Capítulo 3

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                                 MADDEN

Há algo sobre a virtude que só é visível para aqueles que a observa por tempo consideravelmente longo. Não importa o quanto o correto pode ser perfeito, haverá rasuras pelas extremidades, manchas de passagem e cheiros circulando o perímetro.

E aquela mulher havia vacilado em todos os aspectos de sua virtude quando estendeu-se para perto de mim. Eu era bom em observar, e observar seus rastros era quase inevitável quando estavam presentes por onde quer que eu fosse.

Eu não a conhecia, não entendia seus motivos. Por mais que minha família tivesse muitos inimigos, nenhum jamais entrou em nossos ambientes familiares, ela deveria ser um inimigo sem família, porte e nome. Apenas ela, se escondendo e se esquivando por uma vingança invisível para mim.

Evitei de falar com minha família sobre a mulher que estava bagunçando minhas coisas. A culpa era inteiramente minha, primeiro por ser seu alvo e segundo por permitir que ela fizesse de mim um alvo. Ela foi longe demais, envolveu uma criança dentro de uma raiva estrondosa e a minha família estava desmoronando como nunca.

Ela havia encontrado um ferimento e enfiado dois dedos para que sangrasse. Mas nunca imaginou que esse sangue poderia ser dela também. 

Eu não estava deixando as emoções transbordarem como minha mãe e Keisa fizeram naquela sala, mas o incômodo de que aquela mulher estava ganhando algum tipo de jogo que sequer fui convidado para jogar causava-me uma revolta constante. Ela não podia ganhar uma partida sem ao menos sentir a dificuldade de um jogo bem jogado.

Faziam cerca de quinze minutos que eu estava estacionado naquela rua, atrás do prédio em que morava, e eu poderia esperar mais quinhentos minutos se fosse necessário. Observei quando ela entrou no apertamento pela escadaria de emergência, o capuz escondendo seu rosto no escuro. Mas eu conhecia perfeitamente o desenho do seu corpo pequeno, e o escuro que ele costumava se esconder.

Vestia jeans escuro, coturnos pesados. Era pequena demais para que seu pescoço se encaixasse perfeitamente na minha mão, e eu poderia rezar para pedir que esse momento chegasse logo.

Quando ela saiu pelo mesmo lugar que entrou, não consegui conter o sorriso quando achei o desenho do revólver no cós da calça dela. Eu havia deixado de propósito para ela, como um presente de natal ou um doce para uma criança faminta. E ela pegou, o revólver da minha cama. A verdade mais absoluta era que ela entrava em meu quarto, pegando o que podia de mim, quando eu estava inteiramente na sombra dela, esperando para que qualquer tropeço ela caísse em meu colo.

Observei por mais alguns minutos, quando ela pensou em ir embora mas olhou para trás, para dentro da própria sombra, onde eu a esperava. Meu carro estacionado em um ambiente vazio, iria fazer os sentimentos dela avançaram pelas reações, como todas a pessoas faziam e ela caminhou até mim, observando se havia mais algum cúmplice ao redor mas nada e nem ninguém podia pegá-la. E uma chance para quem nunca teve uma era inevitável.

Meus dedos grudaram no volante em minha frente, tentando não demonstrar nenhuma emoção diante do cheiro do medo que estava sentado em meus bancos de trás. A imagem da mulher que segurava minha vida na ponta da sua mira trêmula atravessou-me pelo retrovisor como um pesadelo vívido, daqueles que assombram todos os seus dias após balançar sua noite.

Ela tinha a beleza de um demônio orquestrado diretamente das mãos do diabo. Olhos verdes marcados por lápis de olho borrado, pele em um tom oliva e uma boca preenchida pelo pecado do batom vermelho borrando em um certo lado do lábio inferior, o tom dos fios de cabelo beiravam um vermelho morte quase chegando perto de um castanho queimado.

Comandou para que eu seguisse dirigindo, e eu obedeci escondendo o fato de que poderia desarmá-la com um simples movimento usando as mãos, simplesmente porquê estava obcecado por conhecer quem teria a coragem de entrar no carro de Madden Mori e apontar uma arma em sua cabeça.

Chasing - Madden Mori Onde histórias criam vida. Descubra agora