16- Tentativa de Suicídio

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Depois do beijo, Vaggie se sentiu a pior pessoa do mundo por ter imaginado Charlie ali ao invés de sentir a Velvette. Ela sorriu sem graça, ofegante olhando nos olhos claros da colega.

- Acho que a bebida não me caiu bem. - Mentiu ao sussurrar no ouvindo de Velvette.

- Quer ir embora? - Falou alto quando as duas se separaram. Vaggie assentiu.

As duas saíram da boate e entraram no carro, Velvette também não estava se sentindo bem, a diferença é que não estava fingindo como a platinada ao seu lado.

- A noite foi divertida, Vaggie. - Falou prestando atenção no trânsito. - Devemos sair mais vezes.

- Também acho. - Sorriu de lado.

Ela não estava mentindo, gostou da noite com a Velvette mas não esperava imaginar Charlie durante o beijo delas.

Assim que Velvette estacionou em frente à casa, se atreveu a dar um selinho na Vaggie, que sorriu sem graça. Quando a platinada saiu do carro, praticamente correu pra dentro de casa e fechou a porta. Ela estava complemente chocada por pensar em Charlie durante o beijo, era isso que ela precisava, beijar Charlie.

[...]

Era sábado, e como de costume Vaggie iria fazer maratona de American Horror History com Niffty e Alastor. Apesar das brigas, eles eram irmãos e se amavam, sempre que podiam passavam um tempo juntos e sábado era como um dia sagrado pra ver série.

- Alastor, vai fazer a pipoca. - Vaggie falou descendo o último degrau da escada.

- Por que eu? - Perguntou incrédulo no sofá. - Faz você.

- Mas quem gosta de pipoca é você, idiota.

- Alastor...- Niffty suplicou ao lado dele. - Por favoooor.

- Eu não vou fazer a pipoca. - Falou concentrado no celular.

- Por favorzinho. - Deitou a cabeça no ombro dele. Alastor bufou e se deu por vencido, levantou e foi até a cozinha.

Assim que o irmão mais velho fez a pipoca, Vaggie sentou no sofá e ligou a televisão, colocaram na netflix e começaram a maratona de série.

A campainha começou a tocar loucamente, Alastor e Niffty olharam pra Vaggie, que bufou, deu pause na série e levantou pra abrir a porta.

- Lilith, oi. - Falou simpática ao ver a mulher, ela parecia preocupada e Vaggie se desesperou ao pensar que poderia ter acontecido algo com a Charlie. - O que aconteceu?

- Preciso que vá lá em casa, a Charlie não acorda e com você talvez de certo.

A platinada automaticamente fechou a porta e foi pra casa da Lilith sem chinelo e de pijama, não estava nem aí pra roupa, Charlie não estava bem e precisava de ajuda. Lúcifer esperava as duas com a porta aberta.

- A gente já sacudiu, já gritamos, ameaçamos e ela não acorda de jeito algum. - Lilith falou desesperada quando entraram dentro de casa.

- Calma, vamos dar um jeito. - Vaggie falou subindo a escada, sendo seguida pelos pais apavorados.

Eles entraram no quarto e Charlie continuava na mesma posição, ela estava de olhos fechados e virada pra cima. Vaggie respirou fundo e fez carinho no rosto delicado da loira.

- Charlie, acorda! - Falou um pouco alto. - Vamos, acorda. - Sacudiu ela e nada. - CHARLIE!

A platinada começou a ficar desesperada porque a loira não mexia um músculo se quer.

- Liguem pra ambulância! - Falou olhando Lúcifer e Lilith.

[...]

A ambulância chegou e levaram Charlie pro hospital, lá eles descobriram que a garota tomou remédios demais e iriam fazer uma lavagem em seu estômago.

Não era intensão da loira ficar desse jeito, ela só queria dormir mas seu corpo não reagia nunca com os remédios, então foi tomando até sentir os efeitos e pegar em um sono quase profundo.

Vaggie voltou pra casa e calçou um chinelo, suplicou que sua mãe a levasse no hospital pra ver a Charlie, ela não poderia andar de bicicleta até lá nervosa daquele jeito. Claro que sua mãe ao ver o desespero da filha levou ela até o hospital, e também a acompanhou ao descer.

Vaggie viu Lúcifer e Lilith na sala de espera e correu até eles com sua mãe.

- O que ela tem? - Perguntou roendo os cantos das unhas, em um ato de nervosismo.

- Eles falaram que ela tomou remédios demais noite passada. - Lúcifer falou. - Estão fazendo uma lavagem estomacal.

- Mas ela parecia tão bem ontem à tarde. - A platinada falou triste sentando ao lado deles. - Porque ela faria isso? - Suspirou.

- Não é a primeira vez, Vaggie. - Lilith falou tentando tranquilizar a platinada. - Ela vai ficar bem.

Vaggie estava sem reação com tudo aquilo. Como assim não era a primeira vez, e porque os pais dela estavam tão tranquilos? Isso não deveria ser natural. Ela estava preocupada com a Charlie, não imaginava que aquilo ia acontecer.

O médico apareceu e contou que a paciente já estava melhor, e acordada, falou que ela vomitou muito e estaria fraca pra qualquer atividade, mas amanhã já estava liberada pra ir embora. Vaggie estava tentando processar tudo que havia acontecido, e queria ver logo a loira.

- Dois por vez. - O médico explicou o número de pessoas que era autorizado a visitar o quarto.

- Vai com a Vaggie. - Lilith disse pro marido.

- Não! Você é mãe dela. - Vaggie falou.

- Mas tenho certeza que ela vai ficar mais contente em te ver do que me ver.

A platinada não insistiu muito porque queria ver logo a Charlie, foi até o quarto com Lúcifer enquanto Lute e Lilith conversavam na sala de espera.

Ao entrar no quarto, Vaggie deu um sorriso de lado por ver a loira tão serena de olhos fechados. Ela sabia que Charlie estava acordada, o médico já tinha avisado.

- Char-Char, sou eu.

Charlie imediatamente abriu os olhos e fitou uma Vaggie extremamente preocupada ao lado do leito. Ela queria falar com a platinada mas notou seu pai ali.

- Você está bem? - Perguntou pegando delicadamente na mão da loira, que assentiu entrelaçando seus dedos. - Nunca mais me assuste desse jeito.

Charlie sabia que todos estavam achando que era outra tentativa de suicídio, mas ela queria que Vaggie soubesse que não. Queria que a platinada soubesse que ela tomou os remédios pra dormir e passou da conta nos comprimidos.

Trust Me - ChaggieOnde histórias criam vida. Descubra agora