___Estão querendo lhe adotar.
Jamais pensei que ouviria essa frase em toda a minha vida. Na minha infância, eu havia desejado tanto por isso que, por um momento, achei que estivesse sonhando. De novo.
Mas aquela não era a voz dos meus sonhos.
Era a voz áspera da Sra. Margareth, com uma nota de decepção da qual jamais havia nos poupado.___ Eu?___ Perguntei com um fio de voz, incrédulo. Ela me olhou franzido o senho.
___ Sim.
___ A senhora tem certeza?
Senhora Margareth me lançou um olhar que me fez encolher os ombros na mesma hora, acanhado.___ Ficou surdo agora, garoto?___ vociferou, irritada___ Ou por acaso acha que estou caducando?
Com os olhos arregalados, tratei logo de balançar a cabeça para os lados, negando.Não era possível. Não podia ser.
Ninguém queria os mais velhos, jamais,
por qualquer que fosse o motivo… Era um fato. Era mais ou menos como acontecia nos canis: todo mundo queria os filhotes, porque eram fofinhos, inocentes, fáceis de adestrar; ninguém queria os cachorros que passaram a vida inteira ali.Não foi uma verdade que eu, criado debaixo daquele teto, tive facilidade de aceitar.Enquanto éramos pequenos, pelo menos reparavam em nós, más, a medida que íamos crescendo, os olhares foram ficando cada vez mais desinteressados e com menos compaixão. Mas agora...___ A Sra. Valjean quer conversar com você. Está te esperando lá embaixo. Não faça besteira, tente não estragar tudo e, talvez, com um pouco de sorte, consiga ir embora daqui.
Minha mente estava uma completa bagunça. Enquanto descia as escadas, me perguntei mais uma vez se tudo isso não passava de um dos meus inúmeros devaneios. Só podia ser um sonho.
Ao pé das escadas, fui recebido por um sorriso gentil. Pertencia a uma mulher um pouco mais velha.
___ Oi, me chamo Anna___disse, com a voz aveludada, suavizada pelo passar dos anos, e eu a observava com fascínio; me perguntei se era possível ser conquistado por um som ou se apegar a algo que tinha acabado de ouvir pela primeira vez.
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A Lenda Do Fabricante De Lágrimas ( VERSÃO JIKOOK )
FanfictionNo lugar a qual eu vivia, sempre nos contavam várias histórias; contos de ninar, histórias de terror, lendas e várias outras, entre elas a mais conhecida era a do fabricante de lágrimas. Nela falava de um mundo onde ninguém chorava, todos eram despi...