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Que ódio, que ódio, apenas isso que estou sentindo no momento.
Eu sabia que meu pai era capaz de tudo, mas não sabia que por causa de um atraso de trinta minutos por culpa daquele ônibus estupido que atrasou, ele iria me colocar para fora de casa.

Depois que mamãe morreu de câncer, eu e papai começamos a brigar muito, isso porque a gente nunca se deu bem, mas quando ela estava entre nós, tudo era mais fácil de lidar. Meu pai sempre foi o tipo de pai que não deixa você ir na esquina comprar um pão, pois tudo era motivo de estar fazendo besteira.

Hoje, por exemplo, eu cheguei atrasada, e ele já pensou que eu estava com algum menino, fazendo besteira. Me bateu por estar sendo mentirosa e vagabunda e me colocou para fora de casa.
Eu não sei para onde ir, apenas peguei uma mala e fui pegando o pouco de roupa que eu tinha e coloquei algumas coisas na mochila da escola.

Fico aliviada de não precisar mas viver com ele e saber que agora estou livre e que eu fui forte nesses três anos sem a mamãe, fui forte até demais, era todo dia uma reclamação, um abuso psicológico falando que eu não vou ser ninguém na vida, todos os dias apanhando por coisas bestas, sem sentido algum.

Só veio uma pessoa na minha cabeça, a Kaylane, minha amiga da escola, ela mora na Rocinha. Liguei para ela e expliquei tudo o que aconteceu e perguntei se podia passar um tempo na casa dela até arrumar um trabalho e ver um canto para mim ficar, odeio ficar incomodando os outros.

Usei o cartão da escola para pegar um ônibus que me deixava em frente à rocinha, cheguei lá e não vi a Kay, já me desesperei, cheio de homem com arma na mão.

Quando eu fui ver, tinha um deles vindo na minha direção e mudei o meu foco de olhar para o chão, mas não adiantou muito.

Px: Qual foi mina, tá fazendo o que aqui na frente? - perguntou pegando no meu braço.

Ana : Estou esperando uma amiga minha. - e continuei olhando para o chão, não queria arrumar problema.

Px: Qual o nome da sua amiga? - isso ele ainda estava segurando o meu braço e eu cheia de medo já.

Kay: AMIGAAAA - tirei o meu foco do chão e olhei para onde estava vindo o grito. - Solta ela mano, ela tá comigo.

Ele me soltou e disse que na próxima vez que esbarrar comigo o bagulho vai ser diferente.

Subi o morro com ela e o povo tudo ia me olhando, estava com a mala na mão e eu sendo uma pessoa desconhecida subindo o morro, era novidade para eles.
Contei para ela tudo o que aconteceu e ela já sabia como meu pai era, então não ligou muito e disse que eu posso ficar o tempo que for necessário na casa dela. Ela mora com a mãe dela, porém a mãe estava no Ceará, com a avó dela, precisou de alguém que cuidasse e a mãe dela foi, então a casa estava só para ela.

Kay : vem amiga, você vai ficar no meu quarto junto comigo, e pode se despreocupar, pois a casa no momento é só minha, então fica o tempo que precisar.

Ana : amiga, eu agradeço muito, não pensei em mais ninguém que eu confie além de você, mas vou arrumar um trabalho e devolvo sua privacidade.

Kay: fala sério né amiga, eu sempre quis que você vinhesse aqui, seu pai nunca deixava, então vamos aproveitar né. Temos que dar graças a Deus que você saiu de lá. - concordei com ela e ela me deu um espaço no armário dela para por as minhas roupas. - o que o px falou com você, te tratou mal?

Ana: Não, só não gostei que ele chegou pegando no meu braço querendo saber o que eu estava fazendo aqui.

kay: Ele é de boas, estava apenas fazendo o trabalho dele, liga não. Hoje vamos na praça comer um açaí e amanhã te ajudo a entregar currículos, tá bom?

Oi gente, essa é a minha primeira história, espero que vocês gostem. ⭐️

No morro da Rocinha (pausado)Onde histórias criam vida. Descubra agora