Spider Web | Sciset AU

Satisfied | parte 2

— Senhorita Shimmer, aconteceu algo? — a bioquímica perguntou, forjando inocência — Soube que não estava presente mais cedo e chegou bem atrasada para o exame...

A ruiva engoliu em seco, aquela situação era aterrorizante por si só, mas tudo acabara de piorar. Deveria contar a verdade e pedir ajuda para esconder dos outros?

— Eu tenho... medo de agulhas. — Tentou mentir.

— Desde quando? — a mãe perguntou.

Não sabia onde enfiar a cara, queria fugir daquele país e nunca mais ver ninguém que conhecera em sua vida.

— Vocês poderiam nos deixar a sós? Acho que posso tentar acalmá-la antes de tudo. Nossa empresa não quer o desconforto de ninguém. — Pediu a Sparkle, levando Cheerilee e a enfermeira a se entreolharem, mas concordarem em sair. — Então, tem algo que queira me dizer?

A expressão de Twilight se encontrava tão cínica, isso levou todo o medo e ansiedade deixarem o corpo de Sunset, sendo substituído por apenas raiva.

— Porra, foi de propósito!? — gritou, assustando a cientista — Você fez essa merda toda de propósito?

Foi a vez de Twilight gelar, ela não esperava uma reação dessas, a heroína sempre pareceu gostar tanto dela e lidar bem com tudo que ela fazia.

— Do que você está falando? — tossiu, recuperando a compostura.

— Você sabe muito bem do que eu estou falando, princesa. — Cuspiu a última palavra com desdém. — Você arriscou toda a minha vida e identidade por quê? Por querer saber minha identidade? E como CARALHOS você encontrou minha escola?

Os olhos da Sparkle instintivamente desviaram para o celular da ruiva.

— Você rastreou meu celular..?

— ... Foi o seu relógio, ok? — levantou-se da cadeira na qual estava, limpando seu jaleco.

— Eu confiei em você. — Sua voz saía fraca. — Era isso que você queria? Está satisfeita?

— Foi pela ciência! — aumentou o tom de voz também.

— ENFIA A CIÊNCIA NO SEU RABO.

E foi com essas palavras que abriu a porta da sala com força, saindo rapidamente e ignorando todos no caminho, inclusive sua mãe.

— Então... O que aconteceu aqui? — Cheerilee perguntou.

— Nós... nos conhecemos há algum tempo já. Longa história. Não posso contar, preciso ir atrás dela.

— Você fez alguma coisa com a minha filha? — A professora segurou o pulso da garota, impedindo-a de sair. — Se você tiver feito qualquer coisa de mal pra ela, não há dinheiro no mundo que seus pais possam ter que vai me impedir de acabar com você. — Sussurrou perto do ouvido da mais nova.

Definitivamente era antiético e ilegal uma ameaça dessas, porém Twilight não julgaria uma mãe numa situação dessas.

— Cadê você? — tentou rastrear a garota, sendo levada a uma cabine do banheiro no qual o relógio fora jogado dentro da privada — Droga, ela também não levou o celular.

Sunset estava no metrô abandonado, não usava seu uniforme porque não o havia levado para aquela situação. Andar por aqueles trilhos traziam lembranças da garota que a havia esfaqueado pelas costas por razões egoístas. Obviamente agora não seria capaz de fugir dela, já sabia sua identidade, mas também a evitaria o máximo que fosse capaz.

— É, princesa, você não merece estar nessa parede. — Pegou as latas de spray que haviam naquele lugar, começando a cobrir o desenho que fizera quando levou Twilight até ali.

Desenhou Colchicos por cima da imagem da garota, lembrando-se do significado da planta.

— É, os bons dias se foram. — Sua voz soava como se quisesse chorar.

— Aranhazinha? — Ecoou ao longe no metrô. Ela havia chegado.

— Vai embora agora, você não é mais bem-vinda aqui. — Gritou de volta, sabendo que ecoaria até lá.

O silêncio reinou pelos trilhos por mais algum tempo, até passos ficarem próximos demais.

— Eu não disse pra cê ir embora? — disse desviando o olhar, querendo impedir a garota de ver seus olhos avermelhados.

— E eu ignorei. — Sua atenção se voltou para o desenho na parede. — Colchicos, é? Não esperava que fosse ser o término do amor. — Riu.

— Você entendeu o que quis dizer. — Cerrou os punhos.

— Você me via como um possível amor? — Twilight se aproximou um pouco mais.

— Você era a única pessoa que, mesmo estando de uniforme, eu podia viver meus dois lados sem peso algum. Mas você precisava estragar isso. Você precisava misturar as coisas. Precisava ir atrás de quem eu era e trazer ainda mais estresse pra essa MERDA de vida! — Sunset agora estava chorando, mas já havia desistido de tentar esconder.

Twilight sabia que a ciência dependia daquele momento, que precisaria pisar em ovos. — Eu... Eu fui atrás porque eu estou começando a gostar de você. — Mentira. — Eu sinto muito... Eu não sabia como lidar com não ter os seus dois lados, eu precisava disso. — Meia-verdade.

— Isso é sério..? — os olhos da heroína se iluminaram, parte pelas lágrimas, parte pela chama que estava reacendendo em seu peito — Você... Porra, você poderia ter falado comigo.

— Eu não tive coragem, me desculpa. — Mentira.

Só havia uma forma de reconquistar a confiança da heroína, mas um cientista não se nega a nada pela ciência.

A mão de Twilight tocou levemente o rosto de Sunset, se inclinando para ficar mais alta. — Tudo bem com a gente..?

Os lábios de Sunset estavam entreabertos, sua respiração era lenta enquanto olhava fixamente para a boca de Twilight, raciocinando a situação atual.

— Tudo bem... com a gente.

Essa confirmação foi o que levou Twilight a puxar Sunset para um beijo, suas mãos correndo para a nuca da garota, enquanto a mais alta parava as próprias mãos na cintura da cientista.

— Porra, eu quero isso há muito tempo. — Disse entre o beijo.

— Só cala a boca e continua.

A Shimmer então empurrou Twilight contra a parede.

— Senhorita Sparkle, lembre-se que você tem uma reunião marcada com seu pai. — A voz veio de um grito ao longe.

— É o meu motorista... Ele me trouxe aqui. — Disse sem fôlego, com as pernas levemente bambas.

— Você é realmente uma burguesinha, princesa. — O sorriso no rosto da ruiva não tinha mais nada de canalha, até mesmo sua voz estava toda boba, sua felicidade era genuína. — Você tem que ir agora? — perguntou com um biquinho no rosto.

— Tenho, desculpa. — Twilight pegou uma caneta de seu bolso. — Mas agora você tem meu número, podemos marcar de sair sem nenhum acidente estar envolvido ou meu laboratório ser invadido por uma certa aranhazinha. — Escreveu o número no braço da mais alta. — Ah, você foi o meu primeiro beijo. — E foi com essas palavras que então foi embora.

— V-Vou adicionar! — tropeçou nas próprias palavras de tanta animação — Tchau...

Assistiu a bioquímica indo embora, tendo agora como absorver suas emoções e os acontecimentos recentes.