No fim, é sempre uma mãe sendo acusada, julgada, sobrecarregada.
Infelizmente, em maioria, por outras mães e como mãe, sei bem disso!
Não é fácil criar filho num mundo onde todo mundo sabe ser mãe melhor do que você, mas ao mesmo tempo não cuidam nem da própria vida.
Dá para entender bem a diferença aqui de como tratam PAIS e MÃES quando estes, estão cuidando sozinhos de seus filhos
Eu queria que fosse só uma fic. Mas infelizmente é real e é SEMPRE assim.
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- Meu Deus, você tá queimando em febre meu amor! - Diego, já com três aninhos amanheceu dodói numa quinta
Febre, enjôo, não queria comer, dor pelo corpinho que chorava só de segurar
Roberta estava sozinha, Ramiro havia acabado de sair para trabalhar quando o menino acordou com os olhinhos inchados e a febre
Típico de gripe, a princípio
A madrinha deu banho morno, deu dipirona, nada parecia funcionar e infelizmente, quando a febre bateu 39°, Roberta não quis mais esperar
Não queria atrapalhar o irmão no trabalho, deixar ele preocupado, já que era ela mesmo quem passava o dia todo cuidando do filho dele
Fez uma bolsa com as necessidades do menino, pegou seus documentos e seguiu para o hospital infantil, onde com certeza o gatinho laranja receberia atendimento adequado
Na sala de espera, só tinham mães com outras crianças doentes, de bebês a adolescentes
Pais, só cuidam dos filhos quando estes, estão limpos, saudáveis e de barriga cheia
Sempre foi assim
Ao lado de Roberta, uma senhora olhava a morena, ainda jovem, segurando Diego nos braços e o acalmando, o coitadinho chorava de dor no corpinho
Mas a senhora não olhava para o menino lindo que Roberta ninava no colo. Olhava em específico para a mão esquerda dela, sem nada.
Torceu o nariz, revirou os olhos, e a cada súplica sussurrada de Roberta a Deus para que Diego não tivesse nada demais, a senhora bufavava
- O que eu vou fazer se você tiver algo grave, ein meu amor? - Passava a mão na testa dele, sentindo ela ainda muito quente
- Devia ter pensado nesses riscos antes de ter arrumado filho - A senhora falou para Roberta, que não conseguiu se defender antes que a mulher seguisse falando - Vocês arrumam filho de qualquer um, aí ficam com a coitada da criança sofrendo por aí
A boca de Roberta abria a fechava, não acreditava que estava sofrendo preconceito por ACHAREM que era mãe solo
Que Diego não tinha pai porque...
Aquelas mulheres a olhavam com olhos julgadores e ouviram o comentário podre da senhora, sem a defender e pior, concordando com o pensamento tão nojento
Parecia que nenhuma ali se enxergava. Todas estavam sozinhas com seus filhos aguardando atendimento, preocupadas. Muitas faltaram ao serviço para estar ali, outras não trabalhavam para cuidar dos pequenos
Todas fodidas. Mas o mal de um oprimido é sempre precisar oprimir o outro para se sentir melhor
Roberta sentiu vontade de chorar, jamais imaginou ser julgada por pessoas tão desesperadas quanto a si mesmo para que o filho fosse atendido
Ela queria se justificar, brigar, se defender, mas... Precisava?
Não devia satisfação para ninguém. Mesmo que Diego fosse seu e ela fosse mãe "solteira"
Como as fofoqueiras da cidade pequena falavam naquela época
- DIEGO NEVES - O médico chamou o menino, e Roberta saiu dali focada na saúde dele
Havia um surto de meningite na época, e Roberta só se desesperou mais quando o médico pediu exames e deixou o menino em observação o dia todo naquele dia
As outras mães daquela recepção a olhavam como se fossem superiores, como se uma aliança no dedo fizesse diferença diante do sacrifício que é ser mulher e mãe
Já era fim de tarde quando Ramiro chegou no hospital, não teve jeito, Roberta precisou ligar avisando o irmão, antes que ele chegasse em casa e não a encontrasse com o filho
Imediatamente, ele saiu do trabalho e foi ao infantil, indo parar na observação onde a irmã aguardava com o bebê
- Como ele está? - Abraçou a mulher e quase chorou quando viu seu neném com um engate de soro no bracinho, dormindo
- Ele tá bem, dormiu depois que deram medicação, a febre baixou. Só estou esperando vir o resultado dos exames, ai Ramiro se ele tiver com algo grave? - Escondeu o rosto no peito do irmão, chorando de pavor e se sentindo a pior mãe do mundo
- Shhh não é nada, vai lá na cafeteria e toma um café! Eu fico com ele - Deu um beijo na testa da irmã, a vendo sair para respirar e se acalmar um pouco
- Oi, você é pai dele? - A mesma senhora, que também tinha o filho na observação, se aproximou de Ramiro com um semblante muito diferente do qual teve com Roberta
Sem julgamentos
- Sim, minha irmã cuida dele pra mim trabalhar - Agora fazia sentido...
A mulher sorriu
- Ele não tem mãe? - Ramiro negou - Coitadinho! Parabéns por cuidar do seu menino! Desejo melhoras! Ele tem muita sorte de ter um pai com garra pra criar um filho sozinho!
Roberta segurava um copo de café na porta da observação, só pegou o líquido quente e voltou para lá, não conseguiria ficar muito tempo longe do seu bebê
Seu coração, tatuado com o pezinho dele, sempre lhe disse que era sim, seu filho
Mas vendo as mulheres dali se derretendo pelo irmão com Diego, Roberta aprendeu que há diferença de opiniões entre ser Pai Solo, e Mãe Solteira
Mães sempre seriam atacadas, uma tristeza, na maioria das vezes, por outras mães
Mesmo que Roberta não fosse...
- Eu não crio ele sozinho, eu crio com a minha irmã. Ela é a melhor mãe do mundo! - Ramiro cortou a mulher, sentia de longe uma Maria coturno se aproximando
Ele ainda estava com o uniforme do trabalho, a farda
Seu filho não precisava de mãe. Já tinha.
Por mais poucos minutos aguentaram o clima da sala, e assim que o médico trouxe os exames de Diego, puderam ir embora
Era mesmo, só uma gripe.
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Graças, foi só uma gripe!
E graças, Ramiro nunca foi pai só quando o filho estava bem!
Esperto, nunca deixou nenhuma mulher se aproveitar do seu filho para ganhar posto de esposa
Estão prontas para ver o primeiro dia do Diego na escolinha?
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Baby Di - AU Derivada de Feridas de Combate
FanfictionUma série de oneshots contando o desenvolvimento do Diego de Feridas de Combate, passando por fases enquanto bebê, criança e adolescente, com vivências únicas junto ao pai e a madrinha