O lugar era fétido, meus olhos lacrimejavam, as costelas e o pescoço doíam, e cada respiração parecia cravar agulhas em meus pulmões. Onde estava? Quantos dias se passaram desde que fui atacada em minha própria cama?
Trancafiada como um animal, seria, com certeza, a próxima presa. Mas o que fazer quando tudo o que se ouve são os farfalhares de galhos e o som de água correndo? Se ao menos eu soubesse onde estou, se ao menos pudesse ver.
Ainda me sentia machucada e acuada pela forma como fui arrancada da cama no meio da noite, ainda de pijamas e pantufas. Minha situação era, no mínimo, infeliz.
"Mãe!" Eu lembrei de gritar, mas nenhuma resposta foi ouvida. Isso apenas fez com que o brutamontes que me levava apertasse ainda mais forte meus braços e boca, fazendo-me perder a consciência.
Como um animal, era assim que meus captores me tratavam. Nenhuma brecha podia ser vista em minha cela, nem mesmo podia dizer onde estava ou se o lugar tinha ao menos paredes além do metal.
Nunca fiquei tanto tempo fora de casa. Pensava em Estela e se a gata teria ração em seu comedouro, já que mamãe certamente não lembraria da bola de pelos, assim como ela se referia à sua gata mais vezes do que poderia contar.
O medo, as faíscas de raiva, tudo era muito confuso, e me senti estúpida por reagir. Poderia ter ficado quieta e observado para onde me levavam, mas gritei como se fosse meu último dia na Terra. Eu esperava que não fosse.
O homem me agarrou tão forte enquanto apertava meu pescoço. Senti minha reserva de ar sumindo aos poucos e depois não senti mais coisa alguma.
"Elas não vão morrer de fome ou algo assim, Joe?" - escutei um de meus captores.
"E desde quando se importa com as mercadorias, seu idiota?" - respondeu aquele que me capturou naquela noite.
"Se elas morrerem, vão dar mais trabalho. Corpos não desaparecem com tanta facilidade, seu imbecil" - disse o outro sarcasticamente - "Sem falar que não pagam por mercadoria fria."
"Acho que tem umas latas de feijão no carro, são bem magras, menos a loirinha, é claro... acredito que seja o suficiente para as quatro."
Quatro? Havia outras garotas comigo naquele lugar sujo, mas o que eles queriam dizer com mercadoria? Minha cabeça dava voltas e voltas, mas não conseguia chegar a nenhuma conclusão racional.
O feijão frio tinha gosto de lixo, que porcaria era essa e por que tinha aparência estranha? Ótimo, além da tortura psicológica, eles partiriam para a física.
Não tinha como descobrir onde estava e que momento do dia era, mas torcia para que qualquer pista caísse em meu colo, mas o que veio a seguir não era nada do que esperava.
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Bambi- A garota dos ursos
Roman d'amour𝗛𝗮𝗿𝗲́𝗺 𝗿𝗲𝘃𝗲𝗿𝘀𝗼|+𝟭𝟴 "Tessa foi criada por sua mãe como uma boneca de porcelana, longe do mundo e longe das mudanças. A vida em Orion Vale não era a mesma há séculos, onde shifters e magia eram tão comuns quanto andar na rua". Trancafiad...