Silencenus

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Chaeyoung's Pov

Silencenus (n.): o intenso desejo de silenciar a própria mente.

   Cambridge tinha, tradicionalmente, cheiro de café, croissants e natureza. Entretanto, em nenhuma outra estação do ano se podia sentir tão forte o cheiro das folhas queimadas que se misturavam ao vento gelado e corriam por toda a cidade. Era quase como uma ajuda da natureza para aumentar o encanto quase místico daquele lugar. Aquele cheiro específico invadia o meu nariz, causando aquela sensação típica de congelamento que percorria todo o trajeto do meu pulmão, gelando o meu peito, enquanto eu, Dahyun e Momo, caminhavamos até o The Village.

- Voce está bem? - Dahyun perguntou, depois de me dar algum tempo de silencio, enquanto caminhavamos, sem nem ao menos tentar me envolver na conversa com Momo, coisa pela qual agradeci mentalmente.

- Perfeitamente. - respondi simplesmente, sem olha-la e parando na calçada, ao lado do poste de semáforo, esperando a sinalizaçao abrir para os pedestres. Coloquei as mãos nos bolsos do moletom e fixei meu olhar no semáforo com o bonequinho vermelho brilhando do outro lado da rua.

- Tem certeza? - minha amiga questionou-me para confirmar. - O que Mina fez foi tão...

- Professora Myoui. - a corrigi, sem humor algum. - O assunto Mina morreu, - falei, sem tirar os olhos do bonequinho que nunca ficava verde.

- Morreu? - Dahyun perguntou, demonstrando
claramente que não havia entendido.

- Ela quis dizer que não era mais pra voce falar sobre a "falecida" perto dela. - Momo respondeu por mim e eu agradeci mentalmente a inteligencia perspicaz da garota.

- Que falecida? - Dahyun virou a cabeça que estava voltada para mim bruscamente, para poder olhar Momo.

- A "morta". - Momo explicou outra vez, em um tom de obviedade.

- Que morta? Quem morreu? - minha amiga perguntou, mais uma vez e eu mal pude acreditar que ela estivesse sendo tão lenta em entender assim. Momo arregalou levemente os olhos, olhando estupefata para Dahyun.

- Ela disse pra voce não falar mais na Mina. "O assunto Mina morreu". - ela falou, fazendo aspas com os dedos, usando um tom de tanta obviedade que eu quase tive vontade de sorrir, mas o gelo em meu peito rapidamente congelou a vontade.

- Ahhhhhhh! - Dahyun exclamou, expressando sua compreensão e seguindo-me enquanto atravessavamos na faixa de pedestres. - Não podemos mais falar na Mina, mas aposto que não vão se passar cinco minutos até ela mesma falar da suposta "falecida". - minha amiga falou, em um tom descontraído. O simples fato de escutar o nome dela estava tornando o meu peito cada vez mais ártico. A cada menção do nome "Mina", eu sentia-me dar um passo mais para dentro de uma geleira, para dentro do meu iceberg pessoal. Virei-me, parando de frente para Dahyun e Momo, parando de costas para a porta de entrada do The Village. Cruzei os braços na frente do corpo para me proteger de um frio intenso que, aparentemente, só eu sentia e encarei as duas, principalmente a minha colega de quarto.

- Eu falei sério. - falei em um tom sério, porém sem ser rude. - Eu não quero mais falar nesse assunto. Não quero mais falar nela e nem ouvir o nome dela a não ser que seja extremamente necessário por questões da universidade. Dahyun me olhava com certo arrependimento no olhar e apenas balançou a cabeça em afirmação. A expressão de Momo apenas reafirmava que ela já havia entendido. Dei-lhes um sorriso curto de agradecimento e virei-me de frente para a porta, empurrando-a e adentrei o local sem ao menos sentir vontade de olhar para o lugar onde ela costumava ficar.

- Olha, as meninas estão aqui também. - a voz de Sana soou atrás de nós enquanto caminhavamos em direção nossa mesa de costume. Olhei rapidamente por cima do ombro e a vi andando, acompanhada por um garoto da nossa sala, chamado Bob que havia migrado de Salt Lake City para Cambridge, Miyeon, filha de um político do estado de Idaho e um outro garoto que eu nunca havia visto. Dahyun e Momo a cumprimentaram enquanto caminhavamos juntos até a mesa. Sentei-me, como sempre fazia, de costas para onde Mina costumava estar e observei todos os outros cinco ocuparem lugares á mesa. O garoto o qual eu não sabia o nome puxou uma cadeira da mesa ao lado, que estava vazia, e a colocou bem ao lado da minha.

Wonderfall - MichaengOnde histórias criam vida. Descubra agora