Capítulo 3

171 10 17
                                    

— Explica o que aconteceu. Agora. - a voz masculina calma, baixa e fria como gelo tomou o ambiente outrora silencioso. O grupo de somente cinco pessoas comportadas na sala de estar da casa (não tão) abandonada não contestou a clara, porém passiva, rudez do homem - estando também em seus próprios dilemas não obrigatoriamente ligados à situação. Os olhos escuros como noite rodeados por bolsas visíveis de orelhas fundas o olhavam com questionamento, as sobrancelhas levemente ralas levantadas, pedindo por respostas rápidas.

Sentado no braço quebrado do sofá principal, Luciano soltou um suspiro audível conjunto à suas próprias aflições, alívios e leve agonia, estando de frente para o homem de cabelos escuros como petróleo e pele branca, deu-se apenas por balançar sua cabeça em positivo. Sem rodear, deu de ombros.

— Aaah... Paulo, pessoal, olha, eu sei que foi repentino, mas vocês sabem que eu não conseguiria deixar duas pessoas inocentes que não tinham como se defender, ao relento! - firmou altivo, e abaixou mais o tom de voz a medida que continuou a falar — Eles estavam prestes a morrer por um zumbi. Eu trouxe a maioria das coisas que o grupo precisa, mas desisti dos suprimentos médicos porque bem, a única farmácia que parecia ter algo, tinha a porra de um zumbi morto soltando sangue pra caralho pelo lugar todo! Eu tinha atirado e rapidinho outros zumbis iam aparecer por lá, eu precisei ajudá-los!

Outra vez, mais ninguém se atreveu a falar por alguns segundos. Embora nenhum dos presentes ali de fato julgasse Luciano, o moreno descontava sem perceber algo que parecia beirar à ansiedade em seus dedos, vez ou outra passando a mão pela nuca. As orbes inquietas passavam de rosto em rosto dos presentes ali.

— Mas mon cheri, você se certificou se eles não se contaminaram? É só que estamos preocupados no momento, você sabe... 

— Francis, olha... Tá tudo bem, tá beleza? Só tinha um caco de vidro que a Catalina me ajudou a tirar do pé do Mar-

— Luciano, ele tinha O QUÊ? - Paulo esbravejou, inspirando forte e puxou os próprios cabelos. 

— A porra de um caco de vidro cortando o pé dele, Paulo! E não! Não estava contaminado! Será que dá pra esperar eu terminar de falar!? - questionou elevando novamente a voz, o moreno levantou-se do sofá, a expressão séria exposta para todos naquela sala. Ação que foi imitada pelo o homem de olhos rapidamente puxados. 

— Como você poderia saber se estava contaminado ou não?! Por acaso você é o médico agora?

— Tu sabe que os sangues são diferentes, merda! Não precisa ser a porra de um médico que nem você pra entender!

Vendo que a situação poderia evoluir para uma briga, o de Ricardo anteriormente sentado ao lado de Paulo, se levantou pondo uma de suas mãos sobre os ombros estreitos do marido e a outra estirada em direção ao irmão — Ou, ou, rapazeada, vamo' para de caô?! Boneca, se acalma aí!

— Ricardo, por que você...! Aaah! Tá, eu sei, desculpa! É só que-

— Não tinha sangue coalhado, relaxa - Luciano interrompeu. Com a atenção toda voltada para Paulo, moveu o braço e as mãos relaxadamente e continuou — O sangue também não chegou nem a encostar neles... Olha, eu sei que todos vocês estão preocupados, e situação não é das melhores pra ninguém, mas... Aqueles dois são fortes, mas isso não é suficientes pra ficarem só. Ninguém aqui é. Eu vi desespero e agradecimento no rosto de Martín, e eu nunca teria coragem abandonar eles.

Se levantando da cadeira velha próxima ao sofá, o único croata do grupo e um dos estrangeiros se pronunciou pela primeira vez — Tem razão, meu amigo. Discutir não vai levar a nada e de qualquer foram, ninguém aqui tem culpa de toda essa merda. Eu sugiro agora todos nós irmos pegar os suprimentos trazidos por Luciano. - Drazen, com seu jeito excêntrico, passou seus olhos sobre os dois homens que discutiam. A mão grande e pesada repousou nos ombros do brasileiro, os olhos verdes fixados aos castanho escuro de Paulo — O Luciano sabe o que faz, dê uma chance a ele. Vou chamar um pessoal para ir comido pegar os suprimentos que faltam mais tarde. - findou, e sem dar mais espaço para aquela discussão julgada por ele mesmo sem sentido continuasse, saiu do recinto.

For Stay Together - BraargOnde histórias criam vida. Descubra agora