Tô ficando maluco.
Papo de coringar de vez aqui dentro.
Peguei o celular debaixo do colchão de selecionando o único número nele salvo, chamou três vezes antes de ser atendido.
— Fé — Ouvi a voz de Black, meu braço direito, o cara que já deveria ter dado um jeito de me tirar daqui.
— Fé é o caralho, por que tu ainda não resolveu meu bagulho?
— Tá achando que é fácil, veado, tudo tá sendo vigiado, os cara tá até documentando. Se eu entrar nessa vai ficar nois dois aí dentro.
— Se vira — já ia desligar quando ele voltou a falar.
— Oh já organizei a visita de domingo, vai ter novidade pra animar meu irmão.
— Pra me animar aqui dentro só um 38 pra atirar na minha cabeça, cuzao do caralho — Encerrei a chamada colocando o celular no mesmo lugar que antes.
Apoiei meus cotovelos sobre as pernas e meu queixo sobre as mãos encarando aquela parede nojenta à minha frente.
As horas nessa porra parecem anos.
Quando o guarda apareceu, andei em silêncio pelo corredor até o pátio passando por celas onde olhares tortos eram mirados na minha direção.
Minha posição lá fora me trás respeito aqui dentro, mas não posso baixar a guarda, os cara fariam de tudo pra tá no meu lugar.
Haviam poucos no pátio aquela hora, me sentei em um dos pontos de sol acendendo um cigarro.
Mas a única coisa que passa por minha cabeça é voltar pra minha vida, pro meu morro.
Já faz um ano que eu caí e não sei por quanto tempo ainda vou suportar esse inferno.
As únicas visitas que recebo são as mulheres que Black manda, cada semana uma nova.
Em um ano não vi a mesma mulher.
Deixei bem claro que não quero ninguém no meu pé quando eu sair daqui e não quero ninguém lá fora se nomeando minha fiel.
Fiel a mim só eu mesmo.
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Mulher de preso
Teen FictionOnde Rayra passa a fazer visitas íntimas para um perigoso traficante com a intenção de descobrir mais sobre o desaparecimento de seu irmão.