustração aparente, Taehyung havia acompanhado a jornada de Jeongguk por meio da transmissão ao vivo. Desde a classificação para a disputa internacional até o enfrentamento real. Mesmo através da tela da televisão, Taehyung conseguia identificar detalhes singulares, como o tom avermelhado do nariz de Jeongguk, um reflexo do clima gélido da Rússia, onde ele havia viajado duas semanas antes para participar do campeonato.

Ele compreendia profundamente a magnitude daquele momento para qualquer jogador. Aquela era a estreia internacional de Jeongguk. Um marco que carregava consigo um misto de nervosismo e expectativas. Sem muita dificuldade, Jeongguk havia chegado à semifinal do evento.

Um sorrisinho reapareceu nos lábios de Taehyung enquanto ele assistia pela segunda vez a transmissão da câmera filmando o rosto perplexo de Jeongguk ao marcar o ponto da vitória. Tudo havia sido bastante acirrado, era perceptível. O russo, finalista contra quem Jeongguk competia, manteve o ritmo do outro. Rebatia com força sempre para o fundo da quadra.

Taehyung testemunhou quando uma careta de irritação surgiu no rosto de Jeongguk após o oponente usar a mesma técnica que Jeongguk havia empregado cinco meses antes para vencer Taehyung na quadra: O amorti. Logo em seguida, durante a transmissão, uma cena estranha se desenrolou. A careta de raiva de Jeongguk transformou-se em surpresa, seguida por um sorriso e um riso inexplicáveis. Ele deu de ombros, como se o ponto do adversário não lhe importasse, preparando-se para iniciar outro set.

Cinco meses haviam se passado desde que Jeongguk o derrotara na quadra. Cinco meses desde que uma medalha sem seu nome, que não representava sua vitória, estava pendurada na cabeceira da cama de Taehyung. Cinco meses de manhãs em que acordava e o brilho dourado com um grande "26 de janeiro" lhe saudava.

No entanto, havia dias em que o brilho dourado cedia espaço para algo mais profundo e pessoal. Em algumas manhãs, quando Taehyung se revirava sob os lençóis macios, os primeiros raios de sol iluminavam uma cena diferente. Um emaranhado de cabelos negros como a noite, sedosos ao toque, parecia dançar ao redor do travesseiro.

E então, como uma melodia familiar, um resmungo sonolento quebrava o silêncio, acompanhado pelo movimento suave do corpo de Jeongguk enquanto ele se aninhava mais perto de Taehyung. Os olhos sonolentos se abriam lentamente, encontrando os de Taehyung com uma mistura de preguiça e ternura. Era um ritual silencioso e íntimo que se desenrolava em algumas manhãs.