Escuridão

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Acharam que não ia ter att hoje é?

Não comigo!

Não tô nos meus melhores dias, tenho um problema de saúde grave que me rende crises de dores no fígado muito fortes e tô tendo desde ontem, então tô escrevendo devagar

Mas como não se confortar com Baby Di?

Era justo o que eu estava precisando de talvez, vocês também. Um conforto pra essa quinta nublada (clima aqui tá uma merda)

Aproveitem o Dieguinho começando a dormir fora da casa

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Diego fez oito aninhos naquela semana, mas seu motivo de alegria não era nenhum dos mil brinquedos que ganhou de Ramiro e Roberta

É, ele era um gatinho laranja mimadinho, tudo o que o menino queria, Ramiro dava feito gado do próprio filho

Mas como não mimar aquele serzinho de luz na vida deles?

Tentar colocar alguém na vida de Diego foi um erro, e Ramiro nunca mais quis dar uma madrasta para seu filho, pois só de pensar em trazer alguém pra vida deles que pudesse afastar ele do seu menino, entrava em pânico

O mesmo pânico que sentiu quando desceu a escadaria de emergência do shopping com medo que tivesse acontecido algo com seu menino, e após aquele susto, quase um ano depois, o sargento apenas estava mais colado ainda no filho!

Mais presente. Mais atencioso.

Ramiro agora, mais viajava para Ponta Porã do que ficava no batalhão dando aulas, às vezes ficando dois meses longe de casa, mas quando estava ali, vivia só pra Diego

Porém apesar de estar de folga naquele fim de semana, sentia o coração miudinho por ver seu filho ansioso para aproveitar o aniversário de um jeito diferente

Seu amiguinho da escola, Eduardo, que agora estava com Diego na segunda série, também fazia aniversário pertinho dele, e por isso, sua mãe convidou Diego para dormir na casa do amigo

Os dois não se desgrudavam na escola, e Eduardo já havia ido alguns sábados à tarde para brincar com Diego na casa dos Neves

Como Ramiro diria não?

Como dizer não para Diego?

O menino sabia fazer um biquinho tão lindo só de ver seu papai parar para pensar, que dobrava Ramiro no mesmo instante

- Por favor, papai, ele ganhou um vídeo game igual ao meu e eu queria ficar lá a noite para jogar até mais tarde! - Diego merecia confiança de Ramiro

Ele era um garotinho muito bem educado, comportado e estudioso, porque não deixar seu filho ir?

- Tá, o papai deixa, mas se comporta, obedece a mamãe do Dudu e se você quiser ir pra casa é só pedir pra ligar a qualquer hora que eu te busco, tá? - Não sabia como Diego reagiria a dormir fora de casa

Nunca dormiu

Nunca teve também um amigo tão grudado como Eduardo, parecia até que eram irmãos!

Os pais do menino adoravam Diego e por isso, se formou um bom clima entre pais e crianças

Uns fazendo favores ao outro. Buscando ou levando da escola, convidando para brincar nos fins de semana...

Diego era uma criança tímida na maioria das vezes, se excluindo das outras crianças, coisa que a professora já tinha comentado com Roberta e Ramiro, até sugerindo que o menino visitasse um psicólogo

Algo que Ramiro estava sim pensando...

Quem sabe com a ajuda de um profissional, Diego se soltasse mais e fizesse mais amizades

Mas não importava. Agora, a única coisa importante era ver Diego todo feliz correndo para seu quarto para fazer uma mochilinha pra ver o amigo naquele sábado

Roberta preparou um bolo de chocolate com casquinha de caramelo pra Diego levar, assim como um presente pro amiguinho, e após o almoço no  sábado, o sargento colocou o filho no carro para levar até a casa de Eduardo

- Quando eu vou poder ir na frente, papai? - Diego perguntava enquanto Ramiro aguardava o sinal do semáforo abrir

- Só quando fizer doze anos, filho - O que na época era permitido

- Falta muito! - Bufou e cruzou os bracinhos com tédio

Parecia ser tão legal ia na frente do jeep do pai

- Que nada, você vai ver como vai passar voando! - Ramiro queria que fosse bem lento... - Chegamos, vem!

O moreno desceu do carro, destravando a porta de segurança para crianças que só abria por fora e vendo Diego todo independente descendo do carro sozinho

Ele não queria mais ajuda do pai para pular o degrau do SUV

Principalmente quando estava junto do amiguinho, que já corria no portão para receber Diego e sumirem no quarto de brinquedos, se esquecendo do mundo ao seu redor

- Oi, Rafaela, tudo bem? - Ramiro cumprimentou a mãe de Eduardo que veio ajudar a pegar as coisas de Diego

- Ainda bem que o Di veio, o Dudu não parava de falar nele! - Estendeu a mão para pegar a mochilinha de Diego com pijama e o bolo de Roberta

- O Diego também está muito empolgado, mas é a primeira vez dele dormindo fora de casa, fico preocupado! - Ainda com o carro aberto, retirou o presente de Eduardo - Espero que ele goste, dê os meus parabéns pro Dudu!

- Não precisava, Ramiro! Que gentileza, muito obrigado! - Mais uma mãe agradecendo por receber roupas além de brinquedo pro filho - Fica tranquilo com o Diego, vou cuidar bem dele!

- Eu sei, qualquer coisa me liga! - A mulher assentiu e se despediu de Ramiro ali no portão

Só no fim da tarde os meninos apareceram sujos de tanto brincar para comer o bolo, cantar parabéns para Eduardo, seguir a noite vendo filmes, jogando vídeo game, até que Rafaela colocasse o colchão no chão no quarto de Eduardo pra que Diego dormisse

Agora sim, o ruivo sentia um frio na barriga

Não era seu quarto. Não era a rotina da sua família.

Não tinha sua mãe ali pra dar colo até ele dormir, mas ele já era um homem, não tinha que dormir no colo da mãe

Mas foi inevitável sentir falta

Começou a hiperventilar quando deitou no escuro e olhou pro teto, deixando o medo se apoderar de seu corpo e não conseguia fechar os olhos

Cada cantinho escuro do quarto parecia que tinha olhos olhando para si, parecia que tinha monstros o observando e...

- Di? - Eduardo se virou na cama em direção ao colchão no chão - Você não consegue dormir?

- Eu tô com medo, Dudu - Confessou ao amiguinho

Nunca tinham vergonha de falar nada entre eles

- Dá sua mão aqui, eu te protejo! - O menino esticou a mão para Diego e foi o suficiente para acalmar o ruivo

- Obrigado, Dudu! - Parecia ser bem melhor agora

E foi por muitas noites que os amigos dormiram assim nos fins de semana em que brincavam até tarde

Até dois anos mais tarde, uma nova amiguinha chegar entre eles.

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É gente, Diego tá crescendo (não aceito)

Prontas para ver quando começou a fissura dele por histórias de terror?

E por falar em terror, LEIAM Elleguér!

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Baby Di - AU Derivada de Feridas de Combate Onde histórias criam vida. Descubra agora