Capítulo 2

219 15 35
                                    

Luciano sorriu amigável para Martin, os olhos escuros percorrendo de seu rosto para seu colo, onde Matteo se deleiteava de um sonho profundo e, aparentemente, bom, retornando para os azuis claros novamente. Sem tanta pressa, ele abriu a porta e desceu. Não dizendo nada a mais, abriu a porta do lado em que Martin e Matteo posicionados, dando-os espaço para se ajeitarem em direção a saída.

— Catalina! Me ajuda aqui! - ele chamou a mulher, que até então só observava a situação atônita, ela prontamente saiu da porta e prostrou-se ao seu lado — Beleza, então, Martin, né? Você se incomoda se a Cat levar o Matteo enquanto te ajud... Ou, ou, calma! - exclamou surpreso, porém com tom de voz calmo, para não acordar Matteo, quando viu a força que Martin usou para segurar o filho e balançar firme a cabeça em diversas negativas.

— No! Vos y nadie se va a llevar a mi hijo! - deu outras negativas e apertou mais o bebê contra seu peito. A mulher ao lado de Luciano abriu bem as próprias orbes escuras, a expressão evidente de surpresa por algo que Hernández não soube dizer o que significava, mas que nem ao menos se dava ao trabalho entender.

Luciano suspirou e assentiu, ele lançou a Martin um olhar de compreensão, e segurança irradiava daquelas escuras orbes. Martin não sabia o que lhe acontecia, mas por alguns segundos enquanto fixou sua atenção mutuamente com Luciano, ambos se encarando sem dizer uma palavra naquele rápido tempo, foi o suficiente para que ele se sentisse mais calmo - arriscando a quase seguro. Mesmo que ainda assim não soltasse sua criança.

A voz da mulher cortou o momento entre eles, ela, assim como Luciano, falava calma e sorria amigável — Hola! Soy Catalina, y puedes llamarme Cat, soy amiga de Luci, mucho gusto conocerte, Martin. Pero, qué pasa ahí?! - sua atenção se prendeu no homem ao seu lado, um olhar que evidenciava pura reprovação e dúvida — Você sai por trinta minutos e quando volta trás uma pessoa, não, não, DUAS pessoas estranhas? Uma delas é um bebê, Luciano! - Catalina dizia desesperada, a voz aguda um pouco mais alta que a dos dois homens - a direcianando somente para Luciano.

O repreendido fez um barulho irritadiço com o céu da boca e a língua, os olhos se reviraram e ele se virou para encarar a mulher com uma expressão que beirava ao desagrado — Eles estavam em perigo e não havia mais ninguém com eles, não ia deixá-los sozinhos!

Ambos se encararam pelo o que Martin pensou ser uma eternidade. A dor em seu pé  intercalava entre ir e vir rapidamente, e diante os dois à frente que estavam em clima de briga, ele pensou consigo mesmo onde havia se metido. Luciano e Catalina tinham caras sérias e parecia que nenhum iria ceder aos comandos do outro, mas ela cedeu. Em um suspiro aflito, evidente de medo, mas talvez mais calma, ela ergueu uma das mãos e balançou no ar — Ok, ok, seguro que tiene razón

— Ótimo, então me ajuda aqui. Martin, eu sei que você tá com medo e seu bebê tá dormindo, então não queremos acordar ele, certo? Vamos fazer o seguinte, você pode me mostrar seu pé? Ótimo. Cat, vai lá dentro e pega um kit de primeiros socorros, ele tem um vidro encravado no pé. Ei, não faz essa cara, fresca! - riu fraquinho da careta de agonia da amiga. Martin se sentiu aliviado quando viu o clima melhorar entre seus dois "anfitriões".

Após Catalina sumir da visão dos dois, Luciano se agachou aos pés de Martin. Suas mãos iam direto para o pé que ele sabia estar ferido, porém subitamente parou — Eu vou precisar tocar você, tu me permite?

Os olhos azuis miravam Luciano gelidamente, sem uma palavra ser dita através de seus lábios, mas por algum motivo Luciano pensou haver ali uma permissão, constando que estava certo quando o homem à sua frente acenou 'sim' fracamente, assim ele tratou de fazer seu trabalho. As mãos do retinto tocaram com delicadeza o tornozelo alheio, uma delas descendo para perto da sola do sapato e o tirando devagar.

For Stay Together - BraargOnde histórias criam vida. Descubra agora