𝙲𝚄𝙿𝙸𝙳𝙾 |25

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Seus cachos dançavam com o vento enquanto suas mãos enluvadas acariciavam a terra ao redor da linda flor.

Minha mãe era a mulher mais linda do mundo. Sempre pensei assim ao ver o mesmo sorriso doce estampado em seu rosto quase 24 horas por dia.

— O jardim vai ficar lindo para o Natal! — Exclamei empolgada, entregando o regador rosa para ela.

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  Eu queria esquecer aquele Natal. Se soubesse, nem teria perdido meu tempo preparando o jardim.

  As lembranças estão cada vez mais presentes. Amaldiçoo minha tia por ser a culpada disso, pois odeio lembrar.

  Meu celular vibra, fazendo-me levantar da cama e calçar meus sapatos para ir para a escola. Já estava pronta há muito tempo, devido aos meus pesadelos constantes que não me deixam dormir por muito tempo.

  O clima ensolarado estava estranhamente agradável. Não costumo gostar, pois me obrigo a usar roupas mais curtas e mostrar minha pele extremamente branca. Ninguém nunca falou nada de mal, mas eu mesma criei essa insegurança em mim.

  O som da buzina de um carro me assusta uma quadra antes de chegar na escola. Olho em volta e vejo apenas um Audi R8 branca parada ao lado da calçada, a poucos metros de mim.

  Reconheceria aquele carro em qualquer lugar.

  E como esperado, de lá sai Alan Cook, vestindo calça jeans e uma camiseta cinza de mangas curtas. Sem pensar muito, viro-me e apresso meus passos em direção à escola.

— Não fuja. É com você que quero falar, Lana. — Sua voz estava calma e alta, mas ignoro e continuo andando.

  Até que uma mão forte agarra meu pulso e eu posso sentir a mesma me puxando para trás.

  Como foi que ele se aproximou tão rápido?

  Alan me fita com seus olhos verdes que me causam raiva. O garoto era alto, mas seu semblante calmo não deixava brechas para que eu me intimidasse.

— Me solta! — Puxo meu braço de volta, ignorando os outros sentimentos e deixando a raiva falar por mim.

  É o melhor que posso fazer.

— Eu sei que você está brava, e com razão, mas pode pelo menos me escutar? — Suplica passando os dedos entre os cabelos loiros escuros.

— Não. — Afirmo, recuando dois passos para trás.

  Mas ele se aproxima novamente e suspira. — Por que você está agindo assim? — Questiona desconfiado.

— Por que estou agindo assim? — inclino a cabeça para o lado, indignada com o seu questionamento — O que você queria? Que eu ignorasse tudo o que fez e escutasse todas as suas mentiras mais uma vez?

— Você não sabe do que está falando, Lana. Quantas vezes vou ter que dizer que não menti para você? — Insiste, aproximando-se e encarando-me intensamente.

— Você pode dizer isso mais de mil vezes, mas não será o suficiente para me fazer acreditar. — Afirmei de forma seca. —  Você é um completo idiota, Alan. Um idiota mentiroso!

— Eu não tenho culpa se você mentiu para si mesma sobre as minhas ações iniciais. — Ele coloca as mãos nos bolsos.

  Fico perplexa com a sua acusação. Sim, eu menti para mim mesma, ignorei todos os seus malditos erros porque estava cega, mas admitirei isso? Claro que não! Ele é o babaca, ele será culpado até pelo que não fez, e ninguém vai me impedir de fazer isso.

INDELÉVEL-"Querido Diário" de Lana Berger Onde histórias criam vida. Descubra agora