Helm Saga: Path of Sephiroth

Capítulo 2

Em casos de perda de memória, o procedimento padrão seria encaminhar a pessoa a um especialista para um diagnóstico preciso. No entanto, para o infortúnio de Dante Alighieri, essa opção estava fora de cogitação. Com seus próprios motivos para evitar as autoridades, ele se viu obrigado a improvisar uma avaliação do estado de consciência do garoto com base em sua limitada experiência em psicologia. Esse processo exigia uma análise minuciosa, utilizando métodos como observação, estímulo verbal, tátil e visual. Embora Dante apenas tivesse uma noção rudimentar desses métodos, suas experiências anteriores o levaram a concluir empiricamente que o menino sofria de amnésia dissociativa. Nesse estado, o indivíduo é incapaz de recordar informações pessoais importantes ou eventos traumáticos específicos.

O menino estremeceu ao ouvir a notícia, sentindo como se o ar ao seu redor se tornasse mais denso, a sala subitamente apertada em torno dele. Cada palavra de Dante parecia ecoar, reverberando dentro de sua mente agitada, enquanto seus pensamentos tumultuados o envolviam em um turbilhão de incertezas.

--- Será que essa doença possui algum tipo de cura? --- questionou o menino apreensivo

--- Ah, a medicina tem suas surpresas! Existem tantas terapias e medicações por aí. É por isso que amanhã de manhã, quando eu partir para o centro da cidade, vou te deixar em um lugar onde profissionais saberão cuidar de você. --- retorquiu Dante em tom reconfortante

--- Sério? Você faria isso por mim? --- perguntou o menino atónito

--- Claro que faria! - retorquiu Dante em tom reconfortante --- Afinal, que tipo de pessoa eu seria se não o fizesse?

--- O tipo de pessoa que usa um terno ensanguentado e não revela nada além do nome para as outras pessoas. --- escarneceu o menino ressaltando a mais pura verdade

Dante olhou para o próprio terno, surpreso.

--- Ah Bem, ele só ficou ensanguentado porque... Tive que te carregar todo ensanguentado por cerca de duzentos metros em meio a uma tempestade de gelo --- respondeu Dante com um ar suspeito

Aproveitando a brecha para finalmente obter algumas respostas, o menino se transformou em um interrogador implacável, disparando perguntas para todos os lados como se estivesse em um quiz show e precisasse ganhar o prêmio principal.

--- Como diabos você me encontrou? O que estava fazendo naquela tempestade de gelo? Ah, e não me esqueci daquela chama verde e cheirosa na lareira! O que está acontecendo aqui? --- questionou o menino.

--- Vai com calma, apressadinho. --- redarguiu Dante. --- Vamos com uma coisa de cada vez, como por exemplo o jeito que te encontrei na floresta.

O menino, envergonhado, balançou a cabeça em sinal de desculpas enquanto Dante explicava que sua presença na floresta se devia a alguns assuntos inacabados que o levaram a enfrentar a tempestade de gelo. Ele relatou que seguiu o menino, que vagava desnorteado pela neve, até que seu corpo finalmente cedeu ao cansaço e tombou no caminho.

Dante se aproximou do menino,agitando a mão diante de seus olhos como se estivesse em busca de algo além do alcance do garoto.

--- O que você acha que está fazendo? --- disse o menino, dando um pulo com o susto.

--- Nada! A chama é verde porque... --- Dante fez uma pausa, desviando sutilmente o assunto. --- Você mencionou o cheiro da chama?

--- Sim, e também perguntei sobre o seu terno ensaguentando! --- respondeu o menino, cruzando os braços com um olhar interrogativo.--- Não pense que engoli sua história.

--- Ah, bem, isso é uma longa história... --- Dante coçou a cabeça, tentando encontrar uma desculpa convincente.

O menino manteve os braços cruzados encarando Dante com um daqueles olhares que diziam Posso ter treze anos mas não sou estupido.

--- Você parece estar enrolando! --- retrucou o menino, com um sorriso irônico.

--- Enrolando? Eu Dante Alighieri? Jamais! --- Dante tentou parecer ofendido, mas não conseguiu evitar um sorriso travesso.

O menino suspirou, percebendo que o jogo de perguntas e respostas estava longe de terminar.