Hoje a noite não tem luar

A noite linda continuava

Vestida com camisa de manga longa rosa, saia branca justa e tênis de cano baixo branco, fez os olhos de Renato brilharem enquanto assistiam ela atravessar a rua. O céu azul marinho ainda tinha os últimos vestígios de raios solares. A brisa fresca que trazia o anoitecer não foram páreos para a beleza encantadora e o cheiro refrescante dela.

Ele, com seu jeito despojado, de camisa de manga curta florida, bermuda jeans e chinelo, segurava uma flor de hibisco vermelha com as duas mãos e não desviou o olhar enquanto ela se aproximava.

As ruas, o calçadão e até a areia da praia, estavam cheios de pessoas de todas as idades e todos os tipos. Pessoas que só tinham em comum a alegria de estar ali. E mesmo com toda aquela multidão, eles foram capazes de se ver de longe.

Renato estava no calçadão, sorrindo ansioso, girando a flor pelo talo, se segurando para não correr na direção de Amanda. Ela sorria parada, esperando o semáforo abrir para se entregar à ele. Carros e pessoas passavam entre eles, mas seus olhares estavam presos por um fio invisível.

Quando o sinal abriu, ela não se apressou, caminhou calmamente na direção dele e o abraçou apertado assim que a alcançou. Ele beijou a bochecha dela e colocou a flor em seu cabelo, prendendo sobre a orelha.

- Obrigada.

Ele passou o braço sobre os ombros dela. Ela segurou a mão pendurada dele, entrelaçando os dedos, e passou o outro braço em sua cintura. Abraçados, eles caminharam apaixonados por entre as pessoas que os obrigavam a andar devagar por estarem com crianças, idosos, cachorros, ou simplesmente abraçados como eles.

A iluminação da praia tinha passado por uma manutenção recentemente e isso deixou a orla muito mais bonita e segura. E por toda a extensão do calçadão, haviam barracas de comida, bebida e artesanatos, enfileiradas, uma do lado da outra.

A música do palanque podia ser ouvida por quase toda a extensão da orla. Ele estava armado na areia da praia, de costas para o píer, com a lateral esquerda voltada para o mar e a direita para o calçadão. Quem se arriscou e entrar na multidão que se aglomerou em frente a ele, estava se divertindo muito. Renato encontrou os amigos no mesmo local que havia deixado minutos atrás e se aproximou deles segurando a mão de Amanda.

Todos se animaram ao vê-lo acompanhado, e cumprimentaram Amanda com abraços, beijos no rosto e palavras acolhedoras. Ela quase não estava acreditando que aquilo fosse real. Sempre quis saber a sensação de ficar rodeada de amigos, que a tratassem com simpatia.

Em um passado não muito distante, sempre que pessoas a rodeavam, era para praticar algum tipo de bullying, de agressão física ou psicológica. Como se ela própria já não se auto prejudicava o suficiente.

Finalmente ela foi apresentada a eles de forma adequada e aprendeu que Mateus, de cabelo raspado e pele mais escura, namora com a Helen, que tem um cabelo lindo, todo cacheado. Ela é mais alta e mais magra que a Sheila, que tem cabelo longo também, porém, todo trançado, e namora o Yuri, com o cabelo black power incrível. Ele é o mais animado e falante da turma, o que fez com que Amanda ficasse bem à vontade. E ela se lembrou que foi na casa da avó dele que eles fingiram ter ido almoçar mais cedo.

A banda era muito boa e deixou a plateia completamente animada, pulando fervorosamente. Os seis amigos dançavam alegres e empolgados em um círculo que formaram em meio à multidão, de forma que os rapazes ficaram de costas para o palco e as moças de frente.

A felicidade deixou Renato empolgado, a ponto de seus amigos perceberem o quanto ele estava feliz.

Ele não tirava os olhos de Amanda, que estava em sua frente. Volta e meia mexia no cabelo dela, pegava sua mão, fazia um carinho, segurava em seus ombros.