Capítulo 24.

199 22 17
                                    

2024.

Kara.

Muita coisa havia mudado nas semanas seguintes desde minha briga com Alex e o pedido que fiz a Lena. Para mim, cada vez mais perto das competições, mal havia tempo para estudar e muito menos para ficar em casa. Meu relacionamento com o meu pai e com Alex havia se tornado cada vez mais escasso e eu sabia que não era minha culpa. Bom, talvez parte dela. Jeremaiah estava furioso porque eu dormia praticamente todas as noites fora, a noite era o único momento que tenho com minha namorada já que trabalhamos o dia todo, e eu estou sempre lá para ajudar com os cuidados noturnos de Lilian porque a enfermeira vai embora as nove.

Ela me ajudou a comprar um carro e assim eu podia transitar melhor entre a faculdade, os treinos, o restaurante e a mansão Luthor. Lena e eu brigamos a respeito disso, mas ela estava irredutível por acreditar ser perigoso que eu continuasse me transportando de bicicleta, e eu não consigo resistir aquela carinha brava dela, acabei por ceder com a condição de que eu lhe pagaria o valor aos poucos, já que era quase impossível pra mim devolver todo aquele valor de uma só vez.

Aquela noite eu fui buscar umas roupas em casa porque eu já não conseguia mais dormir sem minha namorada, e ela é bem persuasiva para me convencer a dormir lá todas as noites. Por isso, já estávamos praticamente morando juntas, dividindo as tarefas de casa e com a recuperação de Lilian, ela estava melhorando muito desde que acordou do coma mas ainda precisava de ajuda para se locomover devido a paralisa de um lado do corpo. Lena a ajudava com a fisioterapia, vez ou outra eu ouvia ela falando ao telefone durante algumas das sessões, mas eu nunca cheguei a perguntar quem era. Estava pensando em perguntar quando chegasse lá, mas fui arrancada de meus pensamentos quando ouvi a porta de meu quarto sendo aberta violentamente.

—  O que é isso? Essas bolsas? E essas roupas em cima da cama?  —  Não foi difícil notar que meu pai estava bravo, e eu nem precisei me virar.  —  Vai viajar?

—  Não, papai. Eu vou passar um tempo na casa de uma amiga minha, a mãe dela está debilitada e ela precisa de ajuda em casa.  —  Eu precisava omitir o fato de estar namorando, mas não por ser um namoro, e sim por ser uma mulher.

Eu não lembro a última vez em que tive um momento em família com Alex e o papai, e só muito tempo depois eu descobri em um de seus momentos bêbado que ele havia deserdado ela por ser uma "lésbica maldita". Não tenho dúvidas de minha sexualidade, com certeza não sou lésbica, mas sei que para ele isso não faz diferença. Mas estava tudo bem, eu não via problemas em esconder isso, era melhor do que perder um bom pai.

—  Uma amiga é? Ou o desgraçado que está te bancando, hein? Uma filha lésbica nojenta e uma vagabunda vendida, onde foi que eu errei?  —  Senti sua mão segurar fortemente meu pulso, com tanta força que ao ser puxado eu senti um estalo e quase chorei na frente dele.  —  Você vai devolver aquele maldito carro e desfazer essa porra dessa mala antes que eu faça isso.

—  Pai, me solta. Por favor. O carro é meu, eu recebi um aumento. Nós não temos muitas despesas com a casa, eu estou conseguindo pagar as prestações sozinha. Por que está fazendo isso?  —  Tentei puxar meu braço, mas não funcionou.  —  Para com isso! Eu não tenho ninguém, só estou sendo uma boa amiga.

—  Você não vai a canto nenhum, Kara Danvers. Pare de ser tão malcriada antes que eu te deixe de castigo. A Cat vai adorar que eu te deixe um mês sem treinar.

—  Você não pode fazer isso. Eu pago pelos meus treinos, trabalho e coloco gasolina todos os dias para ir e voltar, não falto um dia na faculdade.  —  Com um pouco mais de força eu conseguir puxar meu braço de uma vez, mesmo que isso provavelmente tenha custado o movimento de meu pulso e feito lágrimas rolarem em meu rosto.  —  Já chega! Por que está agindo assim, pai?

Recomeço. - SUPERCORP.Onde histórias criam vida. Descubra agora