Após aquele jantar, Natália e eu nos aproximamos ainda mais, obviamente ela mantinha a ideia de que Bruno fora empurrado, porém, com certeza havia desfocado de mim como algoz de seu irmão.
Por bem, Pedro não continuou com o plano de me conquistar, o que de certo modo me aliviou, seria terrível admitir que eu cairia no conto do vigário mais uma vez e pra piorar, com o irmão de Bruno. Pedro era um cara bacana, meio sem paciência com a irmã mais nova, no entanto, dava pra sentir que tinha uma infinita consideração por Natália.
Escuto o interfone.
- Carol?! – Era Natália, reconheceria sua voz em uma multidão. – É Natália! Aproveitei que estava por perto e vim te trazer uma bomba!
- Pode subir, Natália! – Arrumei meu robe de seda, dei um sorriso quando lembrei a empolgação na voz da minha amiga, ela era louquinha, mas era demais. – Abri a porta esperando o elevador chegar.
Assim que a vi sorri, era impossível não ter esta reação quando ela aparecia como um furacão, nos abraçamos e afirmei o quão bom era ter sua presença ali.
- Carol, você não vai acreditar! – Sentamos no sofá. – Estava separando algumas coisas para doar, sabe? No quarto do Bruno! e em uma caixa, eu achei essa foto. – Ela tirou o papel fotográfico da bolsa.
Observei de relance, sem ter uma imagem clara ainda, foquei um pouco quando coloquei meus óculos e ali, naquele papel, estavam Helena e Bruno, ambos sorrindo, muito entrosados...
- Ué, não lembro deles saindo juntos, você lembra? – Questionei Natália.
- Esse é o ponto chave da bomba, Carol! Eles nunca tiveram nada, quer dizer, nós nunca vimos nenhuma interação significativa entre eles, contudo, essa imagem é uma prova. Prova que os dois não eram estranhos assim, eles tiveram algo que ninguém do grupo sabia, Carol! É PERFEITO! Pensa, se ninguém sabia da relação dos dois, ninguém iria desconfiar que Helena mataria Bruno! – Natália começou a andar de um lado para o outro na minha frente, mexendo em seus cabelos, enquanto eu permanecia paralisada. Bruno sempre foi um grande canalha, nossa... Que grande filho da...
- Eu vou lá, vou tirar satisfações com Helena, ela vai ter que me dizer algo, Carol! – Os olhos de Natália estavam arregalados, claramente ninguém poderia segurá-la. – Vou lá.
- Eu vou com você! – Levantei correndo a tempo de pegar minha bolsa, peguei meu celular rapidamente e digitei uma mensagem para Wanda.
E naquele carro, enquanto estava ao lado da Natália, me senti feliz, quer dizer, tinha um motivo para estar ali, ao lado dela, apoiando sua investigação às avessas, qualquer motivo era válido, para ter um pretexto de ajudá-la, tinha me esquecido como era bom ter uma aventura boba pra realizar, sabe? Wanda não era muito de aventuras, e ela era a única que eu poderia considerar Um tipo de amizade. Natália era essa correnteza desenfreada, um poço de pensamentos aleatórios e sem um pingo de filtro, engraçada e encantadora com seus olhos brilhantes...
- O que foi, Carol? Tem alguma coisa na minha cara? Você não para de me olhar...- O quê??? Não! É, cuidado Natália! Olha pra estrada! Eu não estava te olhando! Estava olhando através de você! É diferente!
- Tá me chamando de fantasma? Ou você tem uma visão raio-x, like a clark Kent? – Comecei a rir, juntamente com ela! Era isso que me encantava nela, seu bom humor e essas piadocas...
- Sabe Carol, não tenho palavras pra agradecer sua ajuda, sabe? Esse suporte que você está me dando...
- Quê isso, Natália! Eu não estou fazendo nada demais... só... só estou te acompanhando, sabe?
- Ah, claro! Acha que não vi? Você mandando mensagem pra Wanda? Falando que iria faltar ao trabalho hoje?! Pra resolver um assunto particular. – Fiquei embasbacada com a perspicácia de Natália, como ela havia percebido tudo isso? – O trabalho é algo muito importante pra você, sei disso, assim como a escola era importante pra há 25 anos atrás.
- Bem, tem algumas pessoas que valem a pena, e por essas pessoas, não consigo manter minha skin pesquisadora/doutora..., além do mais, quando eu vou ter outra chance de ver Helena chocada? Quem sabe até role uma lutinha, heim? Kkk – Quero filmar esse “ kill Helena”by Natália...
- hahahaha, você é péssima, Carol! Pode deixar que eu vou fazer meu show !!!! – Natália sorriu pra mim, também sorri, aquela situação me fazia tremer de excitação, tal qual em um parque de diversões.
Natália sempre seria uma montanha russa de emoções em minha vida. Eu só não tinha percebido isso à época.
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Inefável - Narol
RomanceEnquanto tudo se desenrolava acerca da morte de Bruno, a aproximação de Natália e Carol foi inevitável, e após 25 anos, algumas verdades necessitam vir a tona.