— É a primeira vez que vou na casa dele e ainda posso levar minha melhor amiga junto, isso não poderia ser melhor! — Exclama Charlotte animada, enquanto eu tranco a porta.
Estávamos agora em frente à minha casa, em meio à noite fria, aguardando para irmos à casa de Erick para um jantar. Eu inicialmente não aceitaria o convite, mas a conversa com minha tia está mexendo comigo, e quem mais poderia me dar informações senão a melhor amiga dela quando morava aqui? Margaret; estou depositando todas as minhas esperanças nela.
Uma buzina ecoa, trazendo-me de volta à realidade. Erick estava com o carro da mãe pronto para nos levar até sua casa. As conversas seguiam animadas ao longo do percurso, até pararmos em frente a uma grande casa tingida com um discreto tom de damasco, detalhes em branco e um gramado bem aparado. Descemos do carro e eu continuava admirando a residência. Não era uma mansão, mas era evidente que era espaçosa, com dois andares e uma largura considerável.
— Aquele ali é o Oliver. — Ouvi Erick dizer, virei-me e o vi apontar para a porta de sua casa.
Meu olhar seguiu aquela direção, onde um garotinho pequeno com cabelos castanhos encaracolados — como os de Erick — e um sorriso enorme nos lábios estava parado. Ele acenou para mim e retribuí o gesto segundos depois.
— Seu irmão? — Ouvi Charlotte perguntar.
— Sim, ele tem seis anos e adora conversar. — Respondeu Erick empolgado.
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Eu passei os minutos mais quieta do que o normal ao lado deles. Tudo estava me incomodando muito, não o momento à mesa de jantar aproveitando a ótima culinária de Margaret ou vendo como todos se davam bem, mas sim o resto: o fato de Ivan ter ido embora, a polícia finalmente agindo, eu sendo seguida e minha tia guardando tantos segredos. Isso tudo está me incomodando.
Por isso, fiquei tão feliz quando finalmente pude ter um momento sozinha com a mãe de Erick, quando me ofereci para ajudar a limpar nossa bagunça.
— Como está Elenor? — Perguntou enquanto lavava a louça — Faz tempo que não a vejo.
— Ela esteve aqui hoje mesmo. — coloquei uma pilha de pratos sobre a ilha da cozinha e comecei a raspar os restos de comida na lixeira — Acho que está bem, mas deve estar muito ocupada na França.
Tentava pensar exatamente no que diria, enquanto ouvia as risadas altas que Erick, Charlotte e Oliver davam em algum cômodo distante.
— Ah, sim. Desde que foi pra lá ela não tem nem tempo para manter contato comigo. — Riu de um jeito melancólico.
Margaret Jones era uma mulher baixa, com cabelos no mesmo tom castanho claro que os de Erick. Seus olhos eram escuros e seu rosto juvenil, mesmo já tendo trinta e três anos. Ela teve Erick com quinze anos... Eu queria saber como foi a adolescência dela ao lado da minha tia.
— Sempre tive curiosidade de saber o porquê disso. Ela já tinha uma vida em Baltimore; por que ir para outro país? — Larguei os pratos na pia para que ela lavasse.
— Foi uma oportunidade e tanto, por que não? O convite de seus pais para uma nova vida, longe de todas as besteiras que ela já fez em Baltimore... — ela suspirou e sorriu para si mesma — Foi tipo uma "salvação" pra ela.
Mordi a bochecha, ansiosa para que ela continuasse falando. — Convite dos meus pais? — Franzi o cenho.
Ela virou o olhar para mim e parecia um pouco arrependida de ter falado.
— Me desculpe, se você não quiser falar deles, eu entenderei.
— Não, está tudo bem. — Me sentei em uma das banquetas do balcão para continuar a conversa.
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INDELÉVEL-"Querido Diário" de Lana Berger
عاطفيةDois stalkers. Dois assassinos. Duas almas que se reencontram em meio ao caos. Nos recantos esquecidos de Baltimore, Maryland, Lana Berger é uma garota à deriva, engolida por uma obsessão que cresce como uma sombra silenciosa, tão inescapáve...