Menina mulher

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Martin.

Observava os olhos da irmã se encherem de lágrimas, ao tocar as quatro bonecas recém desembrulhadas.
Ela tremia a medida que notava cada detalhe, desde as roupinhas até os lacinhos de cabelo .

- Como conseguiu isso ?- questionou tão abismada como podia ser uma menina de 7 anos .

- Promete não contar para ninguém!- pediu preocupado .

- Sim prometo .

- Sou amigo da filha dos Cartier, essas bonecas ela separou para te dar. Numa conversa confessei sobre seu desejo de ter uma .- explicou baixo com medo de alguém ouvir.

- Mas nossos pais dizem que os nobres são cruéis?- ergueu uma das sobrancelhas confusa .

- Makeda não é assim , gosto muito dela. É a menina mais linda e gentil do mundo. - afirmou com os olhos brilhando ao recordar da pequena nobre.

- Tens razão irmão, somente pelo ato dela em me dar essas coisas caras podemos ver isso.

- Por favor guarde esse segredo .Se descobrirem nunca mais a verei .- suplicou aflito .

- Pode confiar e toda vez que for vê-la distrairei nossos pais para que possa ter mais tempo com sua amiga .

- Obrigado irmã!- abraçou a garotinha que sorria sempre que olhava para as bonecas .

.......

França

Sete anos depois

Martin

Cortava lenha, para aquecer a pequena cabana de sua família, naquele inverno .
Observava ao longe os olhares femininos sobre si , entretanto, nenhuma conseguia lhe despertar interesse para algo além.
Era no mínimo estranho que com seus 17 anos, ainda não tivesse almejado tais sensações. Todos os amigos , já tinham se relacionado sexualmente com alguma das jovens da vila,exceto ele.

Não que se preocupa-se com isso , estava perfeitamente bem assim, para que manter esse tipo de contato com alguém sem que acha amor envolvido.
Os colegas diziam que deveria tirar tais sandices da cabeça, porém sempre fora guiado pelo amor em sua vida .

Amor a família, a cuidar dos animais, amor a amizade que mantinha com Makeda ....

Lembrar dela o fazia sorrir feito um idiota, contudo era mais forte que ele. Pensar nela o fazia se sentir completo , pleno e feliz ....
Imensamente feliz...

A cumplicidade dos dois resistiu aos anos , quem diria que algo iniciado a 7 anos por duas crianças iria se perpertuar dessa maneira .

Depois de separar os blocos de madeira , tomou um banho demorado e colocou uma roupa limpa. Estava na hora de vê-la o que fez seu coração acelerar gradativamente.

Ajeitou os cabelos claros , da melhor maneira possível e seguiu até o local de costume.

........

Dinamarca

"Falidos " a palavra martelava na cabeça de August, como um mal presságio. A mãe não parava de chorar dissendo a todo o instante como seu pai fora estúpido de apostar todos seus bens em uma mesa de jogatina. 

Tinha chegado a pouco de Londres , e iria contar todos os detalhes  da faculdade de medicina,  porém mal atravessará a porta e a alegria deu lugar a tristeza.

A única criada da casa lhe ofereceu um chá que ele aceitou sem delongas.
Tinha uma faculdade para terminar e a família precisava de dinheiro urgentemente.

Nem queria ver o estado de suas irmãs com a notícia,  as meninas estavam abituadas ao luxo e agora simplesmente teriam que se desfazer de todos os pertences valiosos .

Ele riu de forma amarga, não queria ser um João ninguém,  muito menos mudar seu estilo de vida. Odiava pobreza e não acetaria viver assim nem que fosse a última opção.

A porta foi aberta com certa urgência e o rosto de seu pai parecia iluminado por alguma solução repentinamente:

- Tenho a solução de nossos problemas, filho irá se casar com a filha dos Cartier! - ofereceu o melhor sorriso para o primogênito e lhe tocou o ombro .

- O senhor enlouqueceu ela é escura , e gorda como uma porca. Prefiro morrer a me juntar com essa gente. - se afastou do toque do pai com certa irritação.

- Eles tem muito dinheiro e estão oferecendo um dote exorbitante para desposar a filha . Nenhuma família na França parece motivada o suficiente para fazê-lo,  logo e nossa chance de sair da sarjeta. Sei que gosta da vida boa e também precisa concluir seus estudos. Pense em suas irmãs que dependem de ti .....- parecia mais uma serpente destilando veneno do que seu próprio pai falando .

- Deixe o orgulho de lado e pense nos benefícios,  terá do bom e do melhor , será um médico conceituado e poderá ter amantes para compensar o sacrifício de deitar com a jovem roliça.- os olhos brilhando ao ditar cada parte do plano causavam certo enjoo em August , seu progenitor estava o obrigando a se vender por dinheiro,  aquilo soava quase como um tipo de prostituição.

Observou o mesmo encanto nos olhos da mãe e com pesar notou que não teria escolha.

- Quando podemos partir para a França?- questionou com um gosto amargo no estômago.

................

Makeda

França

Martin estava tentando construir uma casa na árvore,  tentava ler  porém o barulho das madeiras e de todo o trabalho desviavam sua atenção.
Resignada olhou para o amigo que carregava um peso atrás do outro , notou os braços musculosos se contraindo sobre a camisa branca surrada e as costas largas e definidas visíveis pelo esforço e também pelo tecido fino .

Um calor passou por seu corpo e se estendeu por lugares que ela sequer ousou imaginar ser possível.  Tentou afastar as sensações fixando seus olhos na página recém aberta ,contudo teimava em erguer as vistas para o camponês viril.

Ela não deveria pensar nessas coisas,  era seu amigo que estava ali , quase irmãos. Entretanto,  a necessidade pareceu falar mais alto.

Martin era um dos poucos e únicos homens que ela tinha certo contato .Os outros eram empregados da mansão.

Reprimindo qualquer resquício daquela sensação acabou fechando os olhos e respirou fundo.

- Está tudo bem?- questionou o loiro intrigado com a inquietação dela .

- Sim só estou cansada,  acho melhor partir!- explicou se levantando é começando a organizar as coisas do piquenique.

- Nos vemos amanhã!- sorriu e praticamente correu para  a casa .

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