Um coracao atormentado

69 9 2
                                    







Martin

Terminou o trabalho mais cedo naquele dia , como esperado não via Makeda a mais de uma semana .

Talvez a amizade que mantinham estivesse se deteriorando sem ao menos perceber .

Algo estava acontecendo , porém não sabia como descobrir,  pois a mansão dos Cartier parecia a cada dia mais vigiada.

A única coisa que ouviu foi sobre a chegada de uma família dinamarquesa. O que o encheu de certa curiosidade, afinal até onde sabia era o único amigo que a nobre tinha.

O boato de que ninguém se socializava com os nobres de cor era geral .

Na parte da tarde , foi ajudar o amigo no trabalho braçal.
era quase como um irmão , visto o tempo que se conheciam .

Por um momento o loiro deixou o machado de lado e sentou na grama em busca de um pouco de descanso .

O outro tagarelava sobre a jovem do vilarejo por quem se apaixonou perdidamente.

- Precisa conhecê-la Martin ! É sem dúvidas a rapariga mais linda da Inglaterra. - comentou ajeitando os últimos blocos de madeira .

- Sabe muito bem que a dama mais linda que conheço é Makeda .- retrucou aborrecido.

- Não deveria pensar assim amigo , soube que em breve sua nobre vai se casar com um dinamarquês. - expressou o moreno se sentando ao seu lado no campo .

Martin tentou demonstrar naturalidade , porém a sensação que o tomou foi tão forte que precisou respirar fundo algumas vezes.

Ela não podia casar , tinham prometido que seriam só eles para sempre. Amigos para sempre....

Como foi tolo em pensar que ela tinha levado um juramento infantil a sério. 

Por isso , não há via a semanas,  simplesmente estava desfrutando dos momentos com o noivo e se esquecerá do plebeu que esteve ao seu lado o tempo todo.

Uma mistura de raiva e tristeza o atormentaram naquele instante.  Sempre achou que a menina era sincera e gentil , mas pelo visto não passava de uma mentirosa que na primeira oportunidade o descartou como se fosse lixo.

Se levantou as presas querendo tirar aquela história a limpo. Contudo,  antes de dar o primeiro passo o colega se projetou a sua frente:

- Martin não faça nenhuma besteira!  Pensa na sua família,  todos avisaram que não valia a pena andar com os nobres , entretanto ficou completamente cego com essa menina. ...- argumentou tentando acalmar os ânimos.

- Preciso vê-la,  tenho que parabenizá-la por ser tão cínica e ter me feito de imbecil durante tantos anos ...- A raiva contida nas palavras chegava a assustar.

- Promete que terá prudência.- pediu aflito .

- Prometo! Agora me deixe passar .- ordenou caminhando apressado.

Makeda

Sentia falta de sair , respirar ar puro,   o possível casamento tinha a feito prisioneira na própria casa .

A mãe a tratava como uma boneca que precisa a cada instante de um vestido novo , ou aprender a ter cada vez mais classe e etiqueta.

Segundo ela damas não perambulavam por jardins, nem gastavam tempo lendo livros adocicados.

Ao contrário,  precisavam ser requintadas,  submissas e ótimas em simplesmente abaixar a cabeça para tudo que o marido deseja-se.

Esse era o tipo de vida que toda menina sonhava , mas por alguma razão ao mesmo tempo que se sentia empolgada pela ideia , tinha certa melancolia ao se imaginar assim pelo resto da vida.

Sonhava com um amor livre, onde seus anseios também pudessem ser supridos .

A possibilidade de se anular parecia amarga demais aos seus olhos.

A noite agradável cobria o céu,  estrelas brilhavam como diamantes naquela mansidão noturna.

Parecia loucura , mas queria sentir o vento de perto.

Por isso sorrateiramente saiu , tendo o cuidado de descer as escadas com um castiçal na mão iluminando o caminho . Entrou pela ala dos criados e pegou a chave que ficava guardada para emergências.

Abriu a entrada dos fundos e foi recebida pela leve brisa londrina .

Por algum motivo seus pés seguiram para o lugar que geralmente era o esconderijo dos encontros com seu amigo de infância.

Observou o local sentindo a saudade lhe apertar o peito , os olhos se encheram de uma emoção repentina .

Contudo, um barulho de passos de cavalo a fez se encolher entre as árvores.  O medo subiu por sua espinha,  afinal tinha um castiçal indicando sua presença para a possível ameaça.

Não podia apaga-ló,  pois não teria como retornar para casa. O barulho ficou mais alto e próximo e antes que conseguisse correr foi vista pelo que julgou ser um homem devido a altura e corpo forte .

Fez menção de correr , porém tropeçou num galho e acabou perdendo o equilíbrio,  quando braços a rodearam com firmeza .

Ela foi arrastada para o tronco da árvore e em meio ao escuro tentou identificar o rosto dele .

Olhos azuis claros que ela conhecia muito bem a olhavam de forma severa em meio a pouca luz .

- Martin ! Fico feliz que seja você,  achei que estivesse em perigo .- disse  tentando abraçá-lo,  entretanto o rapaz se esquivou evitando seu afeto .

- O que houve ?- questionou sentindo um incômodo súbito com tal rejeição.

- Digamos que uma dama comprometida não deve tomar tais liberdades com outro que não seu noivo .- ditou debochado olhando-a como se fosse alguma despudorada.

- Martin..... ia contar mas...- as palavras morreram em seus lábios com o olhar duro que lhe foi oferecido.

- Fez bem , uma dama não se comunica com a plebe . Não sou nem um pouco importante para a senhorita , afinal me descartou como se nunca tivesse realmente se importado com nossa amizade ...- A mágoa atingia cada sílaba.

- Não planejei me casar ,acredite em mim.  Meus pais arrumaram esse pretendente e não posso recusa-lo entende.....- explicou tentando novamente se aproximar , porém ele recuou.

-Mentirosa!- esbravejou com raiva.

- Nunca menti para você,  sabe disso ....- retrucou firme diante da acusação.

O amigo abaixou a cabeça e respirou fundo,  talvez lutando para confiar nela .

Com cuidado foi até ele e tocou seu rosto com carinho  .

- Acredita em mim ... Por favor ...- sussurrou encantada pela beleza dele .

Movido pelo sentimento a abraçou apertado,  envolvendo a cabeça no ombro feminino.

- Não deveríamos fazer isso ....- sussurrou próximo ao ouvido dela.

- Nada vai mudar entre nós,  prometo ....- confirmou inebriada pelas sensações do contato.

Sentiu as mãos masculinas trêmulas em sua cintura descerem até pousarem em suas nádegas as apertando com força e ao mesmo tempo vontade .

- Martin o que está fazendo....- A voz saiu fraca quase que num sussurro.

- Não quero te perder para outro Makeda , eu me recuso a abrir mão de você. - a voz rouca e desejosa a fizeram sentir um calor desconhecido no baixo ventre . Uma sensação avassaladora e ao mesmo tempo prazerosa....

......

Continua...

Feita para Mim Onde histórias criam vida. Descubra agora