Capítulo 1

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Hoje é segunda-feira, o relógio não marca 07h da manhã, mas eu já estou de pé. Não dá pra correr pelo morro ou terei problemas, o que ocupa a minha mente é caminhar de um lado pro outro pelos becos como forma de manter meu sangue correndo pelas veias.

Dessa vez a caminhada terminou em um lugar diferente, a boca 03, a principal nesse morro.

Já faz dias que tenho ensaiado a minha vinda até aqui, mas meu senso sempre me faz olhar para trás e recuar.

Mas soube por meio de comentários que o Aranha não vai ficar muito mais tempo preso, o que quer dizer que eu preciso agir rápido.

Me aproximar dele aqui fora vai ser como uma missão impossível, mas lá dentro é tudo diferente.

Andei pesquisando em documentários, todos eles dizem a mesma coisa, a mente de um homem fica fraca quando ele está preso, assim como um pássaro perdendo o hábito de voar.

Ajeitei meu moletom antes de passar pelos homens ali presentes, ser irmã de quem já foi um deles me dá garantia de respeito por aqui.

Até porque meu irmão pode ter sido alguém que deu a vida por esse lugar.

— Ta perdida princesa?— Um dos caras não fez questão de tirar o baseado da boca pra falar comigo.

— Preciso falar com o Black.

Tentei soar confiante e ele assentiu me fazendo um gesto para segui-lo.

São apenas duas portas nesse cômodo quadrado, uma para o escritório e a outra talvez para um banheiro.

— Espera aqui — Fui deixada sozinha enquanto o homem passava pela primeira porta, logo ele voltou e me mandou entrar.

Sobre a mesa maços e mais maços de dinheiro sendo contados pacientemente, sobre uma cadeira de couro o homem que me recebeu quando cheguei aqui não fez questão de olhar em minha direção.

— São seis da manhã — Disse sério — Por que não escolhe um horário melhor pra encher a minha paciência?

— Quero fazer visitas pro teu chefe — Ele levantou a cabeça, olhou pra mim e deu risada — É sério.

— Não, não é — Disse ainda sorrindo — Você está querendo encher a paciência dele também.

— Tô precisando de dinheiro e sei que as visitas íntimas pagam bem.

— Só falar quanto e eu te dou.

— Dez por visita.

— Ele não sabe onde teu irmão tá.

— Sei disso, já falei que é pelo dinheiro.

— Domingo, as três vai ter um carro na porta da tua casa, tu vai entrar nele e não vai fazer perguntas. Se meu chefe gostar você volta de novo, mas se você encher ele de perguntas vou ser eu te esperando na saída.

Apenas balancei a cabeça concordando e deixei a sala para trás.

Agora só falta a parte mais difícil, fazer com que o dono desse lugar confie em mim.

Mulher de presoOnde histórias criam vida. Descubra agora