Capítulo 5

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Esquecemos de fechar as cortinas e então o sol adentrou com tudo no quarto.

Era um dia lindo e ensolarado. Olhei no relógio e era 05:00 da manhã. Parece que já me acostumei a acordar cedo.

Resolvo somente escovar os dentes e pentear o cabelo. Nem sabia que roupa iria colocar, a Lily me deu um pijama ontem a noite e por enquanto é o que eu tenho.

Saio do quarto distraída e bato com uma pessoa, só temos 3 pessoas aqui, a Lily tá dormindo então óbvio que sei com quem me bati...

-Cuidado por onde anda.- escutei sua voz que parecia mais rouca por ter acordado a pouco tempo.

-Desculpa, acho que to tonta ainda.- disse dando uma risadinha sem graça.

-Percebi, aliás belo pijama.- ele disse se virando e me deixando sozinha. Me encostei na parede e tentei esconder o sorriso bobo que brotava em meus lábios.

Desci as escadas tomando o mesmo rumo que Ian, me encostei no batente da porta o observando.

-Então você cozinha?- disse tentando puxar assunto.

-Sim, é uma das minhas paixões.- E eu poderia ser a outra, meus Deus se concentra garota.

-As vezes parece que você viaja pra outra dimensão.- Ian comenta rindo. Sua risada me fez rir também.

-É, sou uma garota muito pensativa.- me aproximo mais dele e pergunto:

-Quer ajuda? Eu sei cozinhar muito bem.- Digo de maneira convencida.

-Vamos ver então, aposto que eu faço melhor.- diz também se exibindo.

Começo a cortar alguns morangos para fazer uma panqueca, cada um vai fazer a sua receita, minha massa já estava feita. Empolgada com os morangos acabo cortando o dedo.

-A merda!- Digo com tanta intensidade que Ian veio ver o que tinha acontecido.

-O que houve? Você se cortou.- Ele concluiu quando viu meu dedo escorrendo sangue.

-E você ainda diz que é boa na cozinha.- disse rindo de mim, não estava preparada quando ele pegou meu pulso para verificar meu dedo machucado. Quando ele tocou minha pele deu um contraste que me arrepiou dos pés a cabeça. As mãos dele gelada com a minha quente...

Ele pegou um papelzinho e colocou no meu dedo.

-Logo passa, nunca mais te deixo cozinhar- Ele diz bem humorado.

-Eu juro que sou boa. Houve um equívoco- disse rindo mas um pouco atordoada pelo contato que tivemos.

Resolvo me sentar na mesa e olhar ele cozinhar. Escuto um barulho e vejo a Lily.

-Vocês acordaram cedo demais! O Ian já sei que acorda com as galinhas, mas você é novidade.- A olho com um olhar de culpada.

-Desculpa se te acordei.- ela me olha e diz

-Tudo bem, te perdoou porque você é fofa!- minhas bochechas coram e dou um leve sorriso.

-Tá demorando em Ian!- Lily diz provocativa.

-Você já experimentou fazer o seu próprio café? Talvez seja mais rápido.- disse mau humorado.

-Ai você não sabe ser delicado não?-Lily fala se fazendo de ofendida.

-Não.- Ian diz em quanto caminha em direção.

-Aqui minha panqueca, vê se gostou.- Ele colocou o prato na minha frente. Estava lindo, com certeza melhor que o meu.

-Hmmm, tá uma delícia!- Digo contente, nada melhor do que comer algo delicioso.

-Eu sei, tudo que eu faço eu faço bem feito.- Nossa minha imaginação voou longe agora...

***
Eu e a Lily viemos para o seu pequeno escritório, tem uma estante cheia de grimórios. Ela disse que alguns são delas, outros de sua família e amigos que deram pra ela. A sala tinha tons de roxos e vários símbolos espalhados pelas paredes, tinha também bastantes velas.

-Senta aqui.- Ela apontou para uma cadeira no centro da sala. Fiz o que ela me pediu.

-Você tem que liberar sua mente, vou puxar as coisas que tem aí dentro, coisas que você não se lembra talvez seja doloroso. Por isso você não deve bloquear suas memórias.

-Mas Lily como eu libero minha memória? É só eu relaxar?.

-Sim, quanto mais relaxada melhor!

Quando ela disse isso é impossível não pensar no meu passado, quando eu tinha 13 anos fui abusada pelo homem que se dizia meu pai, ele ia no meu quarto toda noite depois da 00:00, ele nunca tinha me tocado mas eu sabia que um dia iria acontecer. Ele começou me observando dormir, depois passava a mão nas minhas pernas, eu era ingênua, achava que era um carinho normal. Até que ele começou a se tocar, eu nunca tive coragem de olhar mas sabia o que ele estava fazendo. Uma vez o vi pegando uma calcinha minha e levando para o banheiro. Foi muito doloroso esse período da minha vida.

Era algo que me atormentava e eu não queria que outros pessoas soubessem o quão quebrada eu era. Nunca mais quis ter uma família, a palavra "pai" me anoja, me dá gatilhos.

-Lily eu não consigo...- disse baixinho. Ela me olhou com compreensão, veio na minha direção e me abraçou.

-Está tudo bem, quando se sentir pronta eu vou estar aqui.

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*Neste capítulo temos interação do Ian com a Sam e um pouquinho do passado dela.

*O que estão achando da Lily?

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A princesa perdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora