Fizemos o mesmo caminho até aquela última cela, assim que passei por ela a cortina foi fechada de uma forma bruta com um único movimento.
Cocei o nariz incomodada com o mal cheiro.
Se eu dei um passo em falso vou ser morta agora, deveria ter demorado mais pra citar o nome da irmã desse já que não sei o que se passa entre eles. Eu sequer a conheço.
Vamos lá, pensa, pensa e sai fora dessa.
Olhei pro teto quase completamente coberto por bolor e em seguida tirei a blusa que cobria meu corpo ficando apenas com o sutiã sem bojo que uso.
Mexi com meus cabelos os deixando em frente aos meus seios antes de soltar o tecido que os cobria completamente.
Senti os olhos dele queimando meu corpo.
— Eu sei que não é dia de visita íntima, mas sinceramente, odeio a ideia de perder tempo batendo papo — Falei de uma forma simples sem desviar meus olhos dos seus — A não ser que você queira.
— Paloma foi embora a dois anos, faz dois anos que ela vive no exterior, como você aparece do nada falando como se tivesse contato com ela?
Aí caralho, fiz merda.
— Eu não disse que tenho.
— Abriu a boca pra falar que a Paloma te contou os bagulho, quero saber o que e porque.
— Não tem o que, nem porque — Dei um ombros me aproximando de seu corpo, toquei seu abdômen bem definido com a ponta dos meus dedos — Eu devo estar delirando ou você está, Paloma trabalha na mercearia da 6.
Ele encarou o movimento dos meus dedos com atenção enquanto parecia refletir.
Talvez ele não soubesse quem trabalhava na mercearia da rua 6, também não sei. Não sei nem mesmo se há uma lá.
Após alguns segundos com os olhos focados em meus movimentos, ergue meus olhos podendo-os focar nos seus.
— Acha que eu me arriscaria tanto por um irmão que não vejo desde os meus dez anos?
Ele afastou minha mão, mas não desviou seus olhos.
— Sabe o que é mais intocável que mulher de amigo, preta? Irmã.
Um sorriso surgiu em meus lábios.
— É um pouco tarde pra pensar nisso, não é?
Passei a língua entre os lábios e me afastei sorrindo, achando graça da falsa fidelidade que ele tem ao meu irmão, se fosse assim tão amigo meu irmão não estaria nessa situação.
Estaria em casa com a família.
Peguei a minha blusa que estava jogada sobre o colchão duro da cama de pedra e sem dificuldades prendi o fecho do meu sutiã antes de colocá-la.
A sirene alta tocou nesse meio tempo indicando que era o fim do horário de visita.
Aproximei meu corpo do seu novamente.
— Até qualquer dia, chefe — Sorri e aproximei meus lábios dos seus, fazendo uma graça, mas sem trocá-lo antes de deixar para trás a cela.
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Mulher de preso
Teen FictionOnde Rayra passa a fazer visitas íntimas para um perigoso traficante com a intenção de descobrir mais sobre o desaparecimento de seu irmão.