PRÓLOGO
──── ♬♪ ────"Conto ao meu piano todas as coisas que costumava contar a você." -Chopin
❦𝐴𝑠 𝑝𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎𝑠 𝑛𝑎̃𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑏𝑒𝑚 𝑜 𝑞𝑢𝑎̃𝑜 𝑏𝑎𝑟𝑢𝑙ℎ𝑒𝑛𝑡𝑎𝑠 𝑠𝑎̃𝑜 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑛𝑠𝑎𝑚 𝑞𝑢𝑒 𝑛𝑎̃𝑜 𝑠𝑎̃𝑜.
A vida inteira de Harry foi repleta de um fluxo interminável de fofocas, ressoando em seus ouvidos como o zumbido incessante e estridente dos mosquitos em uma noite quente de verão. Tudo começou muito jovem, quando, perambulando pelos gramados imaculadamente aparados dos Dursley, os vizinhos curiosos costumavam fazer dele o assunto principal de suas fofocas vespertinas. Um garotinho tão estranho, dizia uma, e a outra respondia que tinha ouvido rumores sobre ele ser uma criança problemática. "Ele deveria estar grato por tudo que os Dursley sacrificaram por ele."
É claro que as crianças na escola imitavam o comportamento dos pais, sem se importar se suas palavras chegavam aos ouvidos do “garoto de cabelo feio”, do “órfão de joelhos nodosos” ou do “primo estranho de Dudley”.
Harry nunca se sentiu afetado pelos comentários curiosos ou mesquinhos de seus colegas, talvez porque tenha sido forçado a amadurecer mais rápido do que eles ou simplesmente porque aprendeu a ignorá-los para sobreviver. Ele imaginou que eles provavelmente viviam uma vida tão tranquila, normal e livre de problemas que sentiram a necessidade de interferir na dele. O que mais magoou Harry foram os pais que criaram esses filhos e não tinham a desculpa da idade ou da maturidade para justificar suas palavras ofensivas.
O comportamento das pessoas no mundo bruxo não era diferente. Ele logo percebeu que as crianças de Hogwarts eram sem dúvida parecidas com as de sua infância, e infelizmente os adultos também. Eles falaram. Eles conversavam muito e muito alto; quando os rumores eram de que Harry era o herdeiro da Sonserina, quando os rumores eram de que ele estava mentindo sobre Voldemort, "quando, quando, quando." Harry estava tão acostumado com isso que foi estranho quando parou. Nos últimos anos de sua vida, seus ouvidos pararam de zumbir. Talvez ele não os estivesse mais ouvindo, ou talvez a felicidade o tivesse tornado imune ao resto do mundo.
Mas então, a fofoca recomeçou com veemência depois que ela morreu. Retornou como uma doença crônica que você pensava estar curada. Poucos dias depois do funeral, as víboras sibilavam por onde ele passava: "Eles formavam um casal tão lindo." "Eles se casaram há apenas alguns meses." "Você sabia que ela estava grávida?" "Pobre garoto."
── ❦ ──
Gina havia morrido há um ano.
𝑁𝑎̃𝑜
Ginny morreu exatamente trezentos e setenta e nove dias atrás. Harry se lembrou porque aconteceu na véspera de seu vigésimo segundo aniversário. Ron contou a ele muito mais tarde que ela tinha ido ao Beco Diagonal para comprar uma vassoura nova para ele - a mesma vassoura pela qual eles estavam babando por um mês toda vez que passavam pela vitrine da loja. Harry também se lembrou disso porque James teria nove meses.
𝐽𝑎𝑚𝑒𝑠. Às vezes Harry pensava que tudo se devia ao nome que escolheram – um nome amaldiçoado. Eles deveriam ter escolhido Paul ou William. Mas então ele lembrou a si mesmo que não era o nome que estava amaldiçoado, mas sim ele, Harry.
As pessoas falaram alto sobre esse evento trágico - alto demais, às vezes muito insensíveis - mas ninguém realmente se importou com isso. Então não foi nenhuma surpresa que um ano depois, depois do “acidente” de Harry, nada mudou – a mesma coisa, de novo e de novo.
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𝙾 𝚖𝚎𝚗𝚒𝚗𝚘 𝚍𝚊 𝚕𝚘𝚓𝚊 𝚍𝚎 𝚙𝚒𝚊𝚗𝚘 - 𝑫𝑹𝑨𝑹𝑹𝒀
FanfictionDepois de ficar cego em uma tentativa imprudente de vingar a morte de Ginny, Harry luta contra uma depressão severa. Um dia, ele se depara com uma pitoresca loja de restauração de pianos no coração de Londres e conhece o proprietário, um velho genti...