Posso confiar em você?

23 - Sorvetes e flores.

 ─ Como eu tô? – Elídio questionou pela terceira ou quarta vez para os 4 garotos. Eles estavam perto da entrada da sorveteria esperando por Daniel. Era um domingo ensolarado e bonito, mas felizmente o horário que eles estavam ali era mais tranquilo, com menos pessoas.

Elídio usava uma roupa normal: uma camiseta colorida de manga curta, uma bermuda jeans e tênis pretos – que era o mesmo que usava na escola –. Estava basicamente vestido como se veste sempre, a diferença estava na sua cabeça, mais especificamente nos seus cabelos que ao invés de estarem presos em um rabo de cavalo, os fios macios e cheirosos estavam soltos; Elídio apenas usava uma simples tiara preta para que os cabelos não atrapalhassem sua visão ou fossem incomodá-lo na hora de comer.

Elídio realmente havia guardado com muito carinho tanto na sua memória, quanto no seu coração as informações que saíram da boca de Daniel: no dia que estavam discutindo sobre o trabalho em grupo na casa de Elídio, Daniel disse "o seu cabelo é muito bonito..." e "deveria usá-lo solto mais vezes. combina com você." Então querendo demonstrar para Daniel o quão feliz ele ficou com o elogio, Elídio decidiu usá-lo solto, apenas com a tiara de acessório.

─ Nervoso. – foi Guilherme quem respondeu dessa vez.

─ Pela milésima vez, Lico, você tá lindo! – Anderson exclamou outra vez.

─ Engraçado que sempre falamos pra você usar mais seu cabelo solto e tal e você nunca escutou a gente... Agora foi só o Daniel comentar algo e você vai lá e faz, né? – foi Eduardo quem comentou num tom brincalhão. De fato, era verdade. – Você realmente tá caidinho por ele, né? – disse com a voz carinhosa dessa vez, sorrindo com o sorriso tímido que recebeu junto de um mexer de cabeça de Elídio, assentindo.

─ Caidinho? O Lico tá é de quatro por ele! Só falta abanar o rabo e dizer au au quando ele chegar! – Marco falou sem pensar, fazendo o casal e Guilherme rirem alto. E o medo que Elídio tivesse ficado ofendido, magoado ou algo assim passou completamente quando viu que até ele ria, comentando algo como "é, não tenho argumentos", fazendo Marco ficar calmo, rindo também.

─ Mas falando sério, Lico... – Anderson chamou após alguns segundos de risadas pela fala de Marco. – Você realmente tá lindo, mas tá nervoso. – Elídio suspirou pesadamente. – Tenta ficar calmo, porque é certeza que o Dani tá nervoso também, então se vocês dois estiverem nervosos, já era. – disse. – E olha... Ele tá quase chegando... – comentou ao avistá-lo de longe e Elídio abriu bem os olhos, surpreso e nervoso. – Nós vamos entrando pra pegar uma mesa... – Anderson soltou a mão do namorado por um segundo, colocando ambas as mãos nos ombros de Elídio, olhando nos olhos dele. – Lico, relaxa! É apenas o Daniel. Só seja você mesmo como você é na escola. Consegue fazer isso? – Elídio assentiu. – Vai dar tudo certo, confia! – soltou os ombros dele, voltando a entrelaçar a mão na do namorado.

Em seguida, o casal entrou no estabelecimento, seguidos de Guilherme e Marco. Elídio respirou fundo mais algumas vezes. Ele precisava se acalmar para que Daniel ficasse calmo também.

Distraído tentando se tranquilizar sozinho, Elídio não percebeu quando Daniel parou na sua frente, este que ficou tão feliz ao ver o garoto com os cabelos soltos. Daniel realmente o achou ainda mais bonito assim. E Daniel ao perceber que ele parecia desatento e não notou sua presença, resolveu se pronunciar primeiro.

─ É... oi, Lico. – disse baixo, porém alto o suficiente para que Elídio escutasse, que finalmente voltou a Terra, piscando algumas vezes para de fato acordar.

─ Oi, Dani! – exclamou contente, tentando muito não demostrar o quão nervoso estava. – Você tá lindo demais! – elogiou sincero, sorrindo doce com as bochechas coradas e um pequeno e tímido sorriso que ganhou de Daniel.