Capitulo 16.

210 19 8
                                    

2014.
Flashback.

Lena.

Não saberia dizer em que momento eu desenvolvi atração por garotas, talvez a partir do momento em que minha visão do sexo masculino foi completamente distorcida e prejudicada desde criança. Ou talvez eu já tenha nascido assim. De qualquer forma, isso nunca foi um problema para mim. Eu nunca me questionei o motivo de ter pôsteres da Avril Lavigne, Julia Roberts e da Kate Winslet nas paredes do meu quarto, e não do Zac Afron, Joseph Gordon ou os irmãos Sprouse. Nunca me cobrei respostas e muito menos me censurei, apenas nunca tive meu interesse desperto por alguém.

Minha amizade com Samanta existe desde que eu me lembro. Nós nos conhecemos graças às nossas mães, que começaram a frequentar o mesmo shopping em algo depois dos anos 2000. Eu não faço ideia de quantos anos tínhamos na época, minhas primeiras recordações vinham só depois, na pré escola, na época em que nossa dupla se tornou um trio. Quando Alex foi adotada por Sam ao nosso grupinho, eu passei a ter que dividir minha melhor amiga. Isso nunca foi um problema tão grande já que nós sempre íamos a casa uma da outra e assim eu sempre a tinha só para mim.

Quando eu comecei a sentir coisas estranhas por minha melhor amiga, aos 15 anos, não demorei nada para entender que eu não era heterossexual e muito menos fiquei em negação, então simplesmente decidi testar se eu realmente sentia esse tipo de atração. Eu me envolvia com um pessoal "diferente" devido ao consumo de álcool e cigarro. Minhas festas de adolescentes eram diferentes das que garotas da minha idade costumavam frequentar, então as oportunidades não eram poucas. Não foi difícil encontrar garotas que também gostavam de garotas, e que fossem mais experientes que eu.

Foi só vestir um par de roupas curto e justo, perguntar ao Finn onde seria o encontro aquele fim de semana e então eu já estava na casa de algum garoto que vi uma ou duas vezes na vida, bebendo alguns drinks, jogando algum tipo de jogo onde tínhamos que acertar a bolinha no copo com cerveja. Foi divertido, mas eu precisei parar por já estar sentindo minha cabeça rodar.

—  Fala aí, Leninha!  —  Uma das mãos de Finn pousou em meu ombro, e eu já sabia o que ele queria. Não, não é isso. Acontece que Finnian é um dos garotos mais populares da escola e da cidade, era amigo de todo mundo, então volta e meia estava fazendo aviãozinho de informações pra mim.  —  Você não vai acreditar quem tá te chamando pra fumar um bolado lá em cima, no quarto do Jimmy.

—  Quem? E quem é Jimmy mesmo?  —  Dei um bom gole em minha bebida para terminar logo aquele copo, olhando ao redor. Perto das escadas tinha uma loira olhando para nós. Eu não enxergava bem de longe já que odiava usar óculos e minha cidade era fria demais para manter olhos saudáveis usando lentes de contato.

—  Você já tá doidona, né? O Jimmy é o dono da casa, besta.  —  Me sacudiu levemente pelos ombros e eu voltei minha atenção ao garoto em minha frente.  —  Se liga, eu vou confiar que você tá suave pra ir lá. O nome dela é Sara Lance. Não fala nada da gente, beleza? Ela acha que todo mundo aqui tem pelo menos 18.

Deu um tapinha em minha bunda e eu sequer tive tempo de processar aquela informação antes de ser empurrada em direção às escadas. Eu estava com um pouco de vergonha, mas essa não era eu. Esse estilo de garota inexperiente, tímida e vergonhosa não combinava nada com o meu estilo. Deixei meu copo no caminho e então cheguei na mulher como quem não queria nada, ela parecia meio deslocada alí, mas era igualmente linda.

—  Sabe. . . Meu cigarro acabou e já são o que? Duas da manhã? Acho difícil achar um mercado aberto por aí. Tem algo aí para nós?  —  Ela era mais alta, e tinha um cheiro enlouquecedor. Céus, eu com toda certeza era algo. Lésbica? Sei lá. Mas alguma coisa eu era.  —  Aliás, eu sou Lena.

Recomeço. - SUPERCORP.Onde histórias criam vida. Descubra agora