Capítulo 40.

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2024.

Narrador.

As horas dentro do carro a caminho de casa foram longas e tortuosas, repletas de dúvidas e tantos receios que por vezes Lena quase convenceu a si mesma de mandar a motorista dar meia volta para casa e fingir que nunca teve nenhuma ideia maluca de voltar para a cidade outra vez, mas felizmente estava travada demais durante toda a viagem para conseguir falar algo ou tomar quaisquer decisões que fosse.

A morena se esforçava para fazer todos os exercícios de respiração e de concentração qur havia aprendido para se manter calma, os mesmos que a psiquiatra lhe disse para fazer todas as vezes em que precisava sair de casa, o que foi extremamente necessário nesse momento. Até algum tempo atrás até mesmo andar na calçada era apavorante, era um passo genuinamente grande entre sair para um café pela primeira vez sozinha e voltar para a cidade onde viveu todos os maiores traumas de sua vida, mas também era o lugar onde todas as pessoas a quem mais amava lhe esperavam.

Foram as três horas de espera mais longas de toda a vida, e nesse tempo houve a oportunidade de pensar em todas as possibilidades possíveis. Se imaginou sendo renegada por sua namorada, também se imaginou sendo proibida de ver a própria filha por ter lhe abandonado, mesmo que tenha se esforçado para acreditar no que a Alex disse sobre não se tratar de abandono, apenas um afastamento necessário para o bem de todos.

Enquanto ela imaginava todos os piores cenários possíveis, a algumas horas de viagem dali, havia uma loira desesperada desde que ouviu aquela mensagem no seu correio de voz.

Ouvir aquelas palavras foram o suficiente para deixá-la apavorada com a ideia de que Lena estava prestes a voltar para casa e, ainda mais, grávida. Durante aqueles meses não houve um único dia em que a Danvers não imaginasse a namorada voltando por aquela porta, em que não tenha imaginado tê-la em seus braços novamente, poder sentir seu cheiro e beijar seus lábios dos quais sentiam tanta falta. Mas agora que isso havia finalmente se tornado real, era apavorante. Lena sempre foi alguém imprevisível, ela é instável e as vezes muda completamente, por que dessa vez seria diferente? Quais as chances de que ela voltasse com reais intenções de reatar seu relacionamento? Será que ambas estavam prontas para isso?

Repleta de dúvidas, Kara fez uma anotação mental de que seria cautelosa e tomaria todo o cuidado quanto a presença e o relacionamento com a ex namorada. Ex? Bem, a quem estava querendo enganar mesmo? Ela sabia bem que não teria forças para se controlar e não se jogar aos braços da morena assim que a visse pela primeira vez, com o coração afogado em saudades.

- Senhorita Luthor? - A motorista precisou chamar pela terceira vez, acordando-a de seu transe. - Nós chegamos no endereço que me deu. Já tem. . . Cinco minutos.

- Oh, sim. Claro. Me perdoe. Já vou sair. - Havia se distraído olhando o jardim de casa exatamente como estava na última vez em que esteve lá. A bicicleta de rodinhas, o balanço, a casinha com escorrega, um misto de cores em um contraste engraçado em comparação a casa com uma construção tão chique e com cores neutras. - Obrigada por me trazer.

- Não foi nada, senhorita. Precisa de ajuda com alguma bolsa? - Destravou as portas e fez menção de descer.

- Não, não precisa. Eu só trouxe uma. - O que não era mentira, já que carregava uma única bolsa de ombro.

Logo a morena desceu do carro e foi impossível não passar algum tempo parada ali, encarando a faixada da casa como quem encarava seus próprios demônios em um espelho. Estava com tanto medo que precisou manter as mães cerradas para não deixar os tremores tomaram conta de seu corpo, afim de não acabar desmaiando de tanto desespero e pânico de ser renegada por sua própria família.

Recomeço. - SUPERCORP.Onde histórias criam vida. Descubra agora