Aranha

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Porra de novo! Filha da puta andando em cima de mim. Acordei com o pescoço arrepiado de como ela era enorme. Estava assustada comigo e eu assustado com ela também. Terminou o pesadelo com ela me mordendo. Desgraçada!

Levantei puto e assustado ainda, com nojo.

Fui abrir a janela depois de acender a luz e encontrar o maço de cigarro, a merda do pesadelo era lúcido, pra foder mesmo comigo. Sempre acontece alguma bosta no dia seguinte, apesar de agora ainda ser madrugada. Aí eu já fumo pra terminar de me foder logo.

Pelo menos fumar vai me acalmando aos poucos, isso até o dia que me acalmar pra sempre né. É foda mesmo viu.

Busquei refúgio na minha futura morte, como ela tava gostosa. Depois de umas tragadas eu soltei a fumaça pela noite fresca e aos poucos fui me acalmando mesmo e depois de uns bons minutos comecei a rir lembrando da história do Marcus. Tive o desprazer de estudar com aquele nojento e a turminha dele. Foi mexer com a mina errada e se fodeu, tava precisando mesmo.

Eu fui morar um pouco longe da Cidade Luz, mas sempre tive curiosidade por aquele lugar. Ela começava a me seguir sempre que fazia planos de ir pra lá, me visitava por umas noites, uma semana, ou igual agora, de uma vez e me mordendo ainda. Quando me contaram a história do Marcus eu sonhei com ela descendo da teia em minha direção, e depois desse pesadelo mais recente eu nem quero tentar dormir de novo.

Resolvi colar na festa de Ano Novo, duas e meia da madrugada e eu já estou andando pelo centro, ainda passando a mão no pescoço quando lembro da mordida. Mais algumas quadras e esse último cigarro e eu já vou chegar.

Mandaram mensagem nove da noite e eu nem vi, morando sozinho há poucos meses e me adaptando ainda ao centro, essa festa vai ajudar, perto da porta já vi uns três chapado caído e música bombando. Chapado ela não vem atrás de mim.

Quando entrei fui atrás de bebida, talvez nem tivessem notado minha chegada, fui meio de repente também. Arranjei um Gin com suco e mal consegui andar pela festa quando aquela mulher chegou.

Linda, perfumada e frenética, só me dei conta do que tinha acontecido quando acabou aquele beijo. Reparei melhor nos traços dela quando afastou o rosto e como ela era maravilhosa, no pouco tempo que tive me embriaguei com o cheiro de lavanda e quando voltamos a nos beijar ela também beijou meu pescoço. Fiz a gentileza de retribuir e depois ela saiu pra outro canto da casa.

Ela era maravilhosamente mais alta e acho que foi um dos toques especiais.

Agora que eu fiquei mais animado fui atrás da Mônica que tinha me mandado aquelas mensagens de antes, me chamando pra cá e tal. Como não achei ela em canto nenhum, fiquei bebendo por uma meia hora, quarenta minutos. Depois fui embora.

Recebi a notícia da morte deles às 7h da manhã seguinte.

Sonhei com a porra da aranha de novo.

Parabéns Você Morreu Onde histórias criam vida. Descubra agora