𝙲𝚊𝚙𝚒́𝚝𝚞𝚕𝚘-6

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                          LUZES

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Harry passou a maior parte da noite revivendo as últimas conversas que teve com Malfoy.

"O que você quis dizer sobre não querer amigos?"

"Não se queime," Malfoy o interrompeu antes de empurrá-lo para o lado para pegar a chaleira que Harry havia começado a ferver.

"Onde está o seu chá?"

"No armário esquerdo."

"E Parkinson? Zabini? Goyle?" Harry perguntou novamente enquanto os dois voltavam para a sala para se sentar no sofá, com o chá nas mãos.

"Olha," Malfoy suspirou. "A escola foi há muito tempo; as pessoas mudaram, o mundo mudou, eu mudei. Às vezes você não precisa de um motivo para perder amigos. Todos nós apenas seguimos caminhos diferentes."

"Mas…"

"Você tem sorte, Potter, porque é uma boa pessoa, provavelmente um bom amigo, e as pessoas não querem perder a amizade com você, então provavelmente ficarão com você para sempre. Mas nem sempre é isso que acontece."

Harry não sabia o que dizer sobre isso. E conforme a noite passava lentamente em seu quarto silencioso, sua mente continuava vagando de volta às palavras de Malfoy. Dizer que ele teve sorte era uma afirmação ousada, mas era verdade quando se tratava de amizade. Harry tinha muitos amigos em quem confiava sua vida e valorizava essa conquista como o diamante mais precioso. Foi uma vingança tão significativa contra uma infância solitária, e Harry às vezes esquecia que esse tipo de amizade não era tão comum. Ter Ron e Hermione como amigos era um privilégio – um privilégio sem dúvida merecido, mas não menos raro e inestimável.

"Você deveria ir vê-los ou enviar-lhes uma carta. Talvez eles pensem o mesmo de você; talvez estejam apenas esperando que você dê o primeiro passo", Harry finalmente disse, talvez ingenuamente demais. Malfoy não respondeu. Ele largou a xícara e perguntou:

"Ser seu amigo envolve você tentar constantemente ajudar e resolver todos os meus problemas?"

"Bem, é isso que significa ter um amigo; não sou só eu."

Foi isso que tornou a amizade tão importante: ter sempre uma mão para segurá-lo quando você cair, estar sempre pronto para pegar um pedaço do seu coração e ajudá-lo a carregar seus sentimentos pesados.

Malfoy soltou uma maldição.

"Apenas tente; o que você arriscaria?" Harry insistiu.

Harry interpretou o silêncio de Malfoy como um momento de reflexão. Deixou-o terminar o chá e ofereceu-lhe mais água.

"Eu sinto que estou constantemente me afogando em vergonha," Malfoy finalmente pronunciou. "Às vezes nem sei como posso me encarar no espelho."

Foi a vez de Harry ficar em silêncio.

"Como você faz isso?" Perguntou Malfoy.

"Fazer o que?"

"Sempre aja de maneira gentil e... generosa," Malfoy suspirou. "Como você sempre vê o que há de bom nas pessoas?"

Era estranho receber elogios que pareciam censuras por uma característica que Harry nunca foi capaz de controlar – uma personalidade que lhe causou tantos problemas ao longo de sua vida, mas que ele não trocaria por nada no mundo.

"Todos nós nos tornaremos cinzas no final, você sabe", Harry murmurou. “Somos apenas pó, seres microscópicos que se esforçam para viver uma vida que ninguém jamais lembrará em um mundo cruel o suficiente para não ficar ressentido com outros que estão lutando tanto.” Harry fez uma pausa: "Eu não sou perfeito e você sabe disso muito bem. Só estou tentando fazer o melhor que posso. E como você disse antes, passamos por uma guerra. Todos nós."

𝙾 𝚖𝚎𝚗𝚒𝚗𝚘 𝚍𝚊 𝚕𝚘𝚓𝚊 𝚍𝚎 𝚙𝚒𝚊𝚗𝚘 - 𝑫𝑹𝑨𝑹𝑹𝒀Onde histórias criam vida. Descubra agora