Capítulo 9: O Grande Rei Assume o Controle

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O chão tremia sob nossos pés e pedras deslizavam em nossa direção enquanto corríamos pelo túnel abafado

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O chão tremia sob nossos pés e pedras deslizavam em nossa direção enquanto corríamos pelo túnel abafado.
- Edmundo! Faça alguma coisa!
- O que você quer que eu faça?!
- Você é um rei!
- Ser rei não me dá o poder de derrotar um dragão - ele estava ofegante. - , não agora que estou sem reforços.
- Esse túnel deve ter alguma saída! - exclamou Brambrewick. Com suas pernas curtinhas, era difícil correr.
O túnel se estendia à frente, era a ocasião perfeita, um labirinto de sombras e nossos ecoates passos apressados.
Atrás da próxima parede, encontramos um refúgio temporário, onde teríamos alguns segundos para formar um plano de fuga. Os rugidos e o calor intenso davam a entender que o dragão estava perto o bastante.
- O que vamos fazer? - Brambrewick perguntou.
Edmundo, ofegante, olhou em meus olhos.
Suas sardas mais evidentes que nunca e alguns fios de seu cabelo tentavam cair em ses olhos.
- Me dê o arco - disse ele.
Na verdade, aquilo estava mais para uma ordem.
- Ed, vai machucar ele.
Edmundo me encarou, sombrancelhas arqueadas, boca entreaberta.
- Você prefere que ele nos machuque? A última vez em que você usou um arco e flecha, você se machucou.
Eu estava longe de ser uma boa arqueira. Não tive anos de treinamento como os Pevensie tiveram.
- Eu faço isso. Não deve ser difícil - dei um sorriso duro, posicionando o arco. Edmundo se afastou.
Não pretendia feri-lo de forma alguma, mas a fera se aproximava sem nenhum interesse em fazer amizade. Respirei fundo, precisávamos daquele dragão, tudo mudaria se todos soubessem da sua história.
Esperei que o dragão estivesse perto o bastante para que pudéssemos nos encontrar, então avancei com a última gota de determinação que me restava.
Suas asas eram majestosas, enfeitadas por cicatrizes, marcas de batalha. Aquela criatura ferida, faminta e imponente me fez hesitar, questionando a necessidade do meu ato.
- Acerta ele! - a voz de Edmundo me fez voltar à realidade.
Ergui o arco, mirando em sua direção. Vi as mandíbulas do dragão se abrirem, revelando as chamas que estava disposto a lançar sobre nós. O estalo agudo da flecha cortou o ar, e foi certeiro ao atingir o olho esquerdo do dragão.
O seu rugido agudo e ensurdecedor ecoou pelo túnel, trazendo uma explosão de chamas que poderia engolir o túnel caso se transformasse em um mar de lavas.
Senti a mão de Edmundo segurar a minha firmemente, e disparamos a correr. Brambrewick havia encontrado uma passagem de volta à cidade. Uma pequena porta redonda no teto do túnel.
Pediu ajuda, e Edmundo logo correu para ajudá-lo. Com um último empurrão, a porta antiga se abriu. Não havia luz, mas o vento refrescante do lado de fora se infiltrou pela passagem recém-aberta. Não trocamos olhares vitoriosos, ainda era cedo demais. Brambrewick foi o primeiro a passar. Estendeu a mão quando foi minha vez, e Edmundo me ajudou com o equilíbrio, foi quando outro rugido ecoou pelo túnel, um rugido próximo demais.
- Eleanor! - gritou Edmundo.
- Meu vestido ficou preso! - exclamei.
A sensação de desespero cresceu quando percebi que o dragão já se aproximava rapidamente.
- Cuidado com a perna - alertou ele.
Com um movimento rápido e preciso, a lâmina da sua espada cortou suavemente o tecido preso. Tudo estava acontecendo tão rápido, fechei os olhos ao sentir outra mão agarrar as minhas e ajudar Brambrewick a me puxar para cima.
Só abri os olhos quando senti meu corpo ser levantando.
- Você está bem? - perguntou uma voz agradável e familiar.
Caspian estava parado bem à minha frente, com um semblante totalmente confuso.
- Elle! - gritou Edmundo, sua voz abafada. - Confia em mim, eu mantenho ele distraído! - a voz se afastou.
- É o Edmundo? O que está acontecendo? - perguntou Caspian.
Suspirei.
- Garoto teimoso - resmunguei. - Brambrewick, demoramos quanto tempo para encontrarmos uma passagem? - perguntei, fazendo uma massagem em minhas têmporas.
- Uns dois minutos contando com seu vestido enganchado.
- Talvez tenha uma passagem próxima - pensei em voz alta. - Harley pode ter deixado passagens a cada dois quarteirões.
- Dois quarteirões? - repetiu Caspian.
- As passagens não se abrem por fora, senhorita. Se fosse assim, o dragão já teria sido descoberto há muito tempo.
- Não importa, Edmundo ainda está lá dentro - falei, saindo.
- Alguém pode me explicar o que está acontecendo? Onde estão Pedro, Lúcia, Susana? - Caspian me seguiu.
Continuei calada, impaciente.
Andei o mais rápido que pude, tentando fazer um mapa mental até a próxima passagem, ignorando os questionamentos de Caspian e as intervenções de Brambrewick. Senti um aperto no peito, meus olhos estavam embaçados e minhas mãos trêmulas. Se alguma coisa acontecesse com Edmundo, a culpa seria minha e daquele vestido idiota. Pedro me mataria. Olhei para meus pés, grande parte da bainha do vestido estava rasgada.
Ou melhor... cortada.
Um rugido agudo e ensurdecedor ecoou pelos arredores, anunciando a chegada do dragão. Antes que eu pudesse reagir, a terra que tanto tremia explodiu, me lançando ao chão.
O dragão emergiu triunfante, pronto para espalhar chamas por toda parte.
Meu coração disparou ao procurar por Edmundo.
Com os olhos mesmo tão embaçados, eu o vi, montado no próprio dragão.
A fera lançava chamas em árvores, tendas, tentando se livrar do garoto em suas costas, até que de repente, ele saltou para longe, caindo no chão.
- Ed! Edmundo!
Ele tentou ficar em pé, cambaleou duas vezes até seus olhos encontrarem os meus. Então abriu um sorriso amigável.
Não retribuí o sorriso, apenas corri o mais rápido que pude e o envolvi em um abraço.
- Está chorando? - perguntou ele. Não senti o abraço ser retribuído, quando percebi, o desfiz.
- Na próxima vez - ameacei. - , não tente matar um dragão sem reforços, não faça nada que te machuque, porque isso vai me machucar também.
- Por que está dizendo isso? - senti sua mão suave acariar minha bochecha. - Até parece que algo poderia te machucar, Ellie Beaumont.
Seus olhos encontraram os meus, transmitindo um conforto que eu nunca havia sentido antes.
- Se não for um problema, eu gostaria de saber o que está acontecendo aqui - disse Caspian, se aproximando de nós.

Entre Dois Mundos: Os Reis e a Garota de Londres (Edmundo Pevensie)Onde histórias criam vida. Descubra agora