No lugar a qual eu vivia, sempre nos contavam várias histórias; contos de ninar, histórias de terror, lendas e várias outras, entre elas a mais conhecida era a do fabricante de lágrimas. Nela falava de um mundo onde ninguém chorava, todos eram despi...
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Jungkook me desestabilizava.
Durante dois dias, não consegui me livrar daquela sensação. A sensação de tê-lo misturado ao meu sangue. Às vezes, eu tinha certeza de que sabia tudo sobre ele. Em outras, eram tantas as áreas de sombra que o conste lavam que eu me convencia do contrário.
Jungkook era como uma fera elegante vestida com um manto bonito; por dentro, porém, escondia uma alma selvagem e imprevisível, às vezes assustadora, que o tornava inacessível a todos.
Por outro lado, ele sempre tinha feito de tudo para me impedir de compreendê-lo: a cada vez que eu chegava perto de mais, Jungkook me mordia com palavras e rosnava para que eu ficasse longe, como tinha feito naquela noite na cozinha.
Mas então aconteciam certas situações, ilógicas e contraditórias, e eu não conseguia explicar o comportamento dele. Ele me confundia, me incomodava. Era traiçoeiro, e seria melhor se eu tivesse seguido o aviso dele: ficar longe.
Tirando a minha relação com ele, não dava para dizer que as coisas não estavam indo bem. Eu adorava a minha nova família. Norman tinha uma ternura de sajeitada e Anna cada vez se parecia mais com o sonho que eu imaginara tantas vezes na infância. Era maternal, esperta, atenciosa e sempre se preocupava com a minha alimentação e o meu bem-estar.
Eu já sabia que era muito magro, que não tinha a tez rosada e saudável das outras pessoas da minha idade, mas não estava acostumado com esse tipo de atenção.
Ela era uma mãe de verdade e, embora eu não tivesse coragem de lhe dizer, eu estava me afeiçoando a ela como se já fosse "minha".
O menino que, anos antes, sonhava em abraçar o céu e encontrar alguém que o libertasse, agora olhava para aquela realidade com olhos encantados.
Será que eu conseguiria não acabar perdendo tudo?
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Depois de mais uma tarde de lições de casa, saí do meu quarto. Eu estudava muito e fazia questão de ser ótimo. Além disso, queria que Anna e Norman ficassem orgulhosos de mim.
