cap 2: Supermercado

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> Clarisse
Por um momento sinto meu coração errar uma batida e meu corpo estremecer por um milissegundo sem meu sangue ser bombardeado. Mas eu não vou me deixar afetar. Eu consigo confrontá-lo.
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- O que caralhos você está fazendo em São Paulo? Não achei que fosse sair de lá.

- Acho que você não foi a única pessoa da terra que teve uma carreira bem sucedida Dra. Lopes.

- Não foi nesse tom que eu falei.

- Mas pareceu.

Um segundo de silêncio ocorre e quando Lara abre a boca para dizer algo, seu telefone toca.

- Eu tenho que ir.

Ela o fita mais uma vez e ele dá um breve sorriso.

- Até mais doutora. - Disse Alexander olhando-a nos olhos.

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Foi apenas um dia longo e chato lendo e preenchendo prontuários, fazendo visitas de rotina e estudando para suas pesquisas de extensão.
Camila, amiga de Clarisse, decide trocar seu dia de plantão pois está precisando de algumas horas depois de ficar fora por um tempo. A médica agradece e vai ao seu armário pegar suas coisas.

A ala dos médicos está muito silenciosa naquela noite, Clarisse acha muito estranho, mas segue normalmente. Até que ela sente mãos grandes e muito fortes agarrarem sua cintura.

- Mas que merda Derek, que susto!

- Shhh fica quieta.. - Diz baixinho enquanto beija o pescoço dela.

- Você sabe que eu não vou transar com você aqui, não sabe?

- Eu sei?

- Deveria!

Lara empurra Derek para o lado e continua guardando suas coisas. Derek se senta no banco ao lado deles e diz:

- Sabe, não se desperdiça uma oportunidade assim... - Diz com um sorriso de canto.

- Você se ama muito não é? - Diz rindo.

- Não finja que não gosta.

- Eu tenho que ir, e nunca mais faça isso! Me assustou de verdade seu filho da puta.

- Tá bom doutora esmagadora de corações. Mas... - Derek encara Clarisse com seu melhor semblante de pidão e pergunta:
- Nem uma rapidinha?

Clarisse se aproxima, segura seu rosto e olha para ele. E então diz:

- É claro.

No mesmo instante ele abre um sorriso e  então ela complementa:

- É claro que não Derek.

Então ela dá um selinho nele e vai embora.

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À caminho do estacionamento, já procurando suas chaves na bolsa ela vai até sua moto. Sua moto estava estacionada ao lado de outra moto que chamou a atenção dela, mas ela logo deixou de lado.
Na metade do caminho ela decide passar em um supermercado para comprar algo para a janta pois não está muito afim de cozinhar.

Chegando lá, ela pegou seu carrinho, colocou um fone de ouvido e começou a comprar algumas outras coisas enquanto decidia o que iria comer. Ela estava passando no setor de limpeza quando alguém esbarra em uma pilha de papel higiênico enorme em sua frente.

- Era só o que me faltava - Pensou ela.

- AI MEU DEUS DESCULPA! Não foi por mal eu juro! - Exclamou uma voz masculina enquanto Clarisse observava a bagunça que ele fez, e então ela vira pra ele e diz:

- Relaxa, tá tudo b... bem. Você de novo? - Pergunta olhando para Alexander.

- O que você tá fazendo em um supermercado às 19:00 de uma quinta feira?

- Eu acho que você sabe o que as pessoas fazem em um supermercado. Ou talvez não, visto que você anda derrubando pilhas de papel higiênico.

- Bom, eu acho que você já é muito amargurada pra sua idade.

- Quem sabe eu seja. - Diz ela virando seu carrinho para seguir em frente enquanto Alexander junta os últimos pacotes de papel.

Até que ela para no final do corredor e encara uma prateleira, ela não vai conseguir alcançar aquela merda sabão em pó e só havia eles naquela seção.
Que droga ein?

- Porra, por quê não me fez 10 centímetros mais alta Deus? - Diz ela ficando de ponta de pé para tentar pegar aquele sabão.

Seu dedo chega a encostar a embalagem mas ela não consegue. Até q ela escuta uma risada vinda de Alexander, ele está a encarando.

- É, você realmente não cresceu né baixinha? - Diz ele indo até ela e pegando o sabão.

- Não, não cresci. Algum problema?

- Por quê você tá sempre na defensiva? Não falei besteira para você nenhuma vez.

- Exceto há 14 anos atrás.

- Ainda remoe isso? A gente era praticamente criança.

- Só estou constatando um fato, não lembrava nem que você existia antes de esbarrar com você hoje.

- Você não tem cara de quem esquece facilmente.

- E você tá enganado, me conheceu com 16 anos, não sabe praticamente nada sobre mim.

- E você mudou tanto assim? Porque eu ainda tenho certeza de quem está cantando no seu fone.

- ... Você sabe que esse tipo de coisa não muda. - Clarisse dá um breve sorriso pela primeira vez em sua presença.

- Seu sorriso também continua igual.

- Obrigada? - diz confusa.

- De nada, sempre achei seu sorriso lindo. - Diz com naturalidade como se fosse a verdade mais óbvia do mundo.

Clarisse fica em silêncio e pensa em perguntar mais sobre ele, mas desiste rapidamente. Ela pigarreia com a garganta e diz:

- Bom, eu vou terminar as compras antes que fique tarde. Boa noite pra você e vê se não esbarra em outra pilha de papel higiênico.

Na Velocidade da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora