Eu desisto de tentar fazer minha mãe me entender.
O quão difícil pra ela é enxergar que não me sinto bem na católica, e muito menos na presença dela?
Ela não percebe que não consigo ficar naquela igreja porque não me sinto bem?
Não enxerga que ela me faz mal dentro de casa, que tem sido uma mãe tóxica falando que pode me tirar do mundo com a mesma facilidade que me colocou?
Eu fui de peito aberto disposta a falar que me encontrei na religião evangélica, que meu amor pela católica não ia mudar, mas eu não consigo mais ir a uma missa sem me sentir um peixe fora d'água mesmo que esteja praticamente a minha vida inteira numa igreja católica, e que meu coração pertence a evangélica.
Mas em troca ela veio com sete pedras na mão e no fim de tudo por meu pai reclamar que estávamos discutindo ela diz "É sempre você, né?".
Sempre sou eu que escondo quando tô gostando de alguém, porque minha mãe vai jogar na minha cara que eu não vou ser o suficiente pra pessoa.
Minha mãe sabe que eu gosto do Dilan, mas não sabe que estamos ficando, só minha irmã sabe.
Como vou contar sabendo que ela vai dizer que por eu ser ficante dele ele pode ficar com qualquer uma e não vou poder dizer nada?
Sei que isso é verdade, mas dói ouvir isso da própria mãe.
Sempre sou eu que dou meu máximo pra dar orgulho pra minha mãe e no fim nem isso consigo.
Sou eu que sempre choro embaixo da coberta que nem estou fazendo agora, porque não quero minha mãe falando que estou chorando por besteira.
Eu tô dando o meu máximo pra me fazer feliz, mas com a minha mãe sempre sendo assim comigo, que na primeira oportunidade está me ameaçando pra me "tirar do mundo" me machuca cada dia mais.
Eu vou estar com um sorriso no rosto amanhã o dia inteiro, mas sei que no primeiro abraço que alguém me der e falar "me conta o que te deixou assim?" Eu vou desabar, porque eu sou assim.
Talvez eu seja mesmo uma garotinha indefesa, que não vai conseguir ir pra faculdade e se tornar cirurgiã, mas eu estou dando meu máximo nisso.
Mas me machuca, e muito.
Nessas horas queria um lugar pra chamar de lar, chamar de abrigo, chamar de porto seguro, mas não tenho e tenho que viver nesse inferno que minha mãe torna essa casa.
Nunca me imaginei ser feliz na escola e não querer vir pra casa, e agora vivo isso.
Meu abrigo se tornou a escola que eu chamava de "presídio" porque ela me trouxe pessoas muito importantes embora estejam a pouco tempo na minha vida, mas é questão de conexão não de tempo.
E hoje é só mais um dia, onde pedi pra ir pro culto, pra ir num lugar onde sei que me sinto bem e sei que me encontrei, mas que a mesma mulher me deixa mais distante do que me faz bem e tenta me puxar pro lado oposto.
Mais uma vez debaixo da coberta, nem fome tenho mais, já não faz mais diferença se eu comer aqui, não faço mais questão.
Dormir tem sido a melhor forma de passar o tempo que estou aqui.
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𝓐𝓼 𝓕𝓪𝓬𝓮𝓼 𝓓𝓸 𝓐𝓶𝓸𝓻
Short StorySerá que o amor sempre é lindo como dizem nos contos de fada?